Em situação de desespero, migrantes e refugiados enfrentam as baixas temperaturas da Sérvia
Em situação de desespero, migrantes e refugiados enfrentam as baixas temperaturas da Sérvia
BELGRADO, Sérvia, 26 de janeiro de 2017 – Refugiados e migrantes que optaram por deixar abrigos improvisados e insalubres em Belgrado estão sendo transferidos para as acomodações de emergência que foram recentemente estabelecidas pelo governo fora da cidade. A ação teve início após a crescente preocupação a respeito das centenas de pessoas que dormiam nas ruas expostas a temperaturas negativas e que haviam resistido aos apelos prévios para serem transferidas.
Graças aos esforços de autoridades, do ACNUR e de agências humanitárias na Sérvia, durante os últimos meses, cerca de 85% de refugiados, solicitantes de refúgio e migrantes que estão vivendo no país foram acomodados em abrigos do governo. Na última semana, desde que foi aberto pelas autoridades, aproximadamente 390 pessoas procuraram abrigo de forma voluntária na instalação temporária de Obrenovac. Entretanto, um número estimado de 1.000 refugiados e migrantes permanecem acampados em um depósito localizado atrás da principal estação de trem de Belgrado. Lá, os moradores amenizam o frio intenso queimando dormentes de trilhos descartados durante vinte quatro horas por dia, o que acaba gerando uma permanente nuvem de fumaça tóxica. Muitos afirmam que estão sofrendo as consequências pela inalação da fumaça, além disso, diversos casos de perda de membros por congelamento têm ocorrido.
As autoridades sérvias, o ACNUR, a Agência da ONU para Refugiados, e parceiros, estão atualmente trabalhando para expandir a capacidade do abrigo emergencial para acolher aqueles que estão aguardando para sair dos depósitos, mas que se recusaram a deixar os locais nos últimos dias. O ACNUR contribuiu doando roupas novas, cobertores, colchões e kits de higiene.
“Ás vezes não sinto minhas pernas durante a noite, mas tento dormir mesmo assim.”
“Eu tive que ir embora, lá estava muito frio e sujo”, disse Kiramat Safi, 17 anos, um adolescente desacompanhado do Afeganistão que, na semana passada, depois de quatro meses vivendo no depósito, decidiu deixar o local e se mudar para o abrigo Krnjaca localizado nas proximidades. “Agora me sinto muito melhor porque aqui está mais quente, não há fumaça e eu não durmo mais ao relento”.
“Continuarei vivendo aqui enquanto estiver frio lá fora”, disse Abedulah Ibrahimi, 12 anos, outra criança desacompanhada que deixou os depósitos na última semana para se abrigar em Krnjaca. “Eu quero ir à escola, e talvez aqui eles me ajudem”.
Outros, que não desejam solicitar refúgio na Sérvia e que estão determinados a continuar suas jornadas para outros países, irão permanecer nos depósitos abandonados apesar dos riscos devido à exposição à fumaça e as baixas temperaturas. Recentemente, o ACNUR distribuiu panfletos redigidos em idioma farsi explicando que eles têm direito de serem acomodados em abrigos do governo. Além disso, também tem intensificado seu trabalho para identificar crianças desacompanhadas tanto lá como em outros locais.