Lideranças Warao contribuem com debate sobre saúde indígena no Brasil
Lideranças Warao contribuem com debate sobre saúde indígena no Brasil
Com o apoio da Plataforma de Coordenação Interagencial para Refugiados e Migrantes da Venezuela (R4V) e do Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB), ele contribuiu com um momento histórico: a reavaliação das políticas públicas de saúde para povos indígenas que vivem no Brasil.
“A luta dos indígenas que já viviam em território brasileiro também é a luta dos indígenas que tiveram que sair da Venezuela. Minha participação foi importante para mostrar um pouco da realidade dos indígenas refugiados e migrantes, que também necessitam de uma atenção à saúde de forma diferenciada”, conta Johnny.
Acesso à saúde
Por meio de uma articulação do Grupo de Trabalho Indígena da Plataforma R4V, liderado pela Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) e pela Agência da ONU para as Migrações (OIM), também foram realizadas palestras e rodas de conversa sobre o acesso à saúde de pessoas indígenas refugiadas e migrantes no Brasil. Foram abordados temas como o contexto dos deslocamentos, a necessidade de uma perspectiva intercultural, proteção à infância, saúde sexual e reprodutiva e saúde mental.
Na ocasião, Johnny e a liderança indígena Warao Yorgelis, de Boa Vista, Roraima, expuseram as dificuldades enfrentadas pelos Warao e por outros povos indígenas oriundos da Venezuela em relação ao acesso à saúde.
O ACNUR busca fortalecer modelos de proteção de base comunitária por meio do engajamento de lideranças, articuladores e figuras-chave que se destacam dentro das próprias comunidades Warao.
“A participação de indígenas Warao na 6ª Conferência Nacional de Saúde Indígena marca um momento importante de inclusão desta e das demais etnias forçadas a se deslocar da Venezuela que buscaram proteção e vivem no território brasileiro ao possibilitar que as autoridades e instituições indigenistas levem em consideração as demandas específicas destes grupos”, afirma a Oficial de Proteção do ACNUR no Brasil, Silvia Sander.
Saúde indígena
A Conferência foi organizada pelo Conselho Nacional de Saúde (CNS) e pela Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI) do Ministério da Saúde, a fim de se rediscutir a Política Nacional de Saúde Indígena (Pnaspi). Na ocasião, estiveram presentes cerca de dois mil representantes dos povos indígenas, que atuam em diferentes lugares do Brasil. Eles haviam sido eleitos em 2018, durante as conferências distritais.
O evento também contou com um estande de agências das Nações Unidas que trabalham com a temática. O espaço serviu para o compartilhamento de informações e para que os visitantes conhecessem o trabalho da ONU com populações indígenas.
De acordo com a Representante da Organização Pan-Americana da Saúde e da Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS) no Brasil, Socorro Gross, a Conferência serviu de exemplo para as Américas ao demonstrar a força da participação, da democracia e da diversidade dos povos indígenas do Brasil. “Construir saúde sem os povos indígenas não dá certo. E nós sabemos disso, pelas particularidades, mas também porque construção de saúde é junto com as comunidades. E isso é esta conferência”, disse a Representante.