Doação de brinquedos e coral de crianças refugiadas pela paz marcam Dia Mundial do Refugiado no Rio
Doação de brinquedos e coral de crianças refugiadas pela paz marcam Dia Mundial do Refugiado no Rio
RIO DE JANEIRO, Brasil, 23 de junho de 2015 (ACNUR) - A celebração do Dia Mundial do Refugiado no Rio de Janeiro chamou atenção para o impacto das guerras e das violações de direitos humanos na vida das crianças. Afinal, como revelou o Relatório Global do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados lançado na última quinta-feira, mais da metade dos 19,5 milhões de refugiados do mundo são meninas e meninos com menos de 18 anos.
Em dois eventos realizados na última sexta-feira, crianças do Brasil e do mundo pediram paz para os países em conflito e proteção para os menores que continuam correndo perigo.
O dia que celebrou a força e a coragem dos refugiados começou cedo, na Escola Municipal Friedenreich, localizada dentro do Estádio do Maracanã. No marco da campanha “A Volta ao Mundo em uma Mochila”, estudantes de 04 a 10 anos receberam a visita da mochila gigante que o ACNUR criou com o objetivo de percorrer diversos países do continente americano coletando mensagens e presentes simbólicos para as crianças vítimas de conflitos e guerras.
Os alunos foram convidados a colorir bonecas de pano doadas pelo ateliê Com Lola, que posteriormente serão enviadas a meninas e meninos sírios que estão em campos de refugiados da Jordânia.
A atividade, que contou com a presença do represente do ACNUR no Brasil, Andrés Ramirez, e foi organizada em parceria com a Cáritas do Rio de Janeiro, inaugurou a campanha "A Volta ao Mundo em uma Mochila" no país.
Ao final do evento, foram recolhidas cerca de 400 bonecas, que levarão um pouco de cor, carinho e solidariedade às jovens vítimas da guerra na Síria. Um presente de criança para criança. Mensagens como "paz", "amor" e até recados como "espero que você volte para casa" emocionaram os organizadores.
"Mais do que doar um brinquedo, as crianças puderam produzi-lo e, nesse processo, colocaram um pouco do coração delas", comentou Aline Thuller, coordenadora do programa de refugiados da Caritas RJ. "Nesses tempos de ódio, violência e xenofobia, é muito positivo poder sentar com as crianças e discutir como é bom conviver com o diferente", disse Thuller.
"Todos os anos, milhões de crianças são obrigadas a deixar suas casas, por causa da guerra", disse a jovem Veronia Gusaneb, do Sudão do Sul, a todos os presentes. "Muitas vivem em campos de refugiados, sem poder estudar ou brincar. Eu peço que vocês ajudem essas crianças que não tiveram a mesma sorte que eu. Este é um ato pela paz, feito por crianças que não querem mais saber o porquê de tudo isso. O que a gente quer saber é até quando."
A celebração, organizada pelo ACNUR, pela Cáritas RJ e pela organização IKMR, estava marcada para acontecer aos pés da estátua do Cristo Redentor, mas a chuva torrencial que caiu sobre a cidade na sexta-feira motivou a transferência do local do evento. A mudança de cenário, no entanto, não desanimou os presentes, que disputaram espaço para acompanhar o ato pela paz.
A cerimônia foi apresentada pela atriz Malu Mader e contou com discursos do representante do ACNUR, Andrés Ramirez, do Secretário Nacional de Justiça e presidente do Comitê Nacional para Refugiados (CONARE), Beto Vasconcelos, do bispo auxiliar da Arquidiocese do Rio de Janeiro, Dom Luiz Henrique da Silva Brito, e da subsecretária de Estado de Defesa e Promoção dos Direitos Humanos, Andréa Sepúlveda.
Em sua apresentação, Malu Mader lembrou que o Dia Mundial do Refugiado é uma oportunidade para “celebrar a força, a coragem e a resistência” de milhões de pessoas deslocadas ao redor do mundo por guerras, conflitos e perseguições. Para ela, o evento no Trem do Corcovado foi uma oportunidade para “mostrar ao Brasil e ao mundo que os refugiados são pessoas como todos nós, com histórias de vidas, sonhos, frustações e conquistas”.
"Todos os anos celebramos essa data, e esta celebração no meio de uma grande tragédia humana parece até irônica. Mas celebramos a resiliência e a luta diária dos refugiados para sobreviver”, disse o representante do ACNUR, Andrés Ramirez. “Nos últimos cinco anos, o Brasil teve mais de 2.000% de crescimento de solicitantes de refúgio. Esse crescimento é global e o Brasil não poderia ser uma exceção. De fato, o crescimento proporcional no Brasil tem sido ainda maior”, completou o representante do ACNUR.
Por Diogo Felix, do Rio de Janeiro.