Fundos provenientes do World Refugee Day ajudam a salvar vida de bebê refugiado iraquiano
Fundos provenientes do World Refugee Day ajudam a salvar vida de bebê refugiado iraquiano
BEIRUTE, Líbano, 19 de Março (ACNUR) – Nizar* e Jihane* chegaram em segurança a Beirute em janeiro depois de terem sido ameaçados em seu país de origem, o Iraque, mas a provação a que foram submetidos não havia terminado ainda. Embora o casal estivesse fisicamente a salvo, a vida do filho de quatro meses encontrava-se em perigo.
O pequeno Ahmed* nasceu com um problema cardíaco e seus pais deixaram de ter condições para custear a cirurgia que ele necessitava. Isto porque a família tornou-se alvo de milícias e teve sua casa saqueada, em sua cidade natal, Kout, na região central do Iraque, informou Jihane, acrescentando que “milícias desconhecidas roubaram nosso dinheiro e jóias. Eu tinha condições de pagar o tratamento do meu filho. Mas tudo se foi”.
Ela e seu marido estavam desesperados quando procuraram o escritório do ACNUR em Beirute com o objetivo de se registrarem como refugiados. Funcionários da agência de refugiados notaram que Ahmed necessitava ser imediatamente internado e não mediram esforços em ajudar a encontrar recursos para custear o caro tratamento que poderia salvar sua vida
Verificou-se que o escritório ainda possuia parte da renda de uma apresentação para arrecadação de fundos do aclamado músico iraquiano Naseer Shamma no World Refugee Day, ocorrido em 20 de Junho do ano passado em Beirute. O ACNUR doou US$ 9.000,00 e, posteriormente, mais US$ 5.000,00 provenientes do HeartBeat, que ajuda crianças com doenças cardíacas congênitas. Jovens refugiados iraquianos doaram sangue.
Ahmed foi levado ao Hospital Hotel-Dieu de France em Beirute, onde foi realizada a cirurgia no início de Fevereiro. O procedimento cirúrgico no coração doente de Ahmed levou 8 horas – período de muita emoção para seus ansiosos pais, especialmente porque os médicos consideraram em 50% as chances de sobrevivência do bebê.
“É uma cirurgia longa e complicada. Dependerá do estado do coração e da força do bebê”, disse o cirurgião-chefe, Issam El-Rassi, antes da cirurgia.
“Pareceu uma eternidade”, relembrou Jihane. “Alguns dias após a cirurgia, quando o perigo havia passado, eu ouvi sua voz pela primeira vez. Ele até sorriu para nós e ouvi sua primeira risada”, acrescentou a orgulhosa mãe.
Com o sucesso da operação, os membros do ACNUR ficaram muito satisfeitos. “Senti ao mesmo tempo orgulho e satisfação pessoal”, revelou Marie Akiki, Oficial Sênior de Serviços Comunitários. “Nós provamos uma vez mais o compromisso e dedicação do ACNUR. Acompanhamos o processo com os pais diariamente”.
Uma emotiva Jihane, segurando fortemente seu filho, disse que será eternamente grata a todos que contribuíram para dar a eles e a seu filho um futuro. “Não temos palavras para expressar nossa gratidão”, ela disse.
Quando ficou grávida, logo após seu casamento, Jihane disse: “senti que minha vida tomaria um novo rumo”. As coisas, no entanto, logo começaram a dar errado em sua vida. Hoje, apesar do futuro ainda incerto, Jihane e Nizar têm algo por que viver – Ahmed conseguiu, simplesmente, sobreviver.
Há cerca de 50 mil iraquianos no Líbano, dos quais 9.234 estavam registrados como refugiados no ACNUR no final de Fevereiro. Um número crescente de refugiados que procuram o ACNUR no Líbano é de pessoas que precisam de assistência médica. No ano passado, a agência auxiliou quase 800 pessoas no recebimento de assistência médica interna e forneceu serviços externos para aproximadamente 4.800 pessoas.
* Nomes alterados por razões de segurança
Por Laure Chedrawi de Beirute, Líbano