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Fabio Alperowitch fala sobre inclusão da causa dos refugiados na agenda ESG

Comunicados à imprensa

Fabio Alperowitch fala sobre inclusão da causa dos refugiados na agenda ESG

20 Setembro 2022
© Divulgação

Cerca de duas dezenas de CEOs de empresas brasileiras de portes variados foram indagados sobre qual sensação tinham quando ouviam a palavra “refugiados”. As respostas mais frequentes foram “compaixão” e “tristeza”, mas também foram comumente citadas as palavras “acolhimento”, “fragilidade”, “sofrimento” e “crueldade”.

Apenas um dos consultados mostrou distanciamento do tema, alegando ignorá-lo. Todos os demais, a partir de suas próprias palavras, não só demonstraram empatia à temática como também certa angústia com a situação dos refugiados.

A segunda pergunta ao grupo era para quais recortes as suas respectivas empresas agiam na agenda da diversidade e inclusão, ainda que fosse de forma periférica. A questão de gênero recebeu cerca de 90% dos votos, seguidos por raça, orientação sexual e pessoas com deficiência. Depois começaram a rarear as respostas para indígenas, idosos e refugiados que recebem o olhar de um número diminuto dos entrevistados no âmbito corporativo.

Apesar de a sondagem – realizada em 2022 – ter sido realizada com metodologia científica e contar com um número reduzido de respondentes, o resultado auferido nos suscita uma reflexão: por que a causa dos refugiados nos toca enquanto cidadãos, mas pouco nos leva a agir enquanto empresários?

O mundo corporativo observou o fortalecimento da pauta ESG nos últimos anos, o que deveria ter como consequência o desenvolvimento da pauta da diversidade e inclusão. Muitas empresas, cobradas por seus stakeholders para avançarem nesta agenda, acabam escolhendo temáticas mais populares (como a de gênero), deixando outros recortes de lado.

Ao endereçarem estas questões, as empresas já passam a ser percebidas como inclusivas, arrefecendo a pressão e disposição para olhar para outros recortes, que tendem a ficar mais ofuscados. Paradoxalmente, portanto, o ESG ilumina minorias, mas pode ofuscar os invisíveis, incluindo os refugiados. O mundo corporativo deve atentar-se a este risco em potencial.

A questão do refúgio tem ficado mais evidente a partir da Guerra na Ucrânia, eventualmente pela questão estar centrada no coração da Europa e pelos refugiados serem brancos, à semelhança da predominância das lideranças no mundo ocidental. Contudo, é importante observar que a questão dos refúgio é perene e o número de refugiados bate recorde a cada ano, inclusive no Brasil por conta do deslocamento forçado de pessoas da Venezuela.

Paralelamente, tem ficado cada mais explícita a questão climática e seus respectivos desdobramentos. Segundo o Banco Mundial, na atual toada, a mudança do clima causaria o deslocamento de 143 milhões de pessoas até 2050, um número quase vinte e cinco vezes maior do que a guerra na Ucrânia produziu até então.

Cabe frisar que o impacto social da questão dos refugiados desdobra-se em múltiplas frentes: instabilidade econômica, desequilíbrio do emprego, desigualdade social, xenofobia, violência, pobreza entre outros severos efeitos.

Se observamos cada vez mais o mundo corporativo abarcando a “Agenda 2030” e seus respectivos objetivos (ODS), a questão do refúgio deveria subir na escala das prioridades de ação e deixar de ser periférica: ações humanitárias e auxílio aos refugiados endereçam diretamente alguns dos mais importantes Objetivos do Desenvolvimento Sustentável como a Erradicação da Pobreza (ODS-1), Igualdade de Gênero (ODS-5) e Redução das Desigualdades (ODS-10).

Empresas que empregam refugiados têm relatado que eles se destacam pela alta motivação e engajamento, uma vez que para essas pessoas trata-se da oportunidade de reinício da vida, propiciando a integração no país e um futuro digno. Como consequência, o país tem benefícios claros com a redução da vulnerabilidade social e desigualdades, e aumento da arrecadação e consumo, na medida que os refugiados se tornam contribuintes e consumidores.

Um novo olhar para a questão dos refugiados faz-se fundamental e urgente. Empresas podem se engajar com a causa em múltiplas frentes, seja na oferta de emprego, contribuições financeiras e conscientização de seu público interno e stakeholders em relação à dimensão do problema.

O trabalho da ACNUR nesta frente há mais de 70 anos, tem oferecido rápidas respostas às mais diversas crises através da presença em 135 países. A atividade da agência é de complexidade extrema, envolvendo o salvamento de vidas, asseguração de direitos e construção de um novo futuro reintegrando pessoas à sociedade. Não à toa, a maravilhosa atuação nesta temática foi reconhecido duas vezes com o Prêmio Nobel da Paz (1954 e 1981).

Os sentimentos de “compaixão” e “tristeza” compartilhados por diversos líderes empresariais brasileiros merecem foco e atuação adequadas para que se tornem “orgulho” e “satisfação” em um futuro não distante.


O ACNUR realiza amplas parcerias corporativas, nas formas de apoio financeiro, ações com colaboradores e consumidores, divulgação de campanhas de doação em situações de emergência, marketing relacionado à causa, entre outras. Diante da complexidade das crises humanitárias atuais, o apoio financeiro de empresas é fundamental para ampliar o alcance e o impacto dos programas do ACNUR.

Entre em contato com a nossa equipe para saber mais sobre os benefícios personalizados que o ACNUR oferece aos seus apoiadores!