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Exposição "Vidas Refugiadas" chega ao Rio com alerta sobre a violência de gênero

Comunicados à imprensa

Exposição "Vidas Refugiadas" chega ao Rio com alerta sobre a violência de gênero

Exposição "Vidas Refugiadas" chega ao Rio com alerta sobre a violência de gêneroA exposição fotográfica "Vidas Refugiadas" busca chamar atenção para uma perspectiva de gênero na forma como se pensa o refúgio e se elaboram políticas para os refugiados.
4 May 2016

Rio de Janeiro, 04 de maio de 2016 (ACNUR) – Quem passeou pelos belos jardins do Palácio do Catete, no Rio de Janeiro, nesta semana, deparou-se com um cenário diferente: oito rostos femininos exibidos em 16 grandes fotografias ao longo do caminho de palmeiras imperiais. Em comum, aquelas mulheres não tinham apenas força, beleza e a determinação de começar uma vida nova no Brasil, mas também o desejo de contar a própria história.

Conferir esse protagonismo é a proposta da exposição fotográfica "Vidas Refugiadas", que, com o apoio da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), chegou à Cidade Maravilhosa após uma primeira temporada em São Paulo. Com foco no cotidiano de oito mulheres de diferentes nacionalidades no Brasil, a mostra busca também chamar atenção para uma perspectiva de gênero na forma como se pensa o refúgio, sobretudo na elaboração das políticas públicas para os refugiados.

Para celebrar o lançamento da exposição, elaborada com imagens do fotógrafo Victor Moriyama, foi realizado um debate com a presença de representantes do ACNUR e da Cáritas Arquidiocesana do Rio de Janeiro, além da nigeriana Nkechinyere Jonathan, uma das mulheres retratadas no projeto. Professora de inglês, ela chegou ao Brasil em 2014, devido a perseguições realizadas pelo grupo Boko Haram.

"Esta exposição está sensibilizando as pessoas sobre os refugiados, que não são párias nem fizeram nada de errado. São pessoas comuns enfrentando uma situação difícil por circunstâncias da vida, algo que poderia acontecer a qualquer um", disse Jonathan, que estava encantada com o Rio de Janeiro e com o passeio que havia feito ao Cristo Redentor horas antes do lançamento. "O projeto está construindo um caminho, está indo a algum lugar, um passo de cada vez. Este é o segundo passo."

Visitante do Museu da República contempla fotos das refugiadas que integram a exposição “Vidas Refugiadas” no Rio de Janeiro.
Durante o debate, acompanhado por cerca de 70 pessoas, o Assistente de Proteção do ACNUR, Vinícius Feitosa, reafirmou a existência de questões de gênero como motivadores de deslocamento e ressaltou a importância de se celebrar a resiliência dos refugiados. "Ser mulher pode, sim, ser uma razão de perseguição. Quando falamos de refúgio, falamos de um conceito, mas quando falamos da pessoa refugiada, temos que falar de um ponto de vista mais humano, que é o que a exposição propõe."

A idealizadora da exposição, a advogada Gabriela Ferraz, explicou sobre o desafio logístico de fazer a exposição no Rio de Janeiro pelo fato de nenhum dos organizadores estar na cidade. "Em compensação, estamos muito felizes de poder estar neste lugar lindo e histórico, que nos recebeu tão bem. Um dos objetivos do projeto é estar presente em locais de extrema acessibilidade, para que as pessoas passem e se perguntem o que são essas fotos".

Gabriela Ferraz destacou o expressivo número de mulheres refugiadas no Rio de Janeiro e lembrou que elas representam atualmente cerca de 30% das pessoas que buscam refúgio no Brasil. "As mulheres sofrem violência no país de origem, no caminho para outro país e temos que ter cuidado para que não sofram aqui, porque a violência contra a mulher é uma realidade no Brasil", alertou a idealizadora do projeto.

Em sintonia com essa preocupação, o advogado da Cáritas RJ Matteo Theubet chamou atenção para o crescimento do contingente de refugiadas que têm desembarcado na cidade. "No primeiro trimestre de 2016, o número de mulheres que chegam ao Rio de Janeiro em busca de refúgio igualou o número de homens pela primeira vez. Temos visto muitas mulheres jovens chegando aqui com crianças pequenas, tendo que se adaptar a uma realidade que não é fácil".

De acordo com números divulgados pela Cáritas RJ, houve um crescimento de 82% no número de solicitações de refúgio feitas no Rio de Janeiro em 2015, em comparação com o ano anterior. As mulheres, que em 2014 representavam 30% das novas chegadas, passaram a responder por 40% no ano passado e por 50% em 2016.

A exposição fotográfica "Vidas Refugiadas" permanece nos jardins do Palácio do Catete de terça a domingo, das 9h às 18h, até o dia 10 de junho. A entrada é gratuita. A próxima cidade a receber a mostra será Brasília, a partir de 20 de junho. Para saber mais sobre o projeto, acesse www.vidasrefugiadas.com.br.

Por Diogo Felix, do Rio de Janeiro.