Empresas compartilham benefícios da contratação de profissionais refugiados e migrantes
Empresas compartilham benefícios da contratação de profissionais refugiados e migrantes
Estas constatações foram compartilhadas por gestores de recursos humanos durante o II Fórum Hermanitos de Empregabilidade para Refugiados e Migrantes, realizado na semana passada em Manaus (AM).
Promovido pela associação Hermanitos em parceria com a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), o evento teve por objetivo fomentar uma troca de experiências entre gestores de recursos humanos, envolvendo setores da indústria, do comércio e serviços em geral, incluindo empresas que têm entre seus colaboradores profissionais refugiados e migrantes.
Uma das empresas participantes, o DB Supermercados, ressaltou como tem conseguido incorporar pessoas refugiadas e migrantes ao seu quadro de funcionários, e como isso tem se traduzido em cooperação no dia a dia da companhia e em seus resultados.
“Iniciamos contratando para apenas uma área, e hoje temos profissionais refugiados atuando em quase todas como efeito dos resultados obtidos. A convivência entre os venezuelanos e brasileiros na equipe agrega, pois muitas vezes a experiência trazida por uma pessoa de outro país soma com as diversas expertises que a equipe local já tem, auxiliando nos resultados do time como um todo. Um colega também vai motivando o outro”, relatou Ádria Menezes, analista de recursos humanos do Grupo DB Supermercados.
Já no setor de serviços, Letícia Gomes, do Grupo Alemã, destacou que a contratação de profissionais refugiados reflete uma estratégia de resultados efetivos e de valorização das equipes que elas passam a integrar na empresa.
“Percebemos que a contratação de refugiados ia muito além de ser um ato de solidariedade, mas uma oportunidade para o desenvolvimento de todos os colegas da empresa, melhorando o ambiente e trazendo novas competências em diferentes frentes”, comenta.
“Uma pessoa refugiada que está aprendendo o português, por exemplo, pode ter um domínio amplo de outros idiomas, e ajudar na preparação de materiais e outras necessidades bilíngues da empresa”, conta Letícia.
Desafios e oportunidades
Os participantes do Fórum, incluindo as pessoas refugiadas, também destacaram alguns desafios e oportunidades no processo de contratação de pessoas refugiadas.
“Uma das coisas primordiais é que a documentação esteja em dia, pois assim se consegue dar celeridade em uma vaga que a empresa busca objetividade para contratar”, explicou Ádria.
Em Manaus, com apoio do ACNUR e parceiros, as pessoas refugiadas e migrantes podem acessar a emissão de documentos de forma gratuita no Posto de Interiorização e Documentação da Operação Acolhida (PITRIG).
Outros temas levantados para facilitar o processo de contratação foram a proficiência no idioma português e a qualificação profissional necessária para vagas que requerem conhecimentos específicos.
Para isso, junto a parceiros como Hermanitos e ADRA, o ACNUR tem implementado uma estratégia para promover a qualificação e oportunidades de geração de renda para pessoas refugiadas em Manaus.
“Atuando de forma conjunta com o ACNUR, o Hermanitos busca contribuir para que os refugiados acessem direitos e políticas públicas, incluindo a qualificação profissional e o mercado de trabalho. Mais de 4 mil pessoas já foram beneficiadas desde 2019, pessoas de diferentes perfis, incluindo mulheres e jovens recém-chegados ao país”, explicou Túlio Silva, o cofundador e presidente do Hermanitos.
Recém-lançado, um diagnóstico sobre os setores produtivos de Manaus deve apoiar na construção de estratégias voltadas a integração local de Manaus, explicou Juliana Serra, oficial de campo do ACNUR.
“A pesquisa mostra que para muitas empresas, as pessoas refugiadas vêm agregando aspectos positivos ao ambiente profissional e contribuindo para trabalhos resultados efetivos das empresas. Trabalhamos para oportunizar que as diferentes pessoas em situação de deslocamento forçado consigam acessar seus direitos, como documentação, e assim possam contribuir também para o desenvolvimento local”, afirma Juliana.
Uma pesquisa lançada previamente neste ano pelo ACNUR identificou que, apesar da inserção laboral precária enfrentada pela população venezuelana em Manaus, a qualificação e as experiências laborais prévias dos profissionais venezuelanos configuram uma oferta de mão-de-obra disponível e apta para inserção no mercado de trabalho brasileiro.
As empresas participantes também foram convidadas a integrarem o Fórum Empresa com Refugiados, iniciativa do ACNUR Brasil e do Pacto Global da ONU Brasil para o compartilhamento de melhores práticas empresariais e informações sobre a contratação de pessoas refugiadas, visando apoiar sua inclusão no mercado de trabalho.