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Em São Paulo, refugiados celebram seu dia brincando e dançando com brasileiros

Comunicados à imprensa

Em São Paulo, refugiados celebram seu dia brincando e dançando com brasileiros

Em São Paulo, refugiados celebram seu dia brincando e dançando com brasileirosO Dia Mundial do Refugiado celebrado em São Paulo foi um momento de lazer e diversão para todos os refugiados presentes – a sua maioria, em núcleos familiares.
26 Junho 2013

São Paulo, 26 de junho de 2013 (ACNUR) – Do Congo, veio o “Compagnon Petit Josée”, e da Colômbia, “Galiña y Zorro”. O “Zuu” veio do Irã, e da Costa do Marfim chegou o “Passé”. Todas essas brincadeiras infantis típicas destes respectivos países foram compartilhadas com refugiados, solicitantes de refúgio e brasileiros de todas as idades na manhã do último sábado, em São Paulo, durante um evento de celebração do Dia Mundial do Refugiado.

As brincadeiras foram apresentadas pelos próprios refugiados e contaram com a animada participação dos participantes do evento, que foi promovido pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), Caritas Arquidiocesana de São Paulo (CASP) e Serviço Social do Comércio (SESC) de São Paulo. Cerca de 130 refugiados de 17 nacionalidades diferentes participaram da celebração, ocorrida na unidade Itaquera do SESC SP.

“Costumava brincar de ‘Compagnon Petit Josée’ quando era criança no Congo, e gostei de ver o envolvimento das pessoas com esta brincadeira aqui no Brasil”, afirmou o refugiado Hidras Tuala, de 18 anos, que há nove meses vive no Brasil. Sua família permanece no Congo. Nesta brincadeira, os participantes se organizam em uma roda e são chamados a formar grupos de um determinado número de pessoas ao final de um refrão e de palmas puxadas pelo líder. Aqueles que não conseguem formar o grupo correto são eliminados. Vence o grupo que fica por último.

“Em todas as regiões da Colômbia, as crianças brincam de ‘Galiña y Zorro’ nas escolas e em festas de aniversário. Apresentar esta brincadeira me fez lembrar o meu país”, disse C’ayu Manuela Hernandez, que há vive no Brasil há 11 anos, e esteve no evento com seu pai. A brincadeira que ela apresentou lembra a popular “Cabra Cega” brasileira, pois uma pessoa vendada (o Zorro – ou raposa) tentar capturar o maior número de galinhas (ou galiñas) que ficam gritando ao seu redor.

O Dia Mundial do Refugiado celebrado em São Paulo foi um momento de lazer e diversão para todos os refugiados presentes – a sua maioria, em núcleos familiares. O evento refletiu a campanha “1 Família”, lançada globalmente pelo ACNUR para marcar o Dia Mundial do Refugiado deste ano. O objetivo da campanha é mostrar as consequências da fuga forçada para os núcleos familiares, que muitas vezes separam-se ao deixar sua casa ou cidade, sob o risco de nunca mais voltarem a se encontrar. Ela está disponível na internet, no site www.acnur.org/umafamilia

“O Dia Mundial do Refugiado é para refletir sobre o medo, o drama e o sofrimento causados a milhares de pessoas por conflitos e arbitrariedades que infelizmente ainda acontecem em muitos lugares do planeta. Mas é também para celebrar a vida e a força de todos os homens, mulheres e crianças que seguem em frente – desafiam o que parece impossível e conseguem encontrar um pouco de paz e segurança longe de casa”, afirmou Humberto Peron Jr, do SESC SP.

Para a refugiada Larissa Edy, da Costa do Marfim, a brincadeira “Passé” é uma referência às escolhas democráticas que cada um deve fazer. Duas pessoas – uma de frente para a outra – ficam de mãos dadas e formam uma espécie de túnel, por onde os demais participantes passam. Aleatoriamente, essas duas pessoas impedem a passagem de um participante e perguntam de lado de quem ela quer ficar. Após todos os participantes fazerem suas escolhas, os dois lados protagonizam um “cabo de guerra”, e vence o grupo que consegue puxar o outro. “Lembra muito minha infância, e foi legal brincar aqui com outros refugiados e com brasileiros também”, afirmou Larissa.

Os monitores do SESC Itaquera deram um toque brasileiro à festa em São Paulo. Eles convidaram a todos os participantes para formarem rodas e, de mãos dadas, dançar ritmos conhecidos em todo o país, como samba, forró e cantigas de roda.

A brincadeira Zuu, do Irã, foi um dos jogos infantis que divertiram brasileiros e refugiados na celebração do Dia Mundial do Refugiado, em São Paulo

A região metropolitana de São Paulo acolhe a maior parcela dos refugiados reconhecidos pelo governo brasileiro. Dos cerca de 4.300 refugiados vivendo no Brasil, aproximadamente 1.800 são cadastrados e atendidos pela Caritas Arquidiocesana de São Paulo (CASP) - de acordo com dados referentes a maio de 2013. Essa população cresceu 10% em relação ao final do ano passado (e 15% em relação ao total registrado no final de 2011). O número de solicitantes de refúgio que chegam a São Paulo e são atendidos pela CASP também tem crescido, saindo de 661 casos em 2011 para cerca de 1.300 em 2012 (um aumento de quase 100%).

De acordo com dados divulgados ontem pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), existem no mundo 45,2 milhões de pessoas deslocadas por motivos de guerras, perseguições e violações generalizadas de direitos humanos. Deste total, 15,4 milhões são refugiados e 937 mil são solicitantes de refúgio. Do total da população refugiada, 48% são mulheres e meninas, e 46% são crianças e jovens com menos de 18 anos. Outros 28,8 milhões são deslocados internos - que passam pelos mesmos problemas dos refugiados, mas permanecem em seus próprios países.

O evento foi um sucesso. “Emocionei-me vendo como todos os presentes estavam realmente participando e tornando aquele momento uma verdadeira festa! Foi particularmente especial ver o entrosamento de várias nacionalidades, dançando, brincando, almoçando, rindo. Foi lindo”, resumiu a coordenadora geral do Centro de Acolhida para Refugiados da CASP, Maria Cristina Morelli.

A celebração do Dia Mundial do Refugiado também contou com a presença do representante do Comitê Estadual para Refugiados de São Paulo, Ricardo Alves, que parabenizou a iniciativa e ressaltou a importância da integração destas populações no Estado.

 Por Luiz Fernando Godinho e Larissa Leite, de São Paulo.