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Intensificação dos conflitos agrava situação em Mossul, alerta o ACNUR

Comunicados à imprensa

Intensificação dos conflitos agrava situação em Mossul, alerta o ACNUR

Intensificação dos conflitos agrava situação em Mossul, alerta o ACNURCerca de 400 mil pessoas estariam impedidas de sair da Cidade Velha, sem acesso a alimentos, água potável e combustível para aquecimento. Doações para o ACNUR podem ser feitas aqui.
30 Março 2017

GENEBRA, Suíça, 30 de março de 2017 – Com a intensificação dos conflitos em Mossul, a crise de deslocamento deve agravar-se em breve, afirma Bruno Geddo, o representante do ACNUR, a Agência da ONU para Refugiados, no Iraque.

Estima-se que 400.000 pessoas estejam vivendo na Cidade Velha, ao oeste de Mossul e, no total, 600 mil ainda estão nos bairros situados à margem oeste do rio Tigre, afirmou Geddo em conversa telefônica com repórteres na quinta-feira (16).

A área está localizada na linha de frente da nova ofensiva militar, liderada pelas tropas iraquianas, que lutam contra extremistas que controlam a região, explicou Geddo, lembrando que o conflito hoje é mais intenso do que durante a luta pelas áreas menos populosas, no ocidente da cidade, que chegou ao fim em janeiro.

“As pessoas estão encurraladas. Há combates e bombardeios por toda parte.”

“O pior ainda está por vir”, disse Geddo,­­ “400 mil estão encurralados na Cidade Velha, em situação de pânico e miséria. Isso vai, inevitavelmente, resultar em um novo deslocamento em massa em algum momento.

Geddo, que falava do telefone do centro de trânsito e recepção do ACNUR em Hammam al-Alil, localizado a 25 quilômetros ao sul de Mossul, ressaltou que há riscos para aqueles que continuam na cidade. Essas pessoas enfrentarão a escassez de alimentos, de água potável e de combustível para aquecimento, em um momento em que as temperaturas baixam significativamente.

Por outro lado, aqueles que tentam se deslocar também enfrentam grandes perigos. As pessoas que saem da cidade correm o risco de serem baleados por extremistas. No passado, algumas pessoas tentaram escapar durante as orações ou de madrugada, quando a neblina dificulta a visibilidade. Alguns não conseguiram.

O ACNUR tem atualmente 13 acampamentos abertos ou em construção, com a capacidade de abrigar até 145.000 pessoas no total. Hammam al-Alil comporta uma área de triagem, uma de trânsito e um acampamento construído pelo governo local. A construção de um segundo acampamento do ACNUR, que deve acomodar até 30.000 pessoas, está quase completa. A abertura da primeira parte desse acampamento, que abrigará até 10.000 pessoas, está programada para acontecer esta semana.

A quantidade de pessoas passando por Hammam al-Alil aumentou significativamente nos últimos dias, sendo registradas entre 8.000 a 12.000 chegadas diárias. Em breve deve começar a construção de outro acampamento do ACNUR, do Salamiyah 2, que será localizado na zona sudoeste de Mossul e que terá capacidade para abrigar até 60.000 pessoas. ­

“Liberar Mossul é necessário, mas não é suficiente. Nós devemos ser assertivos também na proteção de civis e na resposta humanitária”.

No total, 340 mil pessoas se deslocaram em razão do conflito em Mossul, que começou em outubro do ano passado. Dessas, cerca 72.000 retornaram às suas casas, principalmente na zona oeste da cidade e entorno.

Geddo ressaltou que mais pessoas estão saindo do ocidente de Mossul, à procura de abrigo fora dos acampamentos, com parentes e amigos, ou em prédios em construção nas zonas sul e oeste de Ninewa.

O ACNUR e seus parceiros têm oferecido assistência às pessoas fora dos acampamentos. A Agência da ONU para Refugiados chegou a distribuir cerca de 33 mil kits de necessidades básicas, incluindo fogões, utensílios e galões de metal para até 320.000 pessoas no total dentro e fora dos acampamentos.

Geddo frisou que a proteção dos civis deve ser priorizada, e que todos devem assegurar que eles não sejam impedidos de sair das áreas de conflito e que tenham acesso a áreas seguras. Além disso, civis nunca devem ser obrigados a retornar às áreas inseguras, disse Geddo.