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Dançando pela paz: crianças refugiadas mostram sua garra em Quito

Comunicados à imprensa

Dançando pela paz: crianças refugiadas mostram sua garra em Quito

Dançando pela paz: crianças refugiadas mostram sua garra em QuitoElas são inquietas, gritam, se emocionam, brincam, cantam, dançam e correm. Crianças como Jesenia, Ivette, María, Daniel, Pipe, Michael ou Danny são, simplesmente, crianças.
3 Setembro 2014

QUITO, Equador, 3 de setembro de 2014 (ACNUR) – Elas são inquietas, gritam, se emocionam, brincam, cantam, dançam e correm. Crianças como Jesenia, Ivette, María, Daniel, Pipe, Michael ou Danny são, simplesmente, crianças. Hoje dançam ao ritmo de uma canção multilíngue, enquanto Quito os observa ao fundo. E enquanto dançam não se nota que tiveram de deixar suas casas, seus amigos, família e escolas em busca da segurança de outro país.

“Olhe, minha mão ficou verde! Parece que tenho sangue de monstro”, diz Pipe enquanto desenha cachorros, pessoas, uma pomba e cartazes que dizem “Equador Terra de Paz”, em uma grande tela.

Estas crianças parecem felizes, criativas e brincalhonas. Nada faria pensar que, como os 23% da população refugiada no Equador que tem menos de 18 anos, precisaram sair da Colômbia fugindo da perseguição, do perigo, das ameaças. Hoje dançam graças à iniciativa Dance4Peace (Dance pela Paz), que através do programa Crianças da Paz, iniciativa do Departamento de Ajuda Humanitária e Proteção Civil da União Europeia (ECHO, em inglês), os convida a dançar, pintar e expressar-se, lembrando-nos que crianças são crianças. Longe das guerras e fronteiras. E que têm direito à paz, segurança, educação e diversão.

Graças ao apoio da ECHO e do ACNUR no Equador, cerca de 4 mil crianças e adolescentes em situação de refúgio puderam ser ajudadas durante os últimos anos. Ajuda que tem permitido melhorar as instalações de educação, desenvolver ações para favorecer a cultura e a paz, e também ações para permitir que estas crianças submetidas à imensa pressão pelo desenraizamento, o medo, as dificuldades de integração, possam continuar sentindo-se crianças.

“O fato das crianças seguirem sendo crianças, frequentarem a escola, serem integrados a seus bairros, é um elemento chave para o futuro” explica John Fredrikson, Representante do ACNUR no Equador. “Através de diferentes estudos, sabemos que a permanência dos meninos, meninas e adolescentes refugiados no sistema escolar é menor que a de crianças equatorianas. Isso faz com que seja fundamental o aumento dos esforços para que os refugiados possam exercer seu direito à infância”, completa.

Enquanto Ivette mexe feliz em uma cadeira e agita o lenço que trouxe especialmente para o baile, Jesenia repete ritmicamente a coreografia que em cinco regiões do mundo, da África ao Oriente Médio, será dançada por crianças diferentes. Michael está preocupado com os passos enquanto Pipe ensina os movimentos corretos.

Depois de tudo o que passaram e tudo o que têm de lidar, estas crianças e seus pais fizeram desta dança e sua musica uma oportunidade para deixar de lado, ao menos por algumas horas, as preocupações sobre o acesso ao trabalho, sobre como manter a estabilidade laboral, sobre os medos que atravessam países e quilômetros. “Queremos mostrar que apesar de tudo o que sofremos, queremos seguir em frente. E queremos que nossos filhos possam viver tranquilos”, diz o pai de Jesenia enquanto desenha com a sua filha.

No Equador, que desde o ano 2000 recebeu cerca de 175 mil solicitações de refúgio, a população de crianças – tanto de refugiados reconhecidos como em situações migratórias diferentes -  experimenta muitos desafios de integração, dificuldades para manter condições de vida adequadas, empobrecimento, riscos de exclusão e, em grande medida, um impacto emocional enorme.

Graças ao trabalho do ACNUR e seus parceiros, como a Organização Hebraica de Ajuda para Imigrantes e Refugiados, e com apoio de programas como o Crianças da Paz da UE, faz com que a situação destas crianças se torne um pouco menos difícil.

Tudo isso foi possível graças às habilidades das crianças e seus pais, que auxiliaram durante os ensaios e gravação. Na equipe havia bailarinos, professores, desenhistas, publicitários, jornalistas e cinegrafistas, todos colaborando para que o vídeo saísse da melhor maneira possível e as crianças participassem de tudo.

Apesar da falta de costume, todos decidiram gravar sua própria participação também, enquanto Quito os observa. Nesta festa não há pátria nem fronteira.

O mais importante da gravação foi a emoção que sentiam em participar e de ter o apoio de seus pais. Ver que fizeram amigos, que os pais queriam brincar mais que os filhos, estar na aula de dança com Jesenia, Ivette, María e Pipe, ver Daniel e Michael brincando e correndo e Danny pintando com seus pais. O mais importante foi que depois de tudo o que passaram e que continuam passando, as famílias estão bem, são alegres, desejam superar o trauma e refazer suas vidas.

Por Ana Belén Saltos em Quito, Equador.