“Gostaria de dar um futuro melhor aos meus filhos”: a história de Farishta, a deslocada interna que não pode ir para casa
“Gostaria de dar um futuro melhor aos meus filhos”: a história de Farishta, a deslocada interna que não pode ir para casa
Existem poucas experiências mais aterrorizantes do que ser forçado a sair de casa. Poucas mais perturbadoras do que ser forçado a se casar. E poucas situações mais debilitantes para viver no Afeganistão do que ser viúva.
Farishta*, com apenas 28 anos, tem experiência direta em todos as três situações. E isso colocou ela e seus dois filhos em risco ainda maior à medida que a crise humanitária do país se aprofunda.
Ela e o resto de sua família tiveram que fugir quando o Taleban invadiu Takhar, sua província natal no norte do Afeganistão. Um dos irmãos de Farishta, Salim, havia trabalhado como tradutor para as forças americanas e eles temiam que ele pudesse ser um alvo. Eles decidiram tentar se refugiar no Irã. Apesar de arriscada, cerca de 500.000 afegãos já tentaram essa jornada desde agosto de 2021. O Afeganistão enfrenta uma crise humanitária sem precedentes. A sua doação é a última esperança para milhares de família.
Mas com 20 pessoas em seu grupo familiar – incluindo seus irmãos e seus filhos – eles não podiam pagar as taxas que os contrabandistas exigiam para fazê-los cruzar a fronteira. Assim, seus pais e irmãos mais novos foram para o Irã, enquanto Farishta, sua filha Rehana, 10, e o filho Aslam, 11, ficaram para trás.
Apesar do risco, Salim, de 20 anos, também ficou para cuidar de Farishta. Por ser viúva, ela estaria especialmente em desvantagem por conta própria devido à dificuldade que as mulheres têm para encontrar trabalho. Sob o domínio do Taleban, seria ainda mais difícil. A essa altura, seus combatentes haviam invadido Cabul e havia a preocupação de que impediriam as mulheres de sair de casa sem um mahram, ou guardião masculino, uma regra que no passado tornava as viúvas indigentes. “Eu não podia deixar minha irmã sozinha”, diz Salim. “Eu tive que cuidar dela.”
Mas eles não conseguiram voltar para casa e tornaram-se deslocados internos. Outra parte da história de vida de Farishta também a perseguiu: seu casamento forçado quando tinha apenas 17 anos.
O pai de seu falecido marido há muito exigia que ela entregasse seus filhos, Rehana e Aslam, aos seus cuidados, dizendo que eram dele. Farishta voltou para a casa de seus pais depois que seu marido morreu, na época em que ela estava grávida de Rehana. “Mesmo assim, ele costumava me bater”, diz ela. Agora, sem sua família para protegê-la, encontrar refúgio na capital seria a única opção. O pai de seu marido continua a ligar, ela diz. “Ele sabe que estamos em Cabul. Estou apavorada que ele descubra onde moramos.
O ACNUR tem prestado ajuda à Farishta e seu pequeno grupo familiar depois que uma equipe de avaliação os identificou como necessitando de assistência emergencial. Até o momento, a família recebeu cerca de US$ 490 em doações em dinheiro. A quantia os ajudará a pagar o aluguel do apartamento de um cômodo onde moram e a comprar lenha, cobertores e roupas para passar o inverno. Mas o fardo sobre Farishta não diminuiu.
“Gostaria de poder dar um futuro melhor aos meus filhos, educá-los, mas estamos presos”
O resto de sua família no Irã está lutando. Seus irmãos encontraram apenas trabalhos mal pagos, como varredores de rua. Mesmo enquanto ela tenta cuidar de seus filhos, Farishta teve que enviar dinheiro para ajudar seus outros parentes, ficando endividada.
“Gostaria de poder dar um futuro melhor aos meus filhos, educá-los, mas estamos presos”, diz. “Sinto-me constantemente deprimida.”
A única esperança que ela tem é receber mais ajuda. Doe agora mesmo e ajude mulheres como Farishta a reconstruírem suas vidas e seus sonhos.
*Nome alterado por motivos de proteção.