Deslocado interno colombiano conquista medalha de prata em Londres

Por Anastasia Moloney

O levantador de peso colombiano Óscar Figueroa gritou de alegria quando subiu ao pódio com sua medalha de prata na última semana, durante os Jogos Olímpicos de Londres 2012.

Seu grito ecoou entre milhares de colombianos que acompanhavam ao vivo pela TV a conquista de Figueroa, que transformou-se em herói nacional.

A vitória do atleta na categoria até 62 quilos é um feito. Aos 29 anos, Figueroa está entre os cinco milhões de colombianos obrigados a se deslocar pelo país em virtude do conflito, que já dura quase 50 anos.

Nascido em uma família humilde em Zaragoza, uma cidade no departamento de Antioquia, Figueroa tinha 9 anos quando deixou a cidade juntamente com a mãe e três irmãos, temendo o embate entre grupos armados.

Foi em Cartago, região sudoeste do país, que o menino descobriu sua paixão por esportes. Praticou futebol, basquete e natação até que um professor de educação física identificou seu potencial para o levantamento de peso.

A vitória olímpica foi imediatamente comemorada nas redes sociais. O presidente colombiano Juan Manuel Santos postou no Twitter “Parabéns a Óscar Figueroa pela medalha de prata e o recorde olímpico, todo o país comemora”. 

O escritor colombiano Hector Abad falou sobre as tragédias pessoais de Figueroa e do medalhista olímpico Rigoberto Urán, prata no ciclismo. “Medalhas de prata. Urán: pai assassinado. Figueroa: deslocado pela violência. Sim, este é um retrato do meu país...”, tuitou Abad.

A colombiana Leidy Marcia tuitou “Um momento de glória para Óscar Figueroa e para a Colômbia!”

A Colômbia tem hoje aproximadamente 4,6 milhões de deslocados internos, o que corresponde a 10% de sua população. É um dos grupos mais vulneráveis da sociedade colombiana.

Muitas famílias deslocadas moram na periferia das grandes cidades colombianas. Geralmente trabalham como vendedores de rua, zeladores ou na construção civil.  

De acordo com uma ONG local, é mais provável que um deslocado enfrente condições de trabalho precárias, ganhe pouco e passe necessidades do que alguém que não viveu o deslocamento. Também é alto o número de deslocados que não completaram o Ensino Fundamental e não passaram pelo Ensino Médio.

A conquista de Figueroa nas Olimpíadas mostra que a realidade pode ser diferente. Com o apoio de sua mãe e o carinho da família, o atleta tornou real o que para muitos colombianos é apenas um sonho.

Publicado originalmente em inglês por AlertNet News Blog