Insegurança no Sudão do Sul faz aumentar número de deslocados internos
Insegurança no Sudão do Sul faz aumentar número de deslocados internos
GENEBRA, 08 de janeiro (ACNUR) - A agência da ONU para refugiados está cada vez mais preocupada com o recente aumento dos índices de insegurança no Estado Equatorial Ocidental do Sudão do Sul e seu grave impacto sobre a população civil.
A ACNUR alertou que combates locais entre grupos armados e soldados do governo, e um aparente estado de colapso da lei e da ordem, estão sendo relatados em Yambio e regiões vizinhas, aproximadamente a 300 quilômetros ao oeste da capital Juba.
"Tiroteios esporádicos são comum, e também tem havido um aumento da criminalidade envolvendo roubos de carros, ataques à propriedade do governo, saques de casas de civis e agressões sexuais supostamente realizadas por jovens armados", disse o porta-voz do ACNUR Adrian Edwards em uma coletiva de imprensa em Genebra, na última sexta-feira (08 de janeiro).
A recente missão da ONU para Yambio relatou quase 200 casas queimadas no bairro de Ikpiro e várias centenas de outras casas saqueadas. As pessoas buscam se abrigar no centro da cidade ou fogem para aldeias vizinhas, disse Edwards, acrescentando que, segundo as estimativas da ONU, o número de pessoas deslocadas no Estado Equatorial Ocidental, nas províncias de Yambio e Tambura, chega a 15.000 desde o início de dezembro.
A violência também está levando as pessoas a fugir de suas casas e percorrer centenas de quilômetros ao sudeste, em direção ao país vizinho Uganda, onde 500 refugiados foram registrados por dia desde o início desta semana - quadruplicando a quantidade de pessoas em números recentes. Assim como a violência, os refugiados citam a insegurança alimentar devido a colheitas fracassadas como uma razão para sua fuga.
No mês passado, a ACNUR informou que os combates entre grupos locais conhecidos como os "Arrow Boys" (Meninos Flecha, tradução livre) e o exército do Sudão do Sul tinham deslocado mais de 4.000 pessoas em uma remota região do nordeste da República Democrática do Congo.
Desde a última sexta-feira, o número de recém-chegados registrados, a maioria na área ao redor de Dungu, tinha subido para 6.181, sendo 4.164 nacionais do Sudão do Sul e 2.017 congoleses que já viviam como refugiados no Sudão do Sul. O fluxo tem aumentado em 2016, embora a um ritmo reduzido. A agência do governo para refugiados registrou 268 pessoas na semana passada.
"Em geral, estes são acontecimentos alarmantes para uma região do Sudão do Sul, que até agora tem sido relativamente estável. As implicações para o acesso humanitário a cerca 7.400 refugiados que vivem no Estado Equatorial Ocidental são muito preocupantes", disse Edwards.
A ACNUR está em contato com as autoridades governamentais relativas à segurança desses refugiados e negociou proteção adicional por meio de patrulhas pacificadoras da ONU, bem como suporte para realocar os refugiados para áreas mais seguras.
Enquanto isso a ACNUR, o Governo de Uganda e demais parceiros estão aumentando as operações no norte de Uganda na expectativa de que esta tendência continuará, ao menos no curto prazo.
O conflito que irrompeu no Sudão do Sul em dezembro de 2013 produziu uma das maiores emergências humanitárias do mundo, com 2,3 milhões de pessoas forçadas a fugir de suas casas, sendo que destas pessoas 650.000 atravessaram as fronteiras como refugiados e 1,65 milhão estiveram na condição de deslocados no interior do país.