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Futebol reúne refugiados e brasileiros pelo fim da violência contra as mulheres

Comunicados à imprensa

Futebol reúne refugiados e brasileiros pelo fim da violência contra as mulheres

Futebol reúne refugiados e brasileiros pelo fim da violência contra as mulheresAo lado de um dos “templos sagrados do futebol” e futuro palco da Copa do Mundo 2014, um grupo diferente de “atletas” demonstra muita habilidade com a bola nos pés.
13 Dezembro 2013

Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2013 (ACNUR) - Ao lado de um dos “templos sagrados do futebol” e futuro palco da Copa do Mundo 2014, um grupo diferente de “atletas” demonstra muita habilidade com a bola nos pés.

Os talentos se exibem na quadra da Escola Municipal Friedenreich, vizinha do estádio. Entre eles estão cerca de 20 refugiados e solicitantes de refúgio de diferentes nacionalidades que vivem no Rio de Janeiro, em equipes compostas também por brasileiros. Na plateia, estudantes da escola que acompanham as partidas com entusiasmo, gritos e aplausos.

Ocorrido no final da semana passada, o evento marcou a adesão dos refugiados e solicitantes de refúgio à iniciativa global conhecida como “16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência Contra as Mulheres”. A atividade foi organizada pela Caritas Arquidiocesana do Rio de Janeiro e pela ONG Promundo, com o apoio do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR).

Além dos refugiados e dos funcionários da Caritas, outras 200 crianças da instituição (da educação infantil ao 5º ano) participaram da atividade, que coincidiu com o encerramento das olimpíadas da escola. Os participantes usavam camisetas alusivas aos “16 Dias de Ativismo”, com os dizeres “Homens pelo Fim da Violência Contra as Mulheres”.

Ainda que não tenham jogado, as mulheres contribuíram ativamente para a iniciativa. O pontapé inicial dos amistosos foi dado por uma refugiada de Serra Leoa, que carregava a filha de 07 meses no colo, e a juíza da partida foi a professora de educação física da Escola Friedenreich, Andrea Filardi. “É um ato muito bacana, um jogo festivo e em tom de respeito à mulher. Achei ótimo as crianças terem contato com outros idiomas e culturas”, disse, elogiando o fair play das equipes.

Cada equipe usava camisetas de cores diferentes. Em volta da quadra, os pequenos torcedores entoavam coros de apoio aos jogadores. As cores que identificavam os times logo passaram a ser cantadas em francês, idioma falado pela maioria dos participantes, vindos da República Democrática do Congo. Aos gritos de “vert”, “violet”, “gris”, “blanc” e “orange”, as crianças vibravam com as jogadas e com os muitos gols. 

Entre as torcedoras estavam as amigas brasileiras Thayane Caetano, de 10 anos, e Fancilane Marlene, de 11 anos, que demonstraram curiosidade com a origem dos jogadores. “É legal e interessante porque é algo muito diferente”, disse Thayane. “Eu nunca tinha visto um refugiado e nem um jogo assim, tão de perto. Estamos torcendo pelo ‘blanc’”, contou Francilane, antes de comemorar mais um gol.

De tão empolgados, alguns alunos queriam integrar os times e confraternizar com os convidados estrangeiros na quadra. Outros pediam autógrafo para os craques.

O assistente social da Cáritas, Diego de Bem, suou a camisa para acompanhar a velocidade do futebol dos africanos. “Foi uma oportunidade bacana para discutirmos a questão dos direitos das mulheres de forma lúdica, passando a ideia da igualdade de gênero para essas crianças, mulheres e refugiados, o que promove um ganho coletivo”, afirmou. “O futebol é uma linguagem comum que agrega a todos, quebrando barreiras. Foi bem divertido participar e jogar com eles”, frisou.

O congolês Alphonse*, maravilhado por poder jogar a poucos metros do Maracanã, ficou com a mesma impressão positiva. “Foi uma das melhores coisas que fiz desde que cheguei ao Brasil”, revelou.

Durante toda a atividade, os passes, dribles, cabeçadas e chutes a gol eram observados atentamente pela congolesa Priscila*, de 25 anos. A convite da equipe da Cáritas, ela, que era apresentadora de televisão em seu país de origem, colaborou com a cobertura da partida, entrevistou os presentes e tirou fotografias.

“Estou muito alegre porque há dois anos não praticava o jornalismo. Quero aprender português e me especializar na imprensa escrita”, contou ela, que foi perseguida e sequestrada por soldados do Exército congolês depois de realizar reportagem com um dos líderes do grupo M23, milícia rebelde que atua contra o governo central daquele país.

A coordenadora da Friedenreich, Andrea Neves, explicou que a escola já vinha realizando uma série de ações voltadas para o ensino de como funcionam as instituições políticas, o sistema democrático e a cultura de outros povos. “Esse evento caiu ‘como uma luva’, pois se tratou de uma chance de as crianças se entrosarem, respeitarem as diferenças e conhecerem outras pessoas com histórias de vida tão distintas. Os professores ficaram interessados em discutir essas questões e em dar continuidade a esses debates”, disse.

Felipe Albuquerque, do Rio de Janeiro