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Familiares venezuelanos são empregados conjuntamente por meio da interiorização

Comunicados à imprensa

Familiares venezuelanos são empregados conjuntamente por meio da interiorização

23 Novembro 2022
A jovem Leidismar, à esquerda, e sua família são acolhidos em Videira, no interior de Santa Catarina. Foto: Divulgação/BRF
São Paulo, 23 de novembro de 2022 (ACNUR) – O programa de interiorização de venezuelanas e venezuelanos, promovida pelo Governo Federal desde abril de 2018, já beneficiou mais de 87 mil pessoas que deixaram de forma voluntária Boa Vista (RR) em busca de melhores oportunidades de vida – e da sonhada autossuficiência – para quase 900 cidades de todas as regiões do Brasil. Apenas em outubro, 3.115 pessoas venezuelanas fizeram essa opção – o recorde histórico de interiorização mensal – e dentre as diferentes possibilidades de deslocamento existente, o grande interesse está na que promove as oportunidades de emprego formal.

“A busca pelo trabalho é uma das principais demandas por parte das pessoas venezuelanas adultas que estão abrigadas nos centros de acolhimento de Boa Vista”, conforme destaca Paulo Sérgio Almeida, Oficial de Meios de Vida do ACNUR. “É o trabalho digno, com registro em carteira e em um ambiente de respeito e inclusivo que impulsiona o engajamento dos profissionais venezuelanos no alcance dos resultados da empresa”, complementa.

Um ano após o início da Operação Acolhida, em abril de 2019, a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) e a Rede Brasil do Pacto Global lançaram a plataforma Empresas com Refugiados para difundir as diversas práticas positivas da iniciativa privada que fortalecem o processo de integração da população refugiada nos mais diferentes segmentos, em especial a contratação destes profissionais.

Dentre as 60 empresas e organizações do setor privado que integram o Fórum Empresas com Refugiados, derivado da plataforma de mesmo nome, a empresa BRF é um exemplo de empregabilidade de profissionais venezuelanos em suas diversas unidades espalhadas pelo Brasil. Para além das contratações individuais, a BRF – uma das maiores companhias de alimentos do mundo – já contratou famílias inteiras para atuar em uma suas fábricas, como a da jovem Leidismar.

“Minha família chegou ao Brasil em dezembro de 2020 e após nove meses morando em Roraima, fomos interiorizados para Videira, no interior de Santa Catarina, para trabalhar na BRF. Na época, toda a minha família foi empregada pela empresa e eu continuei meus estudos até que consegui a oportunidade de ser contratada como jovem-aprendiz”, diz a jovem de 16 anos, que segue trabalhando e estudando.

Um vídeo produzido pela BRF traduz o sentimento da família de se sentirem integrados à nova sociedade que os acolheu:

Leidismar nunca imaginou que viria ao Brasil e soube apenas na semana da partida, quando foi informada por sua mãe sobre a decisão. Em Videira, a família vive de aluguel em uma casa, todos trabalham e como diz Marquia, mãe de Leidismar, “nossa vida está melhor aqui, estamos todos juntos e aqui temos uma oportunidade de sonhar”.

Leidismar diz ter sofrido bullying na escola no momento de chegada pelo fato de ser venezuelana, mas este fato já está superado pelas amizades com colegas brasileiras que ela construiu. Assim como ela, seu irmão mais velho também voltou a estudar para almejar um posto melhor na empresa.

Essa dedicação ao trabalho e ao aperfeiçoamento dos conhecimentos é uma característica das pessoas refugiadas que, quando têm oportunidades, agarram-nas para seguir construindo o futuro almejado, como no caso de Olyanis, de 22 anos que também está empregada na BRF juntamente com seu namorado.

“Eu tive que abandonar o curso de engenharia civil na Venezuela e vim para o Brasil com meu namorado justamente em busca de segurança e de estabilidade. Agora que estamos empregados e com uma condição mais estável, quero dar continuidade à minha formação”, disse a jovem que vive em Capinzal, outro município do interior de Santa Catarina onde a BRF tem fábrica.

Olyanis e seu namorado estão trabalhando na BRF há quase quatro anos, tendo esta sido a primeira oportunidade de trabalho formal no Brasil. A permanência na empresa condiz com outra característica importante dos trabalhadores refugiados, que por se sentirem agradecidos pela oportunidade concedida, constroem seus planos de carreira na empresa que os contratou, sendo mais assíduos no trabalho e com menos rotatividade do que os empregados locais.

Na visão de Cristiane Costa, Gerente Executiva de Aquisição de Talentos da BRF, empregar casais e famílias de pessoas refugiadas reflete na maior retenção destes profissionais ao passo em que também eleva o bem-estar e a qualidade de vida destes profissionais.

“Na BRF, temos mecanismos internos que possibilitam uma acolhida humana destes profissionais, considerando as diferenças culturais e especificidades de cada grupo, em especial a questão da barreira do idioma. Atuamos com ´operadores tradutores´ que facilitam o processo de aprendizagem inicial e desenvolvemos um outro projeto de recomendação, em que os colaboradores podem indicar profissionais que queiram atuar pela empresa, tornando assim o ambiente de trabalho ainda mais produtivo e harmonioso”, relata a gestora.

O ACNUR possui diversos parceiros em regiões do Brasil que promovem treinamentos, ciclos de informação e que facilitam o processo de contratação de profissionais refugiados e migrantes venezuelanos e de diversas outras nacionalidades que vieram ao Brasil em busca de proteção e oportunidades dignas de reconstruírem suas vidas.

Os exemplos de atuação e de aprimoramento das condições de trabalho, promovidos pela BRF, dialogam com o princípio do ACNUR de “responsabilidade compartilhada”, em que diversos atores da sociedade (organizações, empresas, entes públicos, instituições e academia) interagem e assumem papéis que efetivamente atuam pela integração da população refugiada, possibilitando que seus conhecimentos, experiências e dedicação possam ser plenamente exercidos.