Famílias de refugiados encontram esperança em hotel grego
Famílias de refugiados encontram esperança em hotel grego
ROVIES, Grécia, 14 de dezembro de 2016 – Durante meses, o hoteleiro Andreas Vasileiou sentiu-se impotente enquanto assistia notícias de refugiados que viviam em condições terríveis na Grécia. Ele queria oferecer-lhes algo melhor, um lugar onde se sentiriam bem-vindos. Então, nesta primavera, seu hotel à beira-mar, administrado pela família, em Evia, segunda maior ilha da Grécia, mudou sua clientela.
Vasileiou respondeu a um convite feito pelo ACNUR, a Agência da ONU para Refugiados, para que hotéis gregos hospedem refugiados como parte de um programa de alojamento financiado pela Comissão Europeia. Seu hotel tornou-se um lar temporário para até 88 solicitantes de refúgio da Síria, Iraque, Eritréia e outros países. Cerca de metade deles são crianças.
O hotel não é apenas um lugar para dormir. Vasileiou foi mais longe. Ele criou um ambiente coletivo onde refugiados, funcionários do hotel e moradores da aldeia vizinha de Rovies podem comer, trabalhar e viverem juntos - e aprender uns com os outros.
No Hotel Rovies, instrutores contratados por meio do programa de alojamento ensinam aos refugiados habilidades de teatro e natação na praia logo em frente. As mulheres refugiadas cozinham suas refeições tradicionais na movimentada cozinha coletiva, enquanto na área de recepção a TV está sintonizada em canais árabes. As crianças frequentam aulas de alemão, inglês e francês, ministradas por professores gregos e por companheiros refugiados. A comunidade que construíram é um exemplo de solidariedade em ação.
"Vivemos todos juntos no hotel", diz Vasileiou. "Eu durmo em um quarto. E a equipe de Atenas dorme em outro. Suas portas estão literalmente sempre abertas. Fazemos com que eles sintam que esta é a casa deles e que eles fazem parte de uma família. "
“Fazemos com que eles sintam que esta é a casa deles e que eles fazem parte de uma família."
Salam, de dez anos, oriunda de uma região fora de Damasco, compartilha um quarto no Hotel Rovies com seus dois irmãos mais velhos. Ela tornou-se a cuidadora deles: Ashraf, de 24 anos, é parcialmente cego, enquanto Ghufran, de 22 anos, tem deficiências de desenvolvimento. Eles estão entre os muitos casos de pessoas vulneráveis que estão no hotel, depois de serem encaminhados para lá por outros centros de recepção de refugiados na Grécia.
“Não é nossa casa, mas é o mais próximo que poderíamos ter agora”, diz Salam.
O programa de alojamento faz parte do plano de relocação da União Europeia, que visa realocar 66.400 solicitantes de refúgio da Grécia para outros países europeus até setembro de 2017. A maioria dos refugiados alojados no Hotel Rovies estão entre os que poderiam encontrar novas residências em outras regiões da Europa. Vários já partiram para a França, Espanha, Suíça, Romênia e Holanda.
Outros, como Salam e seus irmãos, têm um direito legal ao reagrupamento familiar segundo a Regulação de Dublin. Sua mãe e seu irmão de 19 anos são refugiados na Suécia.
Ambos os caminhos - realocação e reunião familiar - vêm com longos tempos de espera de até um ano, e às vezes mais. Numa visita à Grécia em agosto, o Alto Comissário das Nações Unidas para Refugiados, Filippo Grandi, instigou os países da União Europeia a acelerarem estes procedimentos para aliviar a pressão sobre a Grécia, onde muitos dos mais de 50 mil refugiados e migrantes vivem em locais de recepção superlotados e inadequados.