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Iemenitas deslocados por nova onda de violência enfrentam inverno rigoroso

Comunicados à imprensa

Iemenitas deslocados por nova onda de violência enfrentam inverno rigoroso

19 Janeiro 2018
Crianças deslocadas tentam aquecer suas mãos com sucata queimada do lado de fora de sua casa. Antigo prédio comercial é agora abrigo de várias famílias deslocadas. © ACNUR/Shadi Abusneida
ADEN, Iêmen, 19 de janeiro de 2018 – Após ter aguentado quase três anos vivendo no conflito que assola a província de Al Hudaydah, localizada no Mar Vermelho do Iêmen, a família Saad* partiu, por fim, depois da escalada de violência que assolou a região nas últimas semanas. A destruição da casa de seu vizinho deixou a família com medo de perderem suas vidas.

A família de cinco pessoas rapidamente fez as malas e pegou a estrada esquivando-se de balas, bombas e minas para conseguir escapar. Mohammed Saad, pai de três filhos, diz que deixaram sua casa, localizada no distrito da costa de Al Khawkhah, no momento certo.

“Nós tivemos sorte e deixamos o lugar no momento certo – três dias depois, um ônibus lotado de pessoas que também tentavam deixar o local foi atingido e várias pessoas morreram”, disse o antigo motorista Mohammed, que agora vive com sua esposa e filhos num abrigo coletivo próximo da cidade portuária de Aden, na região sul do país.

A família Saad está entre mais de 32.000 pessoas deslocadas por uma nova onda de violência dentro do Iêmen que teve início há dois meses. As hostilidades começaram na capital Sana’a no começo do inverno, antes da insurgência de conflitos em Al Hudaydah, onde 113 pessoas foram mortas na última quinzena, local em que a maioria das pessoas foi forçada a deixar suas casas. Outros recentes deslocamentos incluem pessoas da linha de conflito no leste de Al Shabwah.

Hayat Saif, mãe solteira, que foi forçada a deixar Al Khawkah há três semanas, descreveu a luta como a pior que já viu durante o conflito.

“Em certo momento a intensidade do conflito aumentou tanto que nossa única opção era sair. Estávamos dormindo sob móveis na tentativa de nos proteger. Algumas das famílias ficaram para trás e agora têm que se esconder nos subsolos”, diz Hayat.

A última situação de violência aumentou a pior crise humanitária mundial, com mais de 22 milhões de pessoas – aproximadamente três quartos da população total – em necessidade de assistência humanitária. Mais de três milhões de pessoas foram arrancadas de suas casas desde o início do conflito em março de 2015, onde apenas um terço pôde retornar.

Dentre os dois milhões de iemenitas que ainda estão deslocados, quase 90 por cento deles estão vivendo longe de casa há mais de um ano, pressionando os recursos e as comunidades locais que os acolhem enquanto o país está à beira da fome.

A chegada do inverno no Iêmen, onde as temperaturas podem chegar abaixo de zero grau em várias províncias, piorou a situação de várias pessoas, particularmente daqueles que estão deslocados e vivendo em acampamentos informais, expostos a céu aberto com pouca proteção contra o frio.

Desde o começo do conflito, o ACNUR, a Agência da ONU para Refugiados, tem providenciado assistência emergencial e serviços de proteção para iemenitas vulneráveis na região. Mais de um milhão de homens, mulheres e crianças deslocados, afetados pelo conflito, receberam itens de alívio como colchões, cobertores, colchonetes de dormir, utensílios de cozinha e baldes.

No último mês, mais de 18.000 famílias iemenitas deslocadas (cerca de 130.000 pessoas) receberam assistência do ACNUR para o inverno na forma de 200 dólares para ajudar com suas necessidades.

Para Fatemah Murai e suas três netas órfãs, que foram deslocadas de Nihm (distrito da capital de Sana’a e um dos estopins do conflito) para o acampamento informal de Dharawan nos arredores da cidade, a ajuda monetária do ACNUR fará com que permaneçam aquecidas durante o inverno enquanto esperam poder voltar para casa.

“Perdemos nossa terra, casa e móveis, nos tornamos sem-teto do dia para a noite. Essa é a primeira vez que recebemos ajuda desde que fomos deslocadas. Estamos enfrentando ainda maiores dificuldades no inverno, mas agora podemos comprar mais cobertores, roupas e medicamentos”, disse Fatemah.

*Nomes modificados por razões de proteção.