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Crianças indígenas refugiadas recebem materiais escolares doados pelo ACNUR

Comunicados à imprensa

Crianças indígenas refugiadas recebem materiais escolares doados pelo ACNUR

25 Setembro 2019
Jovens e crianças da comunidade foram beneficiados pela doação © ACNUR/Maria Carolina Baú

Às 7h30 da manhã, os primeiros raios de sol invadem as frestas de madeira na escola municipal da aldeia de Tarau Paru, próxima de Pacaraima. As crianças, maioria refugiadas indígenas venezuelanas, se preparam para o inicio da aula. O chão ainda é batido e algumas cadeiras são improvisadas, mas nada disso tira o entusiasmo das que ali chegam para estudar.

Há mais de dois anos, bancos de madeira são o suficiente para que a aula ocorra nos três turnos da escola. Mas em busca de melhorar a qualidade de ensino, 160 mesas e cadeiras foram doadas às aldeias de Tarau Paru, Bananal, Ingarumã e Arai, para auxiliar no conforto e nos estudos dos jovens e crianças da comunidade. O projeto faz parte do Grupo de Trabalho de Educação de Pacaraima, criado por iniciativa da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) e que apoia o munícipio de Pacaraima na educação.

A escola municipal de Tarau Paru se divide em duas salas de aula: uma para os pequenos, do 1º ao 4º ano, e outras para os jovens, do 5º ao 9º. Os materiais permanentes doados pelo ACNUR ajudaram a suprir a necessidade da comunidade em atender o aumento da demanda relacionada ao fluxo de refugiados e migrantes venezuelanos. Mesmo assim, para centenas de jovens matriculados, o futuro é incerto. Ainda não há suporte para que os alunos frequentem o ensino Médio. Os que terminam o 9º ano precisam partir para Pacaraima em busca de novas oportunidades de estudo.

160 mesas e cadeiras foram doadas às aldeias de Tarau Paru, Bananal, Ingarumã e Arai © ACNUR/Maria Carolina Baú

Mesmo que a chegada dos materiais ainda não supra as necessidades de todas as aldeias, elas continuam sendo um avanço importante para o desenvolvimento do local. Estima-se que os próximos passos sejam a criação de novos espaços físicos para abrigar os alunos e garantir que nenhum deles seja deixado para trás. Para Irismei de Magalhães, professora na comunidade há dois anos, era difícil ver os alunos sentados em um banco de madeira para assistir as aulas. “Eu tinha dificuldade para passar atividades pois os alunos não tinham onde escrever. Com a chegada dos materiais, eles já conseguem desenvolver as tarefas com mais qualidade”.

A vontade e a dedicação dos alunos fazem toda a diferença nas aulas. Como é o caso de Boris Bolivar, um jovem nascido em uma comunidade indígena de Santa Helena, que precisou sair da Venezuela devido aos frequentes confrontos entre as aldeias. Refugiado na aldeia há seis meses, ele faz parte da turma de Ensino de Jovens e Adultos (EJA) e frequenta assiduamente a escola no período noturno. “Quando eu cheguei na comunidade de Tarau Paru fui muito bem recebido! Assim que soube da escola, me matriculei. Além de
aprender o português, essa é a minha chance de ter um futuro melhor”, afirma.

Assim como ele, Ariani veio de Santa Helena e também sonha com o futuro. Há oito anos estabelecida na comunidade, o estudo é o que a deixa mais animada. Com três idiomas na ponta da língua (Português, Espanhol e Taurepan), está no último ano da escola. “As mesas e cadeiras ajudaram muito, pois tínhamos muita dificuldade em escrever e estudar nos bancos improvisados. Agora é torcer para que a gente possa continuar estudando.”

O Projeto Integrado de Educação e Proteção da Criança e do Adolescente conta com o apoio financeiro da União Europeia, que tem contribuído para o fortalecimento da resposta aos venezuelanos na região norte do Brasil, com projetos que promovem a inclusão e a convivência pacífica dessas pessoas com a comunidade local, oferecendo proteção a crianças e outras pessoas em situação de vulnerabilidade.

De acordo com o Relatório de Educação do ACNUR, cerca de 3,7 milhões de crianças refugiadas estão fora da escola. Com o apoio da Agência e da comunidade local, elas têm a oportunidade de mudar de vida. Mesmo que o caminho ainda seja longo, a procura por autonomia e um futuro digno é um sonho comum. A educação é a via mais segura para recuperar as esperanças e a dignidade após o trauma do deslocamento. Com uma sala de aula bem estruturada e professores empenhados, um lápis e um caderno podem ser o suficiente para escrever o futuro de cada uma delas.