Conflito no Sudão coloca em risco milhares de refugiados

NAIROBI, Quênia, 9 de dezembro (ACNUR) – O Alto Comissariado da ONU para Refugiados (ACNUR) afirmou estar preocupado com cerca de 20 mil refugiados no Sudão do Sul, os quais estão em situação de crescente risco na medida em que o conflito se aproxima da fronteira do Sudão.

A porta-voz da organização, Melissa Fleming, disse que enquanto os enfrentamentos militares na região fronteiriça de Jau ainda não afetou diretamente os campos de refugiados em Yida, temores de um ataque levaram alguns refugiados a fugir para a floresta. “A crescente insegurança também afetou o acesso humanitário e o fluxo da ajuda de emergência, interrompendo repetidamente a assistência em Yida”, disse aos jornalistas em Genebra.

O ACNUR continua trabalhando com seus parceiros em Yida para prover ajuda emergencial como alimentos, água e cuidados médicos para os refugiados que fugiram nos últimos meses do estado sudanês de Cordofão do Sul.  Entre 60 e 110 pessoas continuam chegando diariamente a Yida.

“Tememos que o conflito alcance Yida, localidade que foi atingida por bombardeios aéreos em novembro. O ACNUR está acelerando seus esforços de retirar os refugiados da instável região de fronteira, realocando-os em locais mais ao interior do Sudão do Sul e que ofereçam maior segurança e assistência”, disse Fleming.

Até agora, a maioria dos refugiados se mostrou relutante a deixar Yida e a se mudar para um local ainda mais distante de suas casas no Sudão. Também estão preocupados com o risco de minas terrestres nas estradas do interior do país. Para garantir uma travessia segura, o Centro de Ação contra Minas da ONU está mapeando e limpando a área. “Esperamos realocar o primeiro grupo de refugiados interessados em breve”, observou Fleming.

Enquanto isso, na parte leste do Sudão do Sul, refugiados continuam chegando a uma média de 650 por dia após fugirem o estado sudanês de Nilo Azul. Um grupo de 10 mil refugiados foi recentemente identificado próximo ao município de Maban, no Estado de Alto Nilo, no Sudão do Sul.

Acredita-se que milhares ainda estejam presos em localidades remotas ao longo da fronteira. O ACNUR e seus parceiros estão trabalhando em um novo campo de refugiados em Maban para acomodar essas pessoas. Além disso, o campo de Doro já abriga 20 mil refugiados recém chegados de Nilo Azul.

Nos últimos meses, o Sudão do Sul recebeu mais de 50 mil refugiados dos estados sudaneses de Nilo Azul e Cordofão do Sul.

A vizinha Etiópia recebeu aproximadamente 33 mil refugiados sudaneses desde junho, sendo que a grande maioria provém da região de Nilo Azul. Isso incluiu mais de 18 mil recém-chegados que foram abrigados em dois campos e em um centro de trânsito, e outros 14 mil que vivem em comunidades de acolhida nas áreas fronteiriças. Juntamente com as autoridades do país, o ACNUR está expandindo os campos de refugiados existentes para realocar os refugiados que vivem com famílias locais.