Doadores prometem US$ 4,4 bilhões para atender necessidades da Síria
Doadores prometem US$ 4,4 bilhões para atender necessidades da Síria
No encontro de dois dias, os participantes também prometeram apoio contínuo, proteção e oportunidades para mais de 5,6 milhões de refugiados sírios espalhados pela região, para mais de 13 milhões de pessoas que precisam de assistência humanitária dentro da Síria e 3,9 milhões de pessoas vulneráveis nas comunidades de acolhida.
Ontem, no encerramento da conferência que contou com delegados de países anfitriões e centenas de parceiros humanitários, outros US$ 3,4 bilhões também foram prometidos para programas humanitários e de desenvolvimento em 2019 e 2020.
O evento começou com um vídeo comovente da refugiada síria Farah, de 6 anos, que vive no campo de refugiados de Zaatri, na Jordânia. No vídeo, a garota contou que adora aprender línguas e ciências, sonha em se tornar professora e poetisa e gosta de jogar futebol, o que a deixa feliz e a ajuda a esquecer seus problemas.
“Vamos nos comprometer hoje com a renovação e fortalecimento de nossos compromissos políticos, humanitários e financeiros”.
Ao dar boas-vindas às 88 delegações, a Representante da União Europeia para Relações Exteriores e Segurança, Federica Mogherini, refletiu sobre a história de Farah, enfatizando que a solução do conflito só pode vir a partir de conversas políticas significativas entre as partes envolvidas.
“Não compartilhamos as mesmas opiniões sobre tudo e sabemos disso muito bem. No entanto, acredito que há a possibilidade de trabalharmos juntos em duas coisas - mobilizar ajuda, o apoio financeiro que poderá permitir que Farah estude e permaneça viva, mas também podemos trabalhar juntos para trazer as partes sírias à mesa de negociações”, afirmou Mogherini.
Em mensagem de vídeo ao fórum, o Secretário-geral da ONU, António Guterres, enfatizou que o conflito causou um horrendo sofrimento em toda a região, ao mesmo tempo que a Síria se tornou “uma estufa de instabilidade global” e “uma das mais sérias ameaças à paz e segurança internacionais”.
“Vamos nos comprometer hoje com a renovação e fortalecimento de nossos compromissos políticos, humanitários e financeiros em apoio ao povo sírio, aos países da região e às comunidades afetadas por este trágico conflito”, disse Guterres.
As necessidades humanitárias em toda a região são espantosas. Apesar do apoio generoso dos países anfitriões, cerca de 80% dos refugiados da Síria estão vivendo abaixo da linha da pobreza em alguns países, e 35% das crianças refugiadas estão fora da escola.
Os países anfitriões demonstraram generosidade extraordinária aos refugiados sírios, mas precisam de muito mais apoio à medida que a crise persiste. A menos que mais fundos sejam urgentemente arrecadados, programas fundamentais, incluindo educação e saúde, enfrentam a ameaça de encerramento ou redução nos próximos meses, o que resultará em mais crianças fora da escola, mais famílias vivendo na pobreza e menos pessoas ganhando o suficiente para viver.
“Em nome deles, estamos pedindo pelo fim da violência e por uma solução política. Pedimos um futuro seguro com esperança - de educação, saúde, trabalho e retorno para casa. Em outras palavras: uma vida normal”, disse Mark Lowcock, Subsecretário Geral de Assuntos Humanitários e Coordenador de Ajuda de Emergência, apelidado de “apoiador do futuro da Síria e da região”.
“Precisamos manter o rumo e mostrar apoio contínuo e solidariedade com o povo sírio, mas também com as comunidades que os acolhem”.
Em seu discurso, o Alto Comissário da ONU para Refugiados, Filippo Grandi, destacou que um quarto dos refugiados do mundo são sírios e que um quarto de todos os sírios são refugiados. Grandi lembrou sobre a importância de apoiar o processo de paz, acrescentando que a grande maioria dos refugiados quer voltar para casa.
“No momento, as condições para o retorno não são adequadas”, disse Grandi. “Em meio à destruição e ao conflito, retornos prematuros de refugiados seriam desastrosos para os afetados e para a estabilidade da Síria e da região. Portanto, é fundamental que os refugiados e as comunidades e países que os acolhem recebam apoio”.
Grandi expressou sua esperança de que apoio contínuo seja fornecido aos países anfitriões, salientando os novos instrumentos de financiamento, como o mecanismo europeu para refugiados na Turquia, o financiamento do Banco Mundial e as diferentes formas de apoio bilateral.
O Alto Comissário também pediu continuidade e expansão das políticas progressistas para refugiados nos países anfitriões, aumentando o acesso a permissões de trabalho e outras oportunidades de subsistência. Ele encorajou os países anfitriões a garantir o acesso ao registro e ao status legal como passo importante para proteção, gestão de refugiados, inclusão e para manter a educação e os serviços de saúde abertos aos refugiados.
Por fim, Grandi convidou os países presentes na conferência a expandir os programas de reassentamento para os refugiados sírios. Em 2016, o ACNUR pediu o reassentamento e outras formas de admissão para ao menos 10% dos refugiados sírios.
“Precisamos manter o curso e mostrar apoio e solidariedade contínuos com o povo sírio, mas também com as comunidades que os acolhem. Nosso sucesso ou fracasso será um teste da nossa humanidade e do nosso compromisso com a solidariedade, acima dos interesses próprios”.