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Deslocamento global supera 70 milhões, e chefe da Agência da ONU para Refugiados pede maior solidariedade na resposta

Comunicados à imprensa

Deslocamento global supera 70 milhões, e chefe da Agência da ONU para Refugiados pede maior solidariedade na resposta

19 Junho 2019
O crescimento do descolamento forçado acontece num ritmo maior que o das soluções encontradas para as pessoas forçadas a se deslocar. ©ACNUR/Vincent Tremeau

O número de pessoas fugindo de guerras, perseguições e conflitos superou a marca de 70 milhões em 2018. Este é o maior nível de deslocamento forçado registrado pela Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) em seus quase 70 anos de atuação.

Dados divulgados hoje no relatório anual do ACNUR Tendências Globais (Global Trends) revelam que quase 70,8 milhões de pessoas estão em situação de deslocamento forçado em todo o mundo. Este número dobrou em 20 anos, é 2,3 milhões maior que o ano anterior e corresponde à população semelhante a de países como Tailândia e Turquia.

O total de 70,8 milhões é, ainda, uma estimativa conservadora, especialmente porque o número reflete apenas parcialmente a crise na Venezuela. No total, cerca de 4 milhões de venezuelanos já saíram do país desde 2015, tornando essa uma das mais recentes e maiores crises de deslocamento forçado no mundo. Embora a maioria da população necessite de proteção internacional para refugiados, apenas meio milhão tomou a decisão de solicitar refúgio formalmente.

“O que os dados revelam é uma tendência de crescimento no longo prazo do número de pessoas que necessitam proteção por causa de guerras, conflitos e perseguições. Se a linguagem sobre refugiados e migrantes é frequentemente diversionista, também testemunhamos uma imensa onda de generosidade e solidariedade, vinda especialmente das comunidades que acolhem refugiados. Percebemos também um engajamento sem precedentes de novos atores, como agências de desenvolvimento, empresas privadas e indivíduos – que não somente refletem, mas também exemplificam o espírito do Pacto Global sobre Refugiados”, afirmou o Alto Comissário das Nações Unidas para Refugiados, Filippo Grandi. “Precisamos agir a partir destes exemplos positivos e redobrar nossa solidariedade com aqueles milhares de inocentes que são forçados a saírem de suas casas todos os dias.”

Dentro dos 70,8 milhões de pessoas refletidas no relatório Tendências Globais, há três grupos distintos. O primeiro é de refugiados, que são pessoas forçadas a sair de seus países por causa de conflitos, guerras ou perseguições. Em 2018, o número de refugiados chegou a 25,9 milhões pessoas em todo o mundo, 500 mil a mais do que em 2017. Também estão incluídos no total os 5,5 milhões de refugiados palestinos sob o mandato da Agência da ONU de Assistência aos Refugiados Palestinos (UNRWA).

O segundo grupo são de solicitantes de refúgio – pessoas fora de seus países de origem recebendo proteção internacional enquanto aguardam a decisão de seus pedidos de refúgio. Até o final de 2018, havia 3,5 milhões de solicitantes de refúgio no mundo.

O terceiro e maior grupo é composto por 41,3 milhões de pessoas que foram forçadas a sair de suas casas mas permaneceram dentro de seus próprios países. Normalmente, são chamados de deslocados internos, ou IDPs (na sigla em inglês).

Em geral, o crescimento do descolamento forçado acontece num ritmo maior que o das soluções encontradas para as pessoas que se são forçadas a se deslocar. Para os refugiados, a melhor solução continua sendo retornar para sua casa voluntariamente, com segurança e dignidade. Outras soluções incluem a integração nas comunidades de acolhida ou o reassentamento em um terceiro país. Contudo, apenas 92,4 mil refugiados foram reassentados em 2018, menos do que 7% dos que precisam desta solução. Ainda, cerca de 593,8 mil refugiados puderam retornar para casa, enquanto 62,6 mil se naturalizaram.

“Em qualquer situação envolvendo refugiados, não importa onde ou há quanto tempo ela está se prolongando, é necessário que haja uma ênfase em soluções duradouras e na remoção de obstáculos para que pessoas possam retornar para suas casas”, afirmou Grandi. “Este é um trabalho complexo, no qual o ACNUR está constantemente engajado, mas que também requer que os países se unam com um propósito em comum. Este é um dos maiores desafios dos tempos atuais.”

 

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