Exposição do ACNUR emociona visitantes por meio de depoimentos de refugiados que se sentem em casa no Brasil
Exposição do ACNUR emociona visitantes por meio de depoimentos de refugiados que se sentem em casa no Brasil
As pessoas refugiadas estão fora de seus países de origem devido a guerras, perseguições e violações de direitos humanos. De acordo com dados da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), no mundo todo já são 25,9 milhões de pessoas nessa condição. Se por um lado são forçadas a deixar seus países, carregando poucos pertences, por outro lado trazem muita esperança, conhecimentos e lembranças que as fortalecem e contribuem para sua resiliência.
Como forma de gerar empatia no público brasileiro sobre quem são as pessoas refugiadas, permitindo-se colocar em seus lugares, o ACNUR inaugurou no último dia 20 de junho a exposição “Em casa, no Brasil”. Co-realizada pelo Sesc-SP e pela ONG Estou Refugiado, a exposição propicia ao visitante ouvir a narrativa de 13 pessoas refugiadas que, após terem chegado ao Brasil em situações diversas, têm algo em comum: já se sentem em casa no país.
A experiência sonora é narrada por pessoas refugiadas de nove diferentes nacionalidades: Afeganistão, Colômbia, Cuba, Irã, Moçambique, Nigéria, República Democrática do Congo, Síria e Venezuela. Palavras como “paz”, “segurança”, “prosperidade” e “liberdade” são recorrentes na justificativa que os fazem se sentir em casa por aqui, embora cada história tenha diferentes traços culturais e características singulares que emocionam os visitantes.
Os depoimentos são ouvidos dentro de uma casa que o ACNUR e seus parceiros propiciam para pessoas que buscam proteção internacional em contextos de emergência, como no caso dos venezuelanos recém-chegados em Boa Vista, capital de Roraima.
As casas do ACNUR, chamadas de Unidades de Habitação para Refugiados (RHU, em inglês), são uma solução tecnológica de abrigamento, composta por um inovador sistema de ancoragem, painel fotovoltaico e adaptado a diferentes condições climáticas. No entanto, esta solução de moradia é temporária para quem chega ao país, pois o fluxo de novas chegadas de pessoas é constante.
“A exposição utiliza as casas fornecidas pelo ACNUR para abrigar os depoimentos de pessoas refugiadas que contam suas histórias, fazendo que o público visitante possa se identificar com a vida e determinação dessas pessoas”, disse Jose Egas, Representante do ACNUR no Brasil.
O momento de chegada a um novo país sempre é difícil, pois requer o aprendizado do idioma local, a revalidação de seus conhecimentos acadêmicos, a busca por moradia e por um trabalho condizente com a formação dos refugiados, efetivando assim sua integração econômica e social.
A venezuelana Francis, de 39 anos, chegou ao Brasil em 2018. Em Boa Vista, viveu por três semanas em uma casa do ACNUR e agora, em São Paulo, atua como monitora da exposição.
“Rever a casa foi difícil, pois remete já a um tempo passado. Mas conhecendo todo o propósito da exposição, podendo ouvir ao relato de outras pessoas refugiadas, determinadas e humanas, inspira-me a compartilhar minha própria história com os visitantes”.
A exposição “Em casa, no Brasil” está aberta ao público para visitação gratuita no Sesc Osasco - horário de visitação disponível em https://bit.ly/2LbgCUL. No Rio de Janeiro, a exposição será aberta ao público a partir do dia 27 de junho, no Centro Cultural dos Correios, no centro da cidade.
Para as pessoas que vivem em outros locais e queiram acessar o conteúdo da exposição, o ACNUR disponibilizou um site com um breve descritivo e com os áudios das 13 pessoas. Basta acessar pela página www.acnur.org.br/em-casa-no-brasil. A exposição e os conteúdo podem também ser utilizados como componentes educativos, tornando-se uma ferramenta transversal para que crianças e jovens possam conhecer mais sobre a realidade das pessoas refugiadas no Brasil.
A exposição tem o apoio institucional da empresa JadLog e da Operação Acolhida (iniciativa do governo federal que coordena e implementa a resposta humanitária a refugiados e migrantes venezuelanos no Brasil) - ambas facilitaram o transporte das duas casas do ACNUR desde Boa Vista e entre as capitais São Paulo e Rio de Janeiro.
Como forma de interação junto aos visitantes, o ACNUR gostaria de saber também O que o/a faz se sentir em casa, estando distante de sua casa? As respostas podem ser postadas nas redes sociais com a #EmCasaNoBrasil. Todas as pessoas podem postar suas respostas, mesmo que, diferentemente dos refugiados, tenham o privilégio de viverem em suas casas no Brasil, país que acolhe cerca de 11 mil pessoas refugiadas atualmente.