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Mães hondurenhas são forçadas a solicitar refúgio devido à violência das gangues

Comunicados à imprensa

Mães hondurenhas são forçadas a solicitar refúgio devido à violência das gangues

Mães hondurenhas são forçadas a solicitar refúgio devido à violência das ganguesViolentadas, espancadas e abusadas pelos seus parceiros membros de gangues, mulheres hondurenhas encontram segurança no México, onde uma alteração da lei reconhece a violência de gênero como motivo para solicitação de refúgio.
29 Novembro 2016

TAPACHULA, México, 28 de novembro de 2016 (ACNUR) – Gabriel*, de nove anos de idade, não gosta de falar muito sobre sua casa em Honduras, mas ele consegue descrever vividamente uma das explosões finais de seu pai.

“Certa noite, ele chegou em casa transtornado e agarrou minha mãe pelos cabelos e foi pow! pow! pow!”, disse, encenando os golpes que foram desferidos contra Brenda. “Quando ele acabou, estávamos cobertos de sangue”.

Assim que seu namorado saiu da casa, Brenda, de 39 anos, perplexa e desesperada, agarrou Gabriel e Lúcia, sua irmã de sete anos, e foi para a delegacia.

“Eu corri e implorei, ‘ajude-me, por favor!’ Mas eles apenas lhe disseram, ‘lamentamos, mas não há nada que possamos fazer por você’”, conta.

Seu parceiro era um “tenente” da gangue de rua que domina o bairro em San Pedro Sula, em Honduras.  Os policiais não o intimidavam, assustados com a reação das gangues. É provável que muitos fossem coniventes com a gangue.

“Quando ele acabou, estávamos cobertos de sangue”.

A tentativa desesperada de Brenda de obter ajuda da polícia veio depois de quase uma década de relacionamento abusivo, o qual ela compara à vida de um prisioneiro.

“Ele me bateu. Ele abusou de mim. Ele disse que eu era um lixo e que não podia fazer nada. Ele disse que depois de ter quatro filhos, ninguém jamais iria me querer novamente. Ele não deixava eu me vestir como quisesse ou colocar maquiagem. Não permitia que eu saísse de casa. Ele me estuprava sempre que queria”.

Hoje, Brenda usa nos olhos um delineador azul escuro perfeitamente aplicado com um toque de sombra, um luxo redescoberto desde que ela e três de seus filhos e um neto buscaram recomeçar suas vidas em Tapachula, no México.

“Eu vou cortar seus pés se você tentar fugir”, foi uma das últimas ameaças de seu parceiro. O alcance de sua gangue se estende por toda a cidade e país. Abandonada pelas autoridades, Brenda não viu outra saída, a não ser deixar Honduras com seus filhos.