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Feirão do Emprego facilita o acesso ao trabalho para refugiados e imigrantes em São Paulo

Comunicados à imprensa

Feirão do Emprego facilita o acesso ao trabalho para refugiados e imigrantes em São Paulo

Feirão do Emprego facilita o acesso ao trabalho para refugiados e imigrantes em São PauloAo amanhecer da última segunda-feira, dia 18, centenas de migrantes e refugiados formaram uma longa fila à espera da abertura do Centro de Integração da Cidadania do Imigrante.
25 Abril 2016

São Paulo, 25 de abril de 2016 (ACNUR) - Ao amanhecer da última segunda-feira, dia 18, centenas de migrantes e refugiados formaram uma longa fila à espera da abertura do Centro de Integração da Cidadania do Imigrante, no bairro da Barra Funda, em São Paulo.  Às 9h, as senhas de ingresso foram distribuídas e, aos poucos, um total de 550 pessoas teve acesso ao 3º Feirão do Emprego. Essa iniciativa da Assessoria Internacional do governo do Estado de São Paulo - em parceria com o ACNUR, o Pacto Global e o Programa de Apoio para a Recolocação dos Refugiados (PARR) -  teve o objetivo de facilitar a colocação de estrangeiros no mercado de trabalho e o acesso deles aos serviços públicos.

Fomentada pela crise econômica brasileira e pelo aumento do número de refugiados no país, a presença de estrangeiros interessados foi 100% maior do que o Feirão de Empregos de 2015, quando cerca de 250 pessoas compareceram ao CIC do Imigrante. Segundo Danielle do Prado, assessora de Cooperação da Assessoria Especial para Assuntos Internacionais do governo estadual, o comparecimento massivo trouxe motivação aos organizadores do evento e os surpreendeu.

“O resultado do Feirão vai muito além do imediato, que é a oferta de emprego e a entrada dessas pessoas no mercado de trabalho. A vinda de imigrantes e refugiados ao Brasil tem crescido constantemente, e o desconhecimento por parte dos brasileiros é ainda muito grande”, afirmou Danielle. “É fundamental que trabalhemos para derrubar preconceitos e, principalmente, para esclarecer que o trabalho é um elemento extremamente agregador para os imigrantes e refugiados”.

O Feirão permitiu aos refugiados e imigrantes residentes em São Paulo preencher pelo menos dois grandes cadastros de empregos - o do Posto de Atendimento ao Trabalhador (PAT), do governo estadual, e do PARR, uma iniciativa da consultoria Emdoc. Também os colocou em contato com oito empresas privadas e organismos interessados em contratar. “Gostaria de chamar mais empresas a se unirem a nós no esforço de integrar imigrantes e refugiados à nossa sociedade”, insistiu Danielle.

Eveline Keta, de 36 anos, e Carmele Makvanda, de 31 anos, esperaram algumas horas na fila para se cadastrarem. Ambas chegaram a São Paulo em fevereiro passado, vindas da República Democrática do Congo, e vivem em um abrigo destinado exclusivamente a mulheres refugiadas. “Nós precisamos de emprego. Qualquer um serve. Não temos escolha”, afirmou a costureira Eveline, ao expor a sua situação e a de sua amiga, a enfermeira Carmele. “Eu gosto do Brasil. Quero trazer meus três filhos para cá porque eu não vou mais voltar para o Congo. Não volto para lá. Mas sem emprego, fica difícil”.

A ansiedade de Eveline e de Carmele foi compartilhada pela grande maioria dos estrangeiros presentes ao Feirão que, se não conseguiram de imediato o emprego sonhado, pelo menos puderam se registrar para futuras vagas. A empresa Gi Group, que teve o cuidado de ministrar sucessivas palestras sobre como elaborar um bom currículo e se apresentar para uma entrevista de emprego, cadastrou interessados para suas vagas disponíveis de vendedor externo, operador de telemarketing, supervisor e executivo de contas júnior. O Abraço Cultural, organização não-governamental voltada para o ensino de idiomas – espanhol, francês, inglês e árabe – procurava entre os estrangeiros potenciais professores.

“Buscamos pessoas mais capacitadas para dar aulas em empresas ou para atender as demandas mais específicas dos estudantes. Mas não vamos cortar alguém com bom potencial porque não tem experiência como professor. Nós mesmos os preparamos para dar aulas”, afirmou Karina Noçais, professora de francês do Abraço Cultural.

A produtora Colobe Filmes montou um estande para registrar possíveis figurantes e atores para seus futuros vídeos, assim como as empresas de serviços Concentrix e ACP cadastraram potenciais empregados para vagas de menor qualificação profissional, como as de serviços de limpeza. A Mapa recrutou potenciais atendentes para bares e restaurantes, e o Centro Integrado do Imigrante colheu cadastros para 50 vagas de costureira, enquanto expôs seus serviços de remessa de divisas e de abertura de conta corrente em bancos do Brasil.

“Viemos aqui por motivação social. Contratamos os trabalhadores estrangeiros conforme as regras da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e o piso salarial definido pelo sindicato, exatamente como os brasileiros”, disse Alexandre José de Oliveira, diretor Operacional da ACP.

Os participantes ainda puderam receber as primeiras instruções sobre como montar uma microempresa, em um estande montado no Feirão pelo Sebrae, e se inscrever em uma variedade de cursos profissionalizantes. O Fundo de Solidariedade do Estado de São Paulo ofereceu 30 vagas para cursos de beleza, moda, construção civil e padaria artesanal enquanto o Centro de Assistência Social e Jurídica para Imigrantes e Refugiados abriu inscrições para o aprendizado também gratuito de português, inglês e francês.

Outros serviços foram também colocados à disposição dos estrangeiros durante as 8h30 de duração do Feirão. A Defensoria Pública da União forneceu aconselhamento e auxílio jurídico; o Procon manteve um estande para esclarecer o público alvo sobre seus direitos como consumidor no Brasil; e o CadÚnico recebeu inscrições de estrangeiros em condições de acesso ao Bolsa Família. Refugiados e imigrantes puderam ainda aferir a pressão sanguínea, cortar os cabelos e receber orientação sobre seu acesso ao Sistema Único de Saúde e aos postos médicos locais. Também tiveram a chance de se inscrever para atendimento odontológico gratuito oferecido pela universidade Uninove.

“Eu era motorista de caminhão, em Angola, e quero voltar à minha profissão aqui no Brasil. Para isso, preciso trabalhar e juntar dinheiro para tirar a carteira de habilitação brasileira. Esse é o meu plano”, relatou Carlo Nzinga, de 32 anos, há três meses em São Paulo, logo depois de ter seu cabelo e barba aparados por um cabelereiro voluntário.

Por Denise Chrispim, de São Paulo