De refugiado a amigo: hospedar refugiados é um ganho mútuo para muitas pessoas no Reino Unido
De refugiado a amigo: hospedar refugiados é um ganho mútuo para muitas pessoas no Reino Unido
Oferecer um espaço para um refugiado pode ajudá-los a se reerguerem e integrarem melhor em seu novo país, um processo que pode ser excludente e confuso. E para aqueles que desejam fazer sua parte na crise dos refugiados, é um gesto real, significativo e potencialmente transformador. Muitas vezes são criados vínculos que resistem ao tempo.
"O mais lindo e surpreendente foi que nos tornamos amigos", Emily Reynolds, de 28 anos, disse sobre sua experiência em Londres hospedando Areej, uma refugiada que fugiu do Sudão e precisava de proteção internacional.
Esta e outras histórias são contadas no Great British Welcome, capítulo britânico da exposição No Stranger Place, que reúne fotografias e histórias que retratam refugiados e seus anfitriões em casas por toda a Europa. A série foi desenvolvida pelo fotógrafo Aubrey Wade em parceria com o ACNUR, a Agência da ONU para Refugiados.
"A vida de ambos, anfitriões e refugiados, é positivamente enriquecida pela experiência de convivência".
Wade foi encontrar e fotografar alguns dos anfitriões britânicos, cuja generosidade está ajudando a transformar a vida daqueles que foram forçados a fugir, dando-lhes a chance de começar uma nova vida no Reino Unido.
"A impressão mais marcante que este projeto deixou em mim é a maneira pela qual as vidas dos anfitriões e dos refugiados são positivamente enriquecidas pela experiência de convivência", disse Wade. "Realmente é um ganho mútuo".
A mostra ficará em cartaz por dois meses, de 16 de janeiro a 16 de março, no pátio da St Martin-in-the-Fields, igreja paroquial da família real britânica e do primeiro primeiro-ministro, localizada na Trafalgar Square, em Londres.
A exposição oferece aos visitantes um olhar pessoal das vidas dos anfitriões e refugiados juntos.
Uma família, a Goldhills, deu as boas-vindas a Faraj, de 21 anos, em sua casa em Cambridge. Ele teve que fugir da destruída Alepo em 2012.
"Ele vem de uma base islâmica muito ortodoxa e então entra para uma família judaica", disse Simon Goldhill, professor de literatura grega no Kings College, Universidade de Cambridge. "Ele reza cinco vezes por dia e depois vai a sinagoga conosco e ajuda o rabino. Este é um exemplo de quem Faraj é. Ele enxerga nossas diferenças, mas nunca como um problema ".
A filha de Simon, Sarah, 27 anos, disse que Faraj "alegra completamente minha rotina e meu mal humor".
A série fotográfica ajuda a mostrar que, mesmo que os números de deslocados por guerras e perseguições tenham aumentado, os europeus têm mostrado compaixão, esperança e humanidade ao abrir suas casas para os refugiados, ajudando a unir culturas divididas e quebrar barreiras linguísticas. A exposição inclui retratos feitos na Alemanha, Suécia, França e Áustria.
"Às vezes eu penso demais, fico triste e não consigo dormir. Mas no geral estou feliz agora ".
Na Grã-Bretanha, o projeto recebeu o valioso apoio da Refugees at Home, uma instituição de caridade que conecta aqueles com possuem um quarto vago em casa com requerentes de refúgio e refugiados que necessitam de alojamento.
"Há um real senso comum de dever cívico e apoio a refugiados na base da Grã-Bretanha", disse Gonzalo Vargas Llosa, Representante do Reino Unido do ACNUR. " A Refugees at Home e os anfitriões conectados a refugiados são prova disso".
A exposição também ajuda a mostrar que os refugiados são pessoas normais com problemas cotidianos.
Uma anfitriã, Catharine Elliott, acolheu Hussein, 20 anos, da Etiópia, desde outubro de 2016, já que seus filhos saíram de casa.
"A diferença entre adolescentes nascidos em Londres e nascidos na Etiópia é mínima. Meninos adolescentes em todo o mundo são iguais. Eles não percebem que os lençóis precisam ser trocados e que a roupa não se lava sozinha ", disse ela. "Você só precisa treiná-los de maneira gentil".
A jornada de Hussein para o Reino Unido foi extremamente difícil, mas ele encontrou estabilidade.
"Muitas vezes acordei com medo porque quando escapei da Líbia estavam atirando em pessoas na minha frente", disse ele. "Foi muito para mim. Às vezes eu penso demais, fico triste e não consigo dormir. Mas no geral estou feliz agora ".