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Filippo Grandi fala sobre os perigos que refugiados enfrentam ao atravessar o Mediterrâneo

Comunicados à imprensa

Filippo Grandi fala sobre os perigos que refugiados enfrentam ao atravessar o Mediterrâneo

Filippo Grandi fala sobre os perigos que refugiados enfrentam ao atravessar o MediterrâneoO Alto Comissário das Nações Unidas para Refugiados divulga comunicado sobre os perigos enfrentados pelas pessoas refugiadas que arriscam suas vidas na perigosa travessia marítima e sobre a importância da mobilização da comunidade internacional.
9 May 2017

GENEBRA, 09 de maio de 2017 - Desde sexta-feira (5), mais de 6.000 pessoas cruzaram o Mediterrâneo para chegar à Itália – fazendo com que o número total deste ano ultrapasse a marca de 43 mil. As chegadas em massa, e o fato de que mais de 1.150 pessoas tenham desaparecido ou morrido ao tentar chegar na Europa desde o começo do ano, mostram que ações de resgate marítimo são imprescindíveis.

A rota da região central do mar Mediterrâneo, entre o norte da África e a Itália, um dos caminhos mais usados pelos solicitantes de refúgio e pelos migrantes que vão para a Europa, se provou particularmente fatal. Desde o início de 2017, a cada 35 pessoas, 1 morreu no mar em meio ao trajeto entre a Líbia e a Itália. E apenas nestes últimos quatro dias, 75 pessoas perderam suas vidas.

Salvar vidas deve ser a prioridade de todos, e desde que as chegadas aumentaram, encorajo que sejam feitos esforços maiores para salvar pessoas nesta perigosa rota. É uma questão de vida ou morte e que vai ao encontro aos nossos sentimentos humanitários mais básicos, e por isso não deveria ser colocado em questão.

Os esforços incansáveis da Guarda Costeira Italiana, em coordenação com a Frontex (a Agência Europeia de Gestão da Cooperação Operacional nas Fronteiras Externas dos Estados Membros da União Europeia), com a Agência da Guarda Costeira e com as ONGs são impressionantes. Juntos, salvaram dezenas de milhares de vidas. Em 2016, ONGs salvaram mais de 46.000 pessoas na região central do Mediterrâneo, representando mais de 26% de todas as operações de resgate. Essa tendência continua e chegou a 33% desde o início deste ano. 

Estou profundamente chocado diante da violência cometida por alguns traficantes, incluindo o assassinato sem piedade de um jovem, relatado por sobreviventes à minha equipe há alguns dias.

O número crescente de passageiros dentro de navios usados por traficantes, com uma média de 100 a 150 pessoas, também são alarmantes e a principal causa de naufrágios. Os riscos aumentam por conta da qualidade dos barcos que está se deteriorando, além do uso de embarcações de borracha ao invés de madeira.

Além disso, é comum não haver telefones via satélite nesses barcos, fazendo com que o resgate seja ainda mais difícil, já que os migrantes e solicitantes de refúgio não podem ligar para pedir ajuda, tornando mais difícil de localizá-los.

Isso não pode continuar. Há uma necessidade urgente não apenas de resolver as causas que levam as pessoas a se deslocar, como também de oferecer alternativas seguras às perigosas travessias para aqueles que precisam de proteção internacional. Isso inclui acesso e formas de chegar até a Europa em segurança, a reunião familiar, a realocação e o reassentamento.

Ações precisam ser tomadas antes que pessoas embarquem em barcos inseguros para atravessar o Mediterrâneo e sejam expostas a terríveis abusos nas mãos de traficantes na Líbia e em outros países de trânsito. Isso também significa dobrar os esforços para resolver conflitos, principalmente na África; e usar recursos de desenvolvimento de forma mais estratégica – reduzir a pobreza, mitigar os efeitos das mudanças climáticas, e apoiar os países que acolhem um grande número de refugiados, além dos países por onde eles passam. Isso requer políticas coordenadas e ação por parte dos europeus e dos outros países doadores.