Empresas e mulheres refugiadas se reúnem para dinâmica de empregabilidade em São Paulo
Empresas e mulheres refugiadas se reúnem para dinâmica de empregabilidade em São Paulo
De um lado, empresas que buscam diversidade de talentos. De outro, mulheres refugiadas que necessitam de uma colocação no mercado de trabalho brasileiro. Foram estas necessidades que possibilitaram o encontro destes dois grupos para uma dinâmica de empregabilidade em São Paulo, na última segunda-feira (02). O encontro, realizado em parceria com a We Work, reuniu cerca de 20 representantes de empresas com as atuais participantes do Projeto Empoderando Refugiadas para uma sessão de entrevistas e networking.
Às empresas que compareceram, a dinâmica representou uma abertura de horizontes para culturas, sotaques e talentos do mundo todo. Para muitos profissionais, esse foi o primeiro contato com pessoas em situação de refúgio, como contou Flávia Maciel, coordenadora de Recursos Humanos da rede Drogaria São Paulo. “O encontro foi incrível. Elas [as refugiadas] são bem experientes, bem desenvoltas e trazem muita bagagem, não só profissional, mas também de vida.”
O encontro foi realizado de maneira que as refugiadas fossem direcionadas a empresas que oferecem oportunidades em suas áreas profissionais de interesse. Essa foi a chance de mostrar todo o potencial que carregam a quem pode promover uma recolocação no mercado de trabalho.
“Pude fazer entrevistas com profissionais de diferentes áreas. Quero trabalhar com atendimento, onde eu possa usar meu conhecimento de inglês e espanhol, e considero minha experiência compatível com as oportunidades” - afirmou Maria de Los Angeles, refugiada venezuelana que participa do projeto.
Batoul, que é natural da palestina, é outra participante que pôde reconectar-se a profissionais de seu ramo de atuação. “Foi muito bom porque fiz entrevistas com diferentes empresas e há oportunidades em minha área, que é a farmacêutica.”
Contrapartidas e Desafios
Em termos de contrapartidas - tanto a quem contrata, quanto a quem busca emprego - a relação entre empresas e refugiadas possibilita um ‘match’ interessante quando se considera, por exemplo, os diferentes idiomas e a cultura empresarial de outros países.
“Sei como são difíceis as oportunidades no Brasil para quem não é brasileiro e, além disso, precisamos de pessoas que falem espanhol dentro da empresa. Já temos pessoas de outros países latino-americanos trabalhando conosco e estamos buscando mais, então achamos muito boa a oportunidade” - revelou Norberto Sala, CEO da Replikante.
Já outras empresas, que não buscam um perfil específico para contratação, enxergam na diversidade a contrapartida que necessitam para o ambiente de trabalho, como revela Joseane Sobral, business partner da Gerdau. “A diversificação de conhecimentos é uma possível contrapartida para nós, além de trazer uma nova visão de mundo e de mercado para a empresa.”
Os profissionais também identificaram alguns possíveis desafios na relação entre empresas e refugiadas, baseado na experiência com a dinâmica. “A barreira de língua é algo a se considerar mas não me parece tão grande. Talvez o maior desafio seja a barreira cultural da própria empresa” - ponderou Paulo Audician, consultor de Recursos Humanos na rede Drogaria São Paulo.
Para Maria Beatriz Nogueira, chefe do escritório do ACNUR de São Paulo, “por mais que haja desafios iniciais a serem superados, uma vez que as pessoas refugiadas são contratadas, torna-se evidente os ganhos advindos com a produtividade e comprometimento que essas pessoas agregam ao setor privado”, avalia.
O Empoderando Refugiadas
O Empoderando Refugiadas está em sua quarta edição e trabalha a empregabilidade de mulheres em situação de refúgio em São Paulo (SP) e Boa Vista (RR), além do engajamento de empresas sobre a contratação de imigrantes refugiados.
Em São Paulo, durante o segundo semestre de 2019, as atuais participantes do projeto completaram um ciclo de workshops de preparação para o mercado de trabalho. A segunda etapa desta edição contempla encontros com representantes de empresas e dinâmicas de empregabilidade.
O projeto é uma parceria entre a Rede Brasil do Pacto Global, a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) e a ONU Mulheres. A seleção de participantes é feita em parceria com o Programa de Apoio para Recolocação de Refugiados (PARR) – iniciativa da empresa EMDOC. Outros parceiros estratégicos são a Fox Time, o Grupo Mulheres do Brasil, a Migraflix, a We Work e a Caritas São Paulo.
O Empoderando Refugiadas conta com o apoio da ABN AMRO, Carrefour, Conselho Britânico, Facebook, MRV, Lojas Renner e Sodexo.