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Haiti: mulheres deslocadas participam de projeto de trabalho comunitário

Comunicados à imprensa

Haiti: mulheres deslocadas participam de projeto de trabalho comunitário

Haiti: mulheres deslocadas participam de projeto de trabalho comunitárioPassados mais de dois meses depois do terremoto que arrasou grandes áreas do Haiti, pelo menos 1,9 milhão de sobreviventes continuam deslocados.
25 Março 2010

FONDS-VERRETTES, Haiti, 24 de março (ACNUR) – Passados mais de dois meses depois do terremoto que arrasou grandes áreas do Haiti, pelo menos 1,9 milhão de sobreviventes continuam deslocados. Cerca de 1,3 milhões de homens, mulheres e crianças estão vivendo em assentamentos e campos improvisados na capital, Porto Príncipe, e  arredores. Há, ainda, mais de 600 mil pessoas, embora menos lembradas, em iguais condições, que fugiram da zona do terremoto para província vizinhas.

Cerca de 8 mil sobreviventes to terremoto buscaram refúgio em Fond-Verrettes, uma comunidade rural isolada, incrustada nas montanhas haitianas ao sul do país, já na fronteira com a República Dominicana. A população local tem recebido parentes próximos e distantes, amigos e conhecidos vindos da capital, apesar das dificuldades causadas pelo aumento do número de pessoas que dividem as habitações.

Os moradores de Fonds-Verrettes sofrem com a pobreza persistente desde antes do terremoto. Muitas famílias não têm condições de enviar os filhos à escola. Ainda assim, o pouco de que dispõem é compartilhado sem hesitação.

Sem oportunidades de emprego e poucas opções de socialização que poderiam aliviar as feridas psicológicas dos deslocados, o ACNUR inaugurou um projeto comunitário de costuraria para mulheres. Esse projeto tem por objetivo fazer com que as mulheres deslocadas e os que as acolheram possam ter uma fonte renda, fortalecendo, assim, o apoio mútuo.

A agência de refugiados da ONU enviou 8 máquinas de costura e uma ajuda em dinheiro para os materiais necessários para a Oganizasyon Fanm Solidè Fonvèrèt, uma cooperativa feminina em Fonds-Verrettes. O projeto qualificará o grupo, que já congrega mais de 140 membros locais, a treinar dezenas de mulheres deslocadas para se tornarem costureiras. A cooperativa venderá a produção para uma rede de comerciantes estabelecidos nas comunidades vizinhas.

 A cooperativa de costura proporciona um ambiente seguro e agradável no qual  mulheres deslocadas podem socializar e se recupera dos efeitos do terremoto. De acordo com Olga Jean Polynice, coordenadora local do projeto, “a iniciativa não é tão somente dar às mulheres a oportunidade de ganhar algum dinheiro. É também a criação de uma comunidade que congregue mulheres deslocadas, dando-lhes condição para apoiarem umas as outras nas conseqüências dos traumas a que estiveram expostas”.

Marie-Justine Romelus, de 24 anos, encontrou a segurança que precisava junto aos seus parentes em Fonds-Verrettes depois que sua casa foi destruída pelo terremoto em Porto Príncipe. Apesar de não saber costurar, ela aceitou a oportunidade que a cooperativa oferece.

A sua nova vizinha, Sonia Chery, também deslocada de Porto Príncipe, participará também. “Ela tem experiência na confecção de vestidos e terá condições de voltar ao seu ramo de trabalho novamente”, afirmou Marie-Justine. “Ela vai ajudar mulheres como eu a aprender uma nova habilidade que, por fim, me ajudará”.

O projeto de costura complementa a distribuição de donativos, tais como lençóis de cama, sabão, lanternas, utensílios de cozinha e baldes nas comunidades rurais, feitas pelo ACNUR em parceria com autoridades municipais e locais e que vem beneficiando  mais de 20 mil deslocados e famílias acolhedoras na zona de fronteira haitiana.

“A maior atenção tem sido dada para a obtenção de ajuda que pode salvar vidas em Porto Príncipe. No entanto, na zona rural os recursos locais têm sido severamente racionados”, afirmou o líder  do grupo do ACNUR, Gonzalo Vargas Llosa. “Se as comunidades rurais não receberem ajuda para lidar com as dezenas de milhares de novas chegadas, a maioria dos deslocados terá que retornar a Porto Príncipe. Caso ocorra, piorará a situação nos campos e assentamentos, o que colocará mais crianças e mulheres em risco”.

Dependendo do apoio dos doadores, o ACNUR planeja implementar um programa de projetos ainda mais ambicioso nas províncias, visando beneficiar os que foram deslocados pelo terremoto e as comunidades rurais que os receberam.

 

Por Rosalie Fournier, em Fond-Verrettes, Haiti