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Costa Rica: Refugiada lidera centro de atendimento a crianças

Comunicados à imprensa

Costa Rica: Refugiada lidera centro de atendimento a crianças

Costa Rica: Refugiada lidera centro de atendimento a criançasJacqueline, refugiada na Costa Rica, lidera um centro comunitário que oferece apoio a pais de crianças menores de 6 anos refugiados, imigrantes e costarriquenhos vulneráveis.
30 Março 2012

 

SAN JOSÉ, Costa Rica, 30 de março (ACNUR) - Jacqueline me recebe com um rosto sereno, entre as 28 crianças que dormem no Centro de Atenção Integral “Amiguitos de Infancia”, dirigido por ela. Eu sussurro, ela fala normalmente, e as crianças seguem dormindo enquanto Jacqueline conta que chegou ao país há 11 anos, fugindo da violência na Colômbia.

Esta refugiada de 47 anos diz que queria ir a um país da América Latina onde se falasse o espanhol, e que foi assim que surgiu a ideia de fugir para a Costa Rica.

“Nossa vida mudou de uma hora para outra. Passamos de dormir em nossas camas a estar no chão, em sacos de dormir. As crianças, que estudavam em uma escola grande e reconhecida na Colômbia, mudaram para a escolinha pública da comunidade”, explica Jacqueline.

“Podem parecer coisas sem importância, mas naquele momento isso nos impactou. Escutar meus filhos me perguntando por quê as coisas não eram como na Colômbia me afetou.”

Jacqueline é educadora por formação, mas quando decidiu deixar seu país natal já não exercia a profissão. Cuidava dos filhos, que tinham, na época, 5 e 7 anos de idade.

Após três anos na Costa Rica, o salário do marido ficou pequeno para sustentar as despesas da família de quatro integrantes.

“Um dia a ACAI (parceira do ACNUR na Costa Rica) me ligou. Me perguntaram se eu queria gerenciar um lar comunitário. Eu respondi que sim, e desliguei o telefone sem entender muito bem as implicações disso”, explica Jacqueline, um pouco nervosa, ao se lembrar dessa ligação que mudaria sua vida.

Com dinheiro do Fundo Julia Taft, da Embaixada dos Estados Unidos na Costa Rica, a ACAI iniciou o projeto de lares comunitários em 2005, com apoio do escritório do Alto Comissariados das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR).

Segundo Kristin Halvorsen, Oficial de Soluções Duradouras do ACNUR, a iniciativa busca dar apoio aos pais de crianças menores de 6 anos, refugiadas, imigrantes ou costarriquenhos vulneráveis.

Outras instituições governamentias, como a Universidade da Costa Rica (UCR) e o Instituto Mixto de Ajuda Social, foram a chave para a formulação do projeto e para localizar famílias de baixa renda que poderiam se beneficiar do serviço.

Desta maneira, em 2005, três lares comunitários começaram a funcionar. Desses três, dois ainda existem: um na provícia de Heredia e o outro em Sabanilla de San José, liderado por Jacqueline.

No último ano, ela adaptou o que era sua casa ao lar comunitário, e o converteu em um Centro de Atenção Integral, que se encarrega não só dos cuidados com os menores, mas também incorpora conteúdo educativos.

 “Com ajuda da UCR, já temos aulas de francês e inglês. Estudantes da Universidad Santa Paula visitam o centro regularmente e realizam com as crianças terapia de fala.

“Esse é um exemplo de êxito em dois sentidos: para as família que recebem o serviço, que melhoram sua autossuficiência e a relação com outras culturas, assim como para a família da cuidadora, que chegou, inclusive, a compra a casa onde atende as crianças”, explicou Mayra Fernández, subdiretora da ACAI.

Cada criança guarda o colchãozinho onde dorme. Jacqueline me pede que a acompanhe até o berço do bebê de 11 meses, que se agita emocionado ao vê-la. Ela o pega no colo e, juntas, vamos ao encontro de uma menina com Síndrome de Down, que me dá a mão. “Ela está conosco há dois anos”, conta Jacqueline, com um sorriso.

As outras crianças já estão sentadas em silêncio esperando a professora. Jacqueline canta uma música e pede a cada um que se apresente. Todos se apresentam, em francês: “Je m’appelle Camille…”

O projeto do Centro de Atenção Integral marcou a vida da família desta refugiada. “Minha família me deu apoio incondicional”, diz, “como somos quatro, eu sempre digo que somos 4x4, podemos tudo”.

Conforme o projeto foi se consolidando, também cresceu o apego ao novo país.

No ano passado, quando o projeto de ampliar o lar comunitário foi concluído e este virou um centro de atenção integral, a família se mudou para uma casa maior.

Jacqeline nunca esquecerá o que seu filho disse quando conheceu a nova casa: “Mãe, olha essa casa! É tão linda como a nossa na Colômbia”.

Por Andrea Vásquez em San José, Costa Rica