Famílias venezuelanas encontram abrigo e solidaridade em Boa Vista
Famílias venezuelanas encontram abrigo e solidaridade em Boa Vista
Esta numerorosa transferência foi possível devido à abertura de vagas nos abrigos, como resultado da saída de pessoas interiorizadas para outras partes do país. Até o momento, mais de 1.800 pessoas já participaram da estratégia de interiorização, sendo transferidas para 9 outros estados brasileiros. Os voos, operados pela Força Aérea Brasileira, foram intensificados na última semana. O processo de interiorização é conduzido pelo Comitê Federal de Assistência Emergencial, que funciona no âmbito da Casa Civil da Presidência.
Os venezuelanos que estavam em situação de rua foram levados de forma voluntária ao Posto de Triagem de Boa Vista, onde foram cadastrados, alimentados e imunizados antes de serem encaminhados para os abrigos, de acordo com a quantidade de vagas disponíveis e o perfil de cada local. Todos receberam atendimento médico e itens de higiene pessoal.
Jairo, 31 anos, a esposa Yesica, 28 anos, e suas duas filhas Claribel, 6 anos, e Yulia, 8 anos, são uma das famílias acolhidas durante a operação. Jonathan conta que ele e sua família estavam vivendo na rua há um mês e que foi um grande alívio saberem que iriam para um abrigo, com acesso a serviços básicos como alimentação, instalações sanitárias e acompanhamento médico. “Sem trabalho e sem ter onde viver, fica muito difícil seguir a diante. Mas agora tenho certeza que vai ficar melhor”, disse, confiante.
A meta estabelecida pelo governo federal em relação à estratégia de interiorização prevê que, até dezembro, cerca de 400 venezuelanos sejam transferidas a cada semana, o que disponibilizará vagas adicionais para o abrigamento de mais pessoas em situação de vulnerabilidade em Boa Vista. Nesta semana, acontecerão 02 voos, com destino às cidades de Recife, São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília.
Atualmente, cerca de 4.800 pessoas vivem nos onze abrigos estabelecidos no estado de Roraima. O ACNUR e seus parceiros têm apoiado o governo federal na resposta ao aumento do fluxo de venezuelanos no Brasil nos três principais eixos de atuação: ordenamento de fronteira (incluindo registro e documentação), abrigamento e no processo de interiorização – que tem recebido o suporte de outras agências da ONU, como a OIM (Agência da ONU para Migrações), PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), UNFPA e UNICEF.
Além disso, a Agência da ONU para Refugiados tem trabalhado junto com parceiros nas cidades de destino das pessoas interiorizadas para facilitar seu processo de integração local.
Segundo estimativas do ACNUR, 75% dos venezuelanos que chegam ao Brasil e são atendidos pelo Centro de Recepção e Documentação em Pacaraima, na fronteira com a Venezuela, expressam o desejo de viajar para outros estados do país. Além disso, um levantamento recente do ACNUR mostrou que cerca de 40% dos venezuelanos em idade econômica ativa transferidos para outras cidades já conseguiram encontrar emprego.
Cifras do governo brasileiro revelam que cerca de 75 mil venezuelanos procuraram a Polícia Federal desde 2015 para regularizar sua permanência no país. Aproximadamente 46.700 solicitaram refúgio, enquanto outros 15.000 pediram residência. Outros 13.800 têm agendamentos com a Polícia Federal. Segundo a Polícia Federal, quase 155 mil venezuelanos entraram no Brasil desde 2017, sendo que cerca de 79 mil já saíram do país.
Estima-se que 2,3 milhões de venezuelanos estejam vivendo fora de seu país, sendo que mais de 1,6 milhão deixaram a Venezuela desde 2015 – 90% deles com destino aos países da América do Sul.
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