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Desperado, o povo rohingya chega em Bangladesh em frágeis botes

Comunicados à imprensa

Desperado, o povo rohingya chega em Bangladesh em frágeis botes

Desperado, o povo rohingya chega em Bangladesh em frágeis botesACNUR se preocupa com o crescente número de pessoas que se deslocam com o uso de transportes frágeis e inseguros como única forma de deixar Mianmar.
24 Novembro 2017

GENEBRA, Suíça, 24 de novembro de 2017 (ACNUR) – Durante os últimos dias, mais de 30 botes improvisados chegaram a Bangladesh, levando mais de 1.000 pessoas. O ACNUR, a Agência da ONU para Refugiados, mostra-se preocupado com o crescente número de pessoas que recorrem a meios desesperados para deixar Mianmar.

Sem recursos de custear um transporte seguro para cruzar o rio Naf, que faz fronteira com Bangladesh, os refugiados constroem balsas com qualquer material que podem encontrar, como varas de bambu e galões de água amarrados com cordas e cobertos com lonas de plástico, afirmou William Spindler, porta-voz do ACNUR, numa conferência de imprensa no Palácio das Nações nesta última semana.

“Sabe-se que mais de duzentos refugiados rohingya se afogaram em naufrágios e incidentes em barcos desde o início da crise em 25 de agosto”, disse Spindler. “Os recém-chegados nos disseram que tinham esperado durante mais de um mês na costa de Mianmar, sob condições desesperadas. Dizem que a comida e a água estão acabando”.

Aproximadamente 620.000 refugiados rohingya foram forçados a deixar Mianmar em direção a Bangladesh desde 25 de agosto.

Spindler disse que apesar dos esforços para proporcionar mais ajuda e serviços, a superlotação e as difíceis condições de vida nos acampamentos e lugares improvisados aumentaram os riscos de saneamento e incêndios, bem como a violência e o tráfico.

“Existe uma necessidade urgente de mais terreno e mais espaço para alojamento e infraestrutura para proporcionar serviços e ajuda de primeira necessidade, incluindo pontos de água, vasos sanitários, áreas para banho, espaços amigáveis para as crianças, espaços seguros para mulheres e meninas, centros comunitários, etc.”, acrescentou.

Até agora, o ACNUR entregou centenas de milhares de itens de ajuda como tendas, lonas de cobertura, mantas, colchonetes, mosquiteiros, jogos de cozinha, baldes e galões de água.

Em depoimento ao ACNUR em Cox’s Bazar, Bangladesh, cerca de 70 famílias que chegaram esta semana disseram que deixaram Mianmar devido à extorsão e ao assédio em Buthidaung, no Estado de Rakhine.

Um homem disse que homens uniformizados ameaçaram tomar seus pertences. “Meu tio e meu avô se recusaram a dar seus pertences, fazendo com que fossem presos”, afirmou. “Minha família e eu deixamos o país para não acabar na cadeia”.

Essa família caminhou por uma zona montanhosa para chegar na ilha Dong Khali Chor, e de lá continuaram a viagem para Bangladesh. Durante o trajeto, foram detidos numa zona de controle militar. “Levaram tudo. Fomos apenas com a roupa do corpo”, acrescentou o homem.

Aqueles que chegaram na ilha Dong Khali Chor tiveram que esperar por muito tempo. Sidiq Ahmad disse que ele e sua família de sete pessoas ficaram abandonados no local por mais de 30 dias, incapazes de pagar a tarifa do bote para Bangladesh. À medida que a demanda por embarcações aumenta, os responsáveis pelos botes aumentam os preços até 10.000 tacas por pessoa (moeda de Bangladesh, o que equivale a cerca de 120 dólares).

A comida e a água estavam acabando, e isso fez com que Sidiq e outros sete homens tomassem a decisão de construir um bote com bambu e galões de água.

“Decidimos sair à noite porque a maré estava alta e porque assim poderíamos chegar em Bangladesh mais rápido, evitando o sol do dia”, disse Sidiq, de 37 anos, que chegou com sua esposa e seus cinco filhos, com idades entre um e doze anos. O barco improvisado levou 34 pessoas, sendo mais da metade crianças.

Remando com placas atadas às varas de bambu, levaram quatro horas para cruzar o rio de três quilômetros até chegar em Bangladesh. As últimas notícias relatam que ao menos 130 refugiados rohingya morreram no mar durante esta perigosa viagem.

Quando chegaram em Bangladesh, o grupo de Sidiq entrou em colapso devido à fatiga e à fome. Foram encontrados dormindo na sobra de um bote cerca de Shahporir Dwip, em Cox’s Bazar. Foram levados para um centro de transição em Sabrang, onde receberam água e comida quente.

“Estou aqui porque quero ter um abrigo e quero dormir tranquilamente”, disse Sidiq.

O ACNUR está recebendo doações para ajudar aos refugiados rohingya pelo link: https://goo.gl/GyvGah.