Festa multicultural promove objetivos sérios em Timisoara

TIMISOARA, Romênia, 03 de fevereiro de 2017 (ACNUR) – Em uma pequena casa localizada em uma região tradicional de Timisoara, refugiados e locais socializam ao som de uma banda de rock. “De onde vocês todos são? ”, perguntou o anfitrião. “Afeganistão, Romênia, Iraque, Rússia, Nigéria, Síria, Marrocos”, responderam aleatoriamente. Sejam bem-vindos à festa multicultural mais bacana de dessa cidade romena.

“Experimente esse arroz com passas”, diz Fareshta que veio do Afeganistão. “Foi minha mãe quem fez”. Nós conversamos bastante e eu gostaria de encontrá-la para um café no dia seguinte, mas ela já tinha compromisso. Iria fazer uma importante prova do seu curso de computação na universidade.

A sala está cheia de refugiados que estão tentando recomeçar suas vidas na Romênia, e de residentes como o anfitrião Flavius Ilioni-Loga, da organização ecumênica AIDRom, que presta apoio oferecendo orientações profissionais, aulas, acomodações e eventos multiculturais.

Um iraquiano chamado Zaher conta que adora o blog Humans of New York, que publica perfis e entrevistas de pessoas que vivem em Nova York, e que pretende fazer algo no mesmo formato em Timisoara. Combinamos de nos encontrar perto da casa de ópera na manhã seguinte.

Quando nos encontramos no café, ele preferiu evitar a sensação de estar sendo interrogado e então concordamos em jogar um jogo ao invés de realizar uma entrevista regular. Assim, cada um tinha a sua vez de fazer uma pergunta. Se algum dos dois respondesse “sem comentários”, o jogo terminava. Em troca de ter revelado que eu frequentei a Universidade de Birmingham, no Reino Unido, Zaher me contou que sua família deixou o Iraque quando Saddam Hussein estava no poder e decidiu ir para os Emirados Árabes.

“Era para termos deixado os Emirados e voltado para o Iraque. Mas não tivemos condições de fazer isso.”

“Meu pai queria uma vida melhor para nós”, ele disse. Eles viveram bem por alguns anos. Zaher, agora com 26 anos, se formou em engenharia civil em Abu Dhabi.

A família estava na Romênia, visitando um irmão de Zaher que estudava medicina, quando os patrões de seu pai encerraram seu contrato de trabalho nos Emirados Árabes. “Foi assim”, Zaher conta, “Era para termos deixado os Emirados e voltado para o Iraque. Mas não tínhamos condições de fazer isso, então ficamos na Romênia”.

Apesar de ser formado em engenharia civil, Zaher agora sonha em fazer “algo social, algo para ajudar os refugiados que vivem aqui”. Conversamos sobre ideias para um site que contará suas histórias. “Timisoara Tales” (Contos de Timisoara, tradução livre) soa como um bom título. Assim, naquela mesa onde estávamos tomando café, nasceu, como um projeto inicial, a página de Facebook Timisoara Tales.