Guterres pede proporcionalidade à ajuda internacional para a RDC
Guterres pede proporcionalidade à ajuda internacional para a RDC
KINSHASA, República Democrática do Congo (RDC), 22 de julho (ACNUR) – O Alto Comissário para Refugiados, António Guterres, esteve hoje em Kinshasa como parte de sua visita de três dias à RDC, para chamar a atenção para o sofrimento das pessoas deslocadas no Congo e para a necessidade de garantir o acesso humanitário a eles.
Guterres, que viajou quarta-feira para a província de Equateur no oeste da RDC, disse que sua agência estava se preparando para restabelecer a presença na região para ajudar os deslocados internos, além de preparar o retorno dos refugiados.
“A necessidade é de preparar as condições para que as pessoas possam retornar às suas casas”, ele disse. Durante sua visita ao Congo ele encontrou com ex-deslocados internos que pediram ajuda para reconstruir suas vidas depois dos violentos confrontos, os quais queimaram a maioria das casas e danificaram a infra-estrutura. Os escritórios do ACNUR na região também foram destruídos durante o conflito, forçando a agência a suspender suas operações na área.
Com a melhora na segurança, o ACNUR está planejando abrir escritórios em Dongo e Mbandaka. Essas áreas são os lugares de origem da maior parte dos 115 mil refugiados atualmente exilados na República do Congo – muitos dos quais esperam poder retornar quando a paz e a segurança forem restauradas em seus locais de origem.
Enquanto promete a ajuda do ACNUR, Guterres alerta que a assistência humanitária é uma simples “gota no oceano” comparada às necessidades de desenvolvimento da região.
“As raízes do conflito devem ser observadas, e programas de desenvolvimento que facilitem a integração socioeconômica devem ser implementados. A resposta da comunidade internacional deve ser proporcional às dimensões e à natureza dos problemas”, adicionou.
Está previsto que Guterres viaje para a província do Norte Kivu na sexta-feira com o Diretor Executivo do Programa Mundial de Alimentos, Josette Sheeran. Antes da viagem conjunta, Sheeran e Guterres se encontrarão ainda hoje com o presidente Joseph Kabila e os membros seniores do seu governo.
O conflito entre as milícias e as forças armadas congolesas, assim como a violência contra os civis, deslocou 1.85 milhão de pessoas e criou 450 mil refugiados – a maioria abrigada pelos países vizinhos. Somente no ano passado, aproximadamente 210 mil foram deslocados da província de Equateur – tanto internamente quanto em países vizinhos. Mais de um milhão de pessoas foram deslocadas, também, no leste da RDC.
A insegurança impediu o acesso humanitário a diversas áreas. Até 2010, o ACNUR registrou 116 ataques contra trabalhadores humanitários.
Sheeran e Guterres viajarão a Kampala no fim de semana para a abertura da conferência da União Africana, programada para o dia 25 de julho.
Por Celine Shimitt, em Kinshasa, e Fati Lekeune-Kaba, em Genebra