A imensa escala das inundações no Paquistão dificulta ajuda humanitária
A imensa escala das inundações no Paquistão dificulta ajuda humanitária
As inundações do Paquistão estão desafiando a capacidade de resposta de emergência do país, assim como a do ACNUR e de outras agências das Nações Unidas e internacionais.
Nossa equipe de funcionários no Paquistão diz que a situação é uma das mais difíceis que já enfrentaram. Milhares de aldeias e vilas, situadas em áreas baixas, não viam inundações nessa escala há gerações. Em todo o país, a Comissão Federal do Paquistão para Inundações estima que o número de casas destruídas ou danificadas ultrapasse os 300 mil, e que mais de 14 mil bovinos tenham morrido e 2,6 milhões de hectares de terras cultiváveis tenham sido alagadas. Até agora, cerca de 1.6 mil pessoas foram mortas e milhões de refugiados afegãos e paquistaneses foram afetados pelas enchentes.
O trabalho de socorro do ACNUR tem se concentrado na região Norte, onde a inundação foi mais grave. Normalmente, nosso trabalho é voltado para refugiados afegãos e paquistaneses deslocados pelos conflitos, mas nesse momento estamos trabalhando igualmente para todas as comunidades afetadas, tanto no Paquistão quanto no Afeganistão. Atualmente algumas rodovias estão bloqueadas, e em vários lugares estamos lidando com condições de segurança bastante difíceis. Quando distribuímos as tendas para as pessoas elas têm dificuldade em encontrar terra seca para montar as barracas. Entre as pessoas presas pelas enchentes há fazendeiros e também muitos refugiados afegãos que viviam nas planícies que foram inundadas - na verdade, dos 1,7 milhão de refugiados afegãos registrados, 1,4 milhão reside nas áreas mais afetadas. Muitas pessoas estão desabrigadas e perderam seus alimentos, animais e todos seus pertences.
O ACNUR tem trabalhado no terreno em coordenação com o governo, agências da ONU e instituições de caridade para responder à crise e satisfazer as necessidades de alimentação, abrigo, remédios e água. Embora contemos com as facilidades de estar presente nas províncias paquistanesas de Khyber Pashtunkhwa e Baluchistão há mais de 32 anos, responder às demandas está sendo um enorme desafio. Na província de Baluchistão, por exemplo, nossos estoques estão quase esgotados. Caminhões enviados de Peshawar, Lahore e Karachi contendo tendas adicionais, e outros itens, foram atrasados por mais de uma semana devido às estradas alagadas. Em algumas partes do Vale de Swat, na Província de Khyber Pakhtunkhwa, no norte do Paquistão, chegar às áreas afetadas continua sendo difícil devido a deslizamentos de terra ou corte de pontes. Nessas zonas, milhares de pessoas que precisam de ajuda continuam inacessíveis.
Até agora, o ACNUR forneceu mais de 41 mil lonas de plástico, 14.5 mil tendas familiares, 70 mil cobertores, 40 mil colchões, 14.8 mil kits de cozinha, 26.6 mil galões de gasolina, 18.6 mil baldes de plástico, 17.7 mil mosquiteiros e 13.3 mil toneladas de sabão. Na segunda-feira enviamos 1.000 tendas para o sul da província de Sindh, onde os alagamentos permanecem intensos. Hoje, em Khyber Pakhtunkhwa, estamos enviando 300 barracas e kits familiares para Utmanzai, 500 tendas e 1.000 kits familiares para Upper Dir, 193 tendas, kits familiares e lonas de plástico para Khazana, 300 tendas, kits familiares e lonas de plástico para Azakahel e 75 de cada um para Khursan.
O ACNUR pretende lançar em breve um apelo de emergência por fundos adicionais para apoiar até 560 mil pessoas afetadas pela crise. Além de fornecer ajuda através de tendas, lonas de plástico, abrigos provisórios para as mulheres chefes de família, utensílios de cozinha, colchões, cobertores, mantas, mosquiteiros, o ACNUR pretende, também, reabilitar as instalações coletivas que foram destruídas pelas inundações, como as redes de água e esgoto, clínicas, escolas e estradas.