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Congoleses representam atualmente a maioria dos refugiados no Rio de Janeiro

Comunicados à imprensa

Congoleses representam atualmente a maioria dos refugiados no Rio de Janeiro

Congoleses representam atualmente a maioria dos refugiados no Rio de JaneiroOs congoleses e congolesas representam atualmente o maior grupo de refugiados no Estado do Rio de Janeiro, com 116 chegadas registradas no primeiro trimestre de 2016.
22 Abril 2016

 

RIO DE JANEIRO, 22 de abril de 2016 (ACNUR) – Os congoleses e congolesas representam atualmente o maior grupo de refugiados no Estado do Rio de Janeiro, com 116 chegadas registradas no primeiro trimestre de 2016, o que representa 55% do total. É o que revelam os dados divulgados pela Caritas Arquidiocesana do Rio de Janeiro (CARJ) na última terça-feira, dia 19 de abril, em cerimônia que comemorou os 40 anos de atuação da organização junto a estrangeiros vítimas de perseguições por motivos variados como raça, nacionalidade, religião, opinião política e por violações de direitos humanos.

Se entre os anos de 1990 e 2005 os angolanos representaram o maior fluxo de refugiados para o Brasil como consequência da guerra civil daquele país, a partir de meados da primeira década do século 21, esse fluxo diminuiu paulatinamente. Em 2012, em decorrência de uma orientação do ACNUR sobre a cessação das razões de refúgio relacionadas ao conflito armado no país africano, o governo buscou uma solução migratória para os refugiados angolanos que haviam sido reconhecidos, concedendo o visto de permanência.

Por outro lado, outros fluxos de solicitantes de refúgio se tornaram expressivos, principalmente os originários da República Democrática do Congo (RDC). Constata-se atualmente que os congoleses superam todas as outras nacionalidades no que diz respeito às novas chegadas. Enquanto em 2014 eles representavam 36% do total de estrangeiros que haviam solicitado refúgio no Estado do Rio de Janeiro, no ano passado esse número subiu para quase 40%. No primeiro trimestre de 2016, mais da metade das novas chegadas (55%) foram de nacionais da RDC.

Até dezembro de 2015, contabilizou-se um total de 6.521 pessoas entre refugiados (4.111) e solicitantes de refúgio (2.410). Do total geral de refugiados reconhecidos no Rio de Janeiro, Angola ainda detém o maior contingente de pessoas pela série histórica acumulada, com 2.311 refugiados ou 56% do total, seguido pelos nacionais da RDC (808 pessoas que representam aproximadamente 20% do total) e pelos colombianos (320 pessoas e cerca de 8% do total). Já no que se refere aos solicitantes de refúgio no Rio de Janeiro, os congoleses somam a maioria, com exatos 500 pedidos de refúgio (aproximadamente 21% do total), seguidos pelos nacionais de Bangladesh (463 ou 19%), do Senegal (314 ou exatos 13%) e da Síria (175 solicitantes que representam 7% do total).

O perfil dos solicitantes de refúgio e refugiados é composto majoritariamente por homens (4.461, enquanto as mulheres somam 2.060 pessoas) entre 35 e 65 anos (50% do total são desta faixa etária). Ainda assim, evidencia-se ao longo dos últimos anos um expressivo crescimento de mulheres que passaram de 30% em 2014 para 40% em 2015 e 50% no primeiro trimestre de 2016, revelando uma crescente tendência.

A refugiada Mireille Muluila é entrevistada pelos veículos de comunicação após a divulgação dos dados sobre os refugiados no Estado do Rio de Janeiro.
Sobre as chegadas ao Estado do Rio de Janeiro apenas no primeiro trimestre de 2016, houve um total de 210 pessoas, sendo que 55% destas sãos provenientes da RDC, 20% são originárias de Angola e 6% da Venezuela, seguidos por sírios (5%) e afegãos (3%). Os dados completos da pesquisa podem ser acessados clicando aqui.

A refugiada Mireille Muluila, da RDC, participou da coletiva de imprensa e compartilhou sua história: "minha vida era boa no Congo, junto a minha família. Mas um dia, quando eu voltei para casa depois do trabalho, um grupo rebelde estava lá dentro e ouvi minha tia chorando, mas nada pude fazer. Essa história é a minha, mas não é a única e não acontece só em meu país. Em nome de todos os refugiados, gostaria de agradecer muito à Cáritas, ao Acnur e ao governo brasileiro por permitir que eu possa viver aqui em paz e com dignidade".

Apoiado pelo ACNUR desde o primeiro momento, o Programa de Atendimento a Refugiados e Solicitantes de Refúgio da Cáritas RJ hoje tem o respaldo do Ministério da Justiça e conta com a parceria de diversos órgãos, ONGs e instituições, atendendo pessoas de mais de 60 nacionalidades. Para o Representante do Acnur no Brasil, Agni Castro Pita, "se me perguntarem qual a palavra que pode definir o trabalho da Caritas ao longo destes 40 anos, direi seguramente 'esperança'. Há ainda muito a ser feito em prol dos refugiados no Brasil e no mundo, mas é por meio de parcerias como estas, entre o ACNUR e a Cáritas, que resultados efetivos são colhidos".

Para Dom Orani Tempesta, "ser acolhido com dignidade e fraternalmente está na base da Caritas, assim como está na raiz da solidariedade do povo brasileiro. Os refugiados são pessoas como qualquer outra e devem assim ser tratados, com respeito às suas particularidades e com reconhecimento de seus valores essencialmente humanos". A dignidade e o respeito humano também integram o papel das políticas públicas brasileiras, conforme ressaltado pelo diretor do Departamento de Estrangeiros do Ministério da Justiça, João Guilherme Granja, em seu discurso: "há uma série de iniciativas que colocam o Brasil como um país de referência de acolhida e integração social dos refugiados, personalizando o atendimento e contribuindo para um projeto de construção da dignidade humana".

Por Miguel Pachioni, do Rio de Janeiro (RJ).