Inverno no hemisfério sul intensifica dificuldades para venezuelanos deslocados
Inverno no hemisfério sul intensifica dificuldades para venezuelanos deslocados
Quase 2 milhões de pessoas refugiadas e migrantes da Venezuela se estabeleceram na Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Paraguai, Peru e Uruguai. Alguns desses países estão entre as regiões com as maiores taxas de infecções e mortes por COVID-19 em todo o mundo. Os venezuelanos foram, em sua maioria, incluídos nas respostas nacionais de saúde, mas com os hospitais operando em plena capacidade, o acesso ao tratamento para outras doenças, principalmente aquelas associadas à temporada de inverno, tornou-se cada vez mais desafiador.
As medidas de prevenção contra a COVID-19 também tiveram um grave impacto socioeconômico nos países da América do Sul, sendo que pessoas refugiadas e migrantes foram particularmente afetados. Estima-se que entre 80% e 90% dos venezuelanos na região perderam seus empregos durante a pandemia, principalmente quem atua em atividades econômicas informais.
À medida que as temperaturas caem, os venezuelanos enfrentam pobreza crescente, despejos e riscos de proteção. Muitas dessas pessoas não têm dinheiro para comprar aquecedores, combustível, roupas e remédios. Além disso, o consumo alimentar de muitas famílias foi reduzido.
“Enquanto a COVID-19 continua devastando a região, a chegada do inverno ameaça expor as pessoas refugiadas e migrante das Venezuela a dificuldades indescritíveis. O desespero está cada vez maior, e os comportamentos negativos de enfrentamento à situação estão aumentando”, afirma Juan Carlos Murillo, Representante do Escritório Regional para o Sul da América do Sul. “Apesar dos esforços louváveis dos países anfitriões para reduzir o sofrimento dessas pessoas, é necessário mais apoio para enfrentar as crescentes necessidades”, completa Murillo.
Apesar do prolongado fechamento de fronteiras, venezuelanos continuam a caminhar pelas rodovias que levam a regiões andinas e ao Brasil em busca de segurança e de um lugar para se estabelecer. Em toda a região, o ACNUR está intensificando seus esforços para ajudar essas pessoas a enfrentar o início do inverno.
No Peru, o inverno chegou no início deste ano, com comunidades que habitam regiões de alta altitude enfrentando neve e temperaturas abaixo de zero. O ACNUR priorizou o apoio em áreas de alto risco e altitude, incluindo Puno, Cusco e Arequipa, ao distribuir mais de 13 mil cobertores térmicos durante o inverno, junto com kits de higiene.
No Chile, tempestades, fortes chuvas e temperaturas congelantes já atingiram partes do centro e do sul do país. Ao longo da fronteira norte, onde os venezuelanos chegam a pé e sem roupas adequadas, as temperaturas noturnas já estão bem abaixo de zero. O ACNUR está trabalhando para fornecer 1.000 kits de inverno e 8.600 cobertores térmicos, acomodação de emergência, assistência em dinheiro e vouchers eletrônicos para a compra de aquecedores, combustível e roupas de inverno. Kits de inverno também serão distribuídos em várias cidades da Argentina, Bolívia e Uruguai - especialmente nas áreas de fronteira - à medida que o frio atingir a região nas próximas semanas.
Enquanto o Brasil passa por uma onda severa de infecções pela COVID-19, a região amazônica foi atingida por fortes tempestades, resultando nas piores enchentes desde 1902, que danificaram a infraestrutura humanitária e deslocaram milhares de brasileiros e venezuelanos. O ACNUR disponibilizou acomodações seguras para as pessoas atingidas e está ajudando a reconstruir as estruturas danificadas. Também aprimorou o sistema de drenagem dos abrigos e entregou mosquiteiros e lâmpadas solares. Roupas de inverno precisam ser distribuídas no sul e no centro do país para ajudar refugiados e migrantes da Venezuela a enfrentar o frio.
Antes da Conferência Internacional de Doadores para Refugiados e Migrantes da Venezuela, que será sediada no Canadá em 17 de junho, o ACNUR pede que outros países apoiem essas ações. É preocupante o fato de o Plano de Resposta Regional para Refugiados e Migrantes da Venezuela (RMRP) continuar criticamente subfinanciado.
Para mais informações, entre em contato:
Em Genebra, Aikaterini Kitidi, UNHCR ([email protected]), +41 79 580 8334
No Panamá, William Spindler, [email protected], +507 6382 7815
No Panamá, Olga Sarrado, [email protected], +507 6640 0185
Na Argentina, Analia Kim, [email protected], +54 911 4089-0846
No Brasil, Luiz Fernando Godinho, [email protected], +55 61 98187-0978
No Chile, Stephanie Nicole Rabi Misle, [email protected], +56 9 9188 6369
No Peru, Regina de la Portilla, [email protected], +51 959 908 967