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Insegurança no Iêmen ameaça refugiados e migrantes

Comunicados à imprensa

Insegurança no Iêmen ameaça refugiados e migrantes

Insegurança no Iêmen ameaça refugiados e migrantesO ACNUR lançou uma campanha para enfatizar os perigos para milhares de pessoas - a maioria da Etiópia e da Somália - que continuam indo para o Iêmen apesar do conflito.
15 Fevereiro 2017

SANÁ, Iêmen, 14 de fevereiro de 2017 - Mencione a alguém as palavras "Iêmen" e "refugiados" e eles certamente terão em mente as pessoas que fogem do estado de guerra. O Iêmen é um país que tem sido devastado por lutas desde 2015, e a situação lá só tem piorado com terceiros que contribuíram para a guerra civil.

Assim, talvez seja surpreendente que, embora milhares de pessoas estejam fugindo do Iêmen para o nordeste da África (cerca de 87 mil no ano passado), mais pessoas ainda estão indo na outra direção, com mais de 117 mil passando pelo Golfo de Áden e Mar Vermelho em direção a este lugar de insegurança somente no ano passado.

Desde 2013, cerca de 290 mil refugiados e migrantes desembarcaram na costa iemenita. Quase 80% destes eram etíopes, e o restante, somalis. A maioria viaja para o Iêmen na esperança de usar o país como um ponto de trânsito, enquanto outros desejam ficar no Iêmen, e frequentemente desconhecem os perigos envolvidos.

Os números mais recentes representam um aumento constante dos movimentos irregulares da África para o Iêmen - de 65.000 em 2013, 91.600 em 2014 e 92.500 em 2015, respectivamente. Tudo isso apesar do agravamento do ambiente no Iêmen, onde uma guerra em larga escala está em curso desde 2015.

“Não devemos permitir que contrabandistas e traficantes sem escrúpulos atraiam pessoas expondo-as à riscos e perigos onde elas esperam encontrar proteção.”

O ACNUR, a Agência da ONU para Refugiados, lançou hoje uma campanha para aumentar a conscientização sobre os perigos enfrentados por aqueles que se dirigem ao Iêmen ou atravessam o país. Os perigos variam desde morte no mar a assalto, extorsão e abuso por redes criminosas, bem como aqueles decorrentes da guerra em si, que fez com que quatro quintos da população do Iêmen dependam da ajuda humanitária.

“Queremos capacitar os refugiados para que tomem decisões informadas sobre o seu futuro”, diz Volker Türk, Alto Comissário Assistente para Proteção do ACNUR. “Aqueles que decidem fugir precisam saber quais perigos estão à frente. Não devemos permitir que contrabandistas e traficantes sem escrúpulos atraiam pessoas para riscos e perigos onde elas esperam encontrar proteção”.

O ACNUR recebeu relatos de abusos físicos e sexuais, privação de alimentos e água, rapto, extorsão, tortura e trabalho forçado por contrabandistas e redes criminosas. Também houve um aumento nas prisões, detenções e retornos forçados.

As mulheres - que representam cerca de um terço dos refugiados e migrantes da Somália e 13% dos oriundos da Etiópia - estão particularmente em risco, uma vez que podem ser alvo de violência sexual e do risco de serem traficadas. Os números das agências parceiras que monitoram o litoral do Iêmen sugerem que cerca de um quarto das pessoas que viajam para o país são crianças.

Contrabandistas frequentemente lançam os passageiros no mar quando estão perto da costa. Dos milhares de refugiados e migrantes que fizeram a viagem, um total de 446 pessoas foram consideradas mortas ou desaparecidas nos últimos três anos. É razoável supor que estes números não correspondam ao número real de mortes, uma vez que é difícil para o ACNUR e os seus parceiros operarem numa zona de guerra.

“Eles me machucaram muito e eu sequer consegui um tratamento médico... Estou doente, com fome e muito infeliz aqui.”

“Não há nada aqui para mim e a vida é muito perigosa”, diz uma mulher etíope que fez a viagem. “No mês passado, eu apanhei muito de pessoas que estavam procurando por dinheiro que eles me acusaram de roubar. Eles me machucaram muito e eu sequer consegui um tratamento médico. Eu tive que esperar que as feridas cicatrizassem sozinhas, o que ainda não aconteceu. Estou doente, com fome e muito infeliz aqui”.

O cerne do problema é que é muito difícil prestar assistência a quem precisa dela em um lugar tão perigoso quanto o Iêmen. Enquanto o mandato central do ACNUR é proteger os refugiados, “segurança” é um termo incorreto dentro de um país em guerra. A capacidade operacional da Agência é severamente limitada pela falta de segurança, tanto para o seu pessoal e parceiros como para aqueles a quem gostaria de ajudar.

Quase 19 milhões de pessoas precisam de ajuda humanitária. A dificuldade de estabelecer redes de segurança para refugiados e migrantes num ambiente tão inseguro é uma das razões pelas quais o ACNUR tem alertado durante muito tempo sobre os perigos para as pessoas que viajam para o Iêmen.

Relatos sugerem que, embora a viagem possa custar entre 300 e 500 dólares, a realidade é que as pessoas em movimento perdem muito mais com a extorsão, com as histórias de refugiados e migrantes sendo sequestrados e resgates sendo exigidos de suas famílias.

É claro que um grande número dos que se arriscam na viagem para o Iêmen não estão conscientes dos perigos que correm. As redes de contrabando minimizam os perigos e as ameaças que as pessoas que se movem irregularmente enfrentam e aqueles que sobrevivem à provação muitas vezes não conseguem relatar por completo a situação pela qual passaram. O ACNUR está empenhado fazer com que estes riscos sejam mais considerados.