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Doadores prometem mais de US$6 bilhões para a crise síria

Comunicados à imprensa

Doadores prometem mais de US$6 bilhões para a crise síria

Doadores prometem mais de US$6 bilhões para a crise síriaPaíses doadores e de acolhida prometeram doar mais de US$ 6 bilhões de dólares para apoiar, proteger e criar oportunidades para as mais de 22,5 milhões de pessoas.
4 Fevereiro 2016

LONDRES, Reino Unido, 04 de fevereiro (ACNUR) – Países doadores e de acolhida prometeram doar mais de US$ 6 bilhões de dólares para apoiar, proteger e criar oportunidades para as mais de 22,5 milhões de pessoas em necessidade de assistência humanitária, tanto dentro Síria como em toda a região. Além disso, mais de US$ 5 bilhões serão alocados em programas humanitários e de desenvolvimento até 2020.

Co-organizada pelo Reino Unido, Alemanha, Noruega, Kuwait e as Nações Unidas, a conferência para doações ocorrida em Londres mobilizou um novo e importante fundo, que atingiu um valor recorde, para as necessidades humanitárias e de desenvolvimento de sírios e das comunidades vizinhas que os acolhem desde 2011.

Cinco anos de guerra brutal na Síria têm forçado metade da população local a sair de suas casas, deixando mais de 4,5 milhões de pessoas na condição de refugiado, a maioria na Turquia, Líbano, Jordânia, Iraque e Egito.

Embora o foco sejam as necessidades humanitárias em toda a região, a conferência de dois dias em Londres reiterou a urgência de acabar com o conflito sírio e encontrar uma solução política.

Em seu discurso de abertura, o Secretário-Geral da ONU Ban Ki-moon encorajou uma mudança da narrativa em torno da crise síria. "Com a nossa solidariedade e generosidade, podemos trazer a verdadeira esperança para o povo da Síria", disse ele. O Secretário-Geral também enfatizou a necessidade de uma mudança na abordagem e de comprometimentos plurianuais.

Países europeus fizeram promessas particularmente consistentes para apoiar os sírios e seus vizinhos. A chanceler alemã Angela Merkel disse que era importante "mostrar que este pode ser um dia de esperança”. Seu governo prometeu US$ 1,3 bilhões somente em 2016 - a maior promessa da conferência - e anunciou um pacote de ajuda similar para 2017, destinado a apoiar alimentação, moradia, educação, investimentos e criação de emprego para os refugiados sírios e as comunidades que os acolhem.

Ecoando os sentimentos de Merkel e anunciando um pacote de ajuda de US$ 278 milhões em 2016, o primeiro-ministro norueguês Erna Solberg pediu especial atenção às necessidades das mulheres e meninas sírias.

O primeiro-ministro britânico David Cameron salientou que era um momento para fazer novas abordagens visionárias para aliviar o sofrimento do povo sírio e criar oportunidades, investimentos e empregos para os refugiados sírios e seus anfitriões, acrescentando que o Reino Unido duplicou a sua contribuição de 2016, agora mais de US$ 730 milhões, a fim de atender às necessidades humanitárias e de desenvolvimento imediatos.

Outros compromissos importantes incluem o do presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, que prometeu US$ 1,2 bilhão em nome da União Europeia para as necessidades de 2016 e outra doação de US$ 1,39 bilhão em um comprometimento plurianual.

Os Estados Unidos, representado pelo secretário de Estado, John Kerry, quase dobrou sua contribuição do ano passado e prometeu US$ 925 milhões.

Kuwait, um apoiador financeiro contínuo para as necessidades humanitárias na região, e que já foi sede de três conferências de doadores para a Síria, mais uma vez contribuiu generosamente, comprometendo US$ 100 milhões para 2016 e outros US$ 200 milhões em apoio plurianual. Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita prometeram US$ 137 bilhões e US$ 200 milhões, respectivamente.

O rei Abdullah II (Jordânia) e os primeiros-ministros Tammam Salam (Líbano) e Ahmet Davutoglu (Turquia) falaram com emoção sobre o sofrimento de mais de 4,5 milhões de refugiados sírios em seus países e dos desafios humanitários, econômicos e sociais que enfrentam seus países ao longo dos últimos cinco anos.

Preocupados com o impacto do conflito nos países vizinhos à Síria, e a segurança e bem-estar de cidadãos e refugiados sírios em seus países, eles solicitaram uma rápida aplicação dos recursos. Também ressaltaram temas sensíveis como o deslocamento forçado dos sírios, e a transição entre a sobrevivência de refugiados sírios por meio de donativos para os refugiados sírios para subsistência por meio da educação, investimentos e criação de empregos, o que também deve melhorar os meios de subsistência nas comunidades que acolheram esse número sem precedentes de refugiados.

Durante a Conferência em Londres sobre a Síria, o chefe da Agência da ONU para refugiados Filippo Grandi pediu aumento no comprometimento de financiamento para ajudar refugiados sírios que estão se tornando mais vulneráveis enquanto guerra síria se arrasta para seu 6º ano.

Agradecendo aos doadores que forneceram mais de US$ 7 bilhões desde 2012 em sucessivas conferências, Grandi salientou que um "aumento significativo nos compromissos é necessário para oferecer estabilidade, oportunidades e esperança" para os refugiados e os países que os acolhem, pelo menos 10% dos quais são considerados particularmente vulneráveis.

"Queremos garantir que os direitos dos refugiados sejam respeitados em todos os lugares e que tenham acesso a abrigo, alimentação e cuidados de saúde. Isso deve continuar. Mas também queremos criar oportunidades para a educação e os meios de subsistência. Isto é o que os refugiados querem desesperadamente", disse Grandi aos líderes mundiais na conferência.

"Lacunas no orçamento passado geraram lacunas na nossa capacidade de responder. Elas deixaram muitas comunidades de acolhimento sobrecarregadas. Muitos refugiados com necessidades urgentes caíram nestas lacunas, e enquanto conversamos, muitos estão se mudando para as regiões costeiras da Europa", ele adicionou.

Chamando a conferência de "visionária", Grandi disse que também iria preparar os refugiados para o seu regresso à Síria, acrescentando que era de "importância crucial."

"Até agora, as partes envolvidas no conflito fizeram promessas irreais sobre sua responsabilidade de acabar com a guerra. Isto é trágico. Embora os esforços para trazer a paz continuem, não podemos falhar em nossa responsabilidade de ajudar e proteger as vítimas. Hoje temos esta oportunidade".

O ACNUR está organizando uma reunião de alto nível sobre as vias legais de reinstalação, entre outras questões, para os refugiados sírios, em Genebra no dia 30 de março. Grandi convida todos os governos que estiveram presentes na conferência de Londres para apoiar esse evento.

Encerrando o evento de dois dias o Secretário-Geral das Nações Unidas classificou a conferência como "um grande sucesso".

"Nunca a ONU conseguiu arrecadar tanto em um único dia para uma única causa", disse o Secretário-Geral, agradecendo a todos os participantes, em especial os países que abrigam refugiados sírios e os co-anfitriões da conferência.

Por Andrej Mahecic em Londres, Reino Unido.