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Mais de 20 mil fogem do Congo devido a conflito na província do Kivu do Norte

Comunicados à imprensa

Mais de 20 mil fogem do Congo devido a conflito na província do Kivu do Norte

Mais de 20 mil fogem do Congo devido a conflito na província do Kivu do NorteNos últimos dias, mais de 20 mil pessoas abandonam suas casas devido a conflitos entre forças do governo e tropas rebeldes no leste do Congo.
4 May 2012

GOMA, República Democrática do Congo, 4 de maio de 2012 (ACNUR) – Nos últimos dias, mais de 20 mil pessoas abandonam suas casas devido a conflitos entre forças do governo e tropas rebeldes no leste do Congo, procurando abrigo na região de Goma, capital da província de Kivu do Norte. A informação foi passada nesta sexta-feira por funcionários do ACNUR.

Em Ruanda, o ACNUR relatou que na noite desta quinta-feira aproximadamente 4.100 civis cruzaram a fronteira de Goma-Gisenyi e foram direcionados para um centro de trânsito, onde receberam assistência emergencial.

Funcionários do ACNUR em campo relataram que o fluxo de pessoas continua – ainda que em menor intensidade – em direção a Goma e regiões próximas, como os territórios de Masisi e Walikale. Cerca de 10.300 foram registradas a 25 quilômetros de Goma e 9 mil em Mugunga III – um dos 31 campos para deslocados internos no Kivu do Norte administrado pelo ACNUR.

Os deslocados chegam aos campos exaustos e famintos, carregando colchões e baldes com itens básicos. Muitos estão com crianças. Centenas estão dormindo em uma escola e uma igreja em Sake. Outras cerca de mil pessoas estão abrigadas no Kivu do Sul.

“Estamos trabalhando com nossos parceiros para fornecer assistência, incluindo abrigo e itens não alimentícios” disse nesta sexta-feira o porta-voz do ACNUR Adrian Edwards. “Nossos funcionários de proteção estão em campo monitorando as necessidades e identificando os deslocados internos vulneráveis”.

Os deslocamentos dos últimos dias somam-se ao movimento massivo de pessoas que deixaram suas casas no Kivu do Norte e nos arredores de Kivu do Sul este ano. A estimativa é de que os conflitos que ocorreram no primeiro trimestre desse ano deslocaram cerca de 300 mil pessoas, segundo os dados do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA, em inglês), baseados em informações do ACNUR e de outras organizações. Mais de 2 milhões de pessoas estão desprotegidas por todo o país, incluído 1.4 milhões nos dois Kivus.

A maior parte dos deslocados está no Kivu do Sul. Somente nos primeiros três meses desse ano 220 mil pessoas deixaram suas cidades por conta de confrontos permanentes entre a milícia Mai Mai e Forças Democráticas de Libertação de Ruanda (FDLR, em inglês). Deslocamentos também foram ocasionados por uma operação militar conjunta das tropas de paz da ONU com as forças armadas congolesas. A operação já está suspensa.

No Kivu do Norte, o número de embates entre tropas do governo e soldados leais ao comandante rebelde Bosco Ntaganda aumentaram em abril. Segundo estimativas, cerca de 58 mil pessoas se deslocaram na região entre janeiro e março, e outras milhares em abril.

A agência da ONU para Refugiados está particularmente preocupada com os 38 mil deslocados que estão nos territórios de Masisi e Walikale, situados respectivamente no oeste e noroeste de Goma. O ACNUR não consegue ter acesso a essa população em virtude da insegurança na região. Muitos estão em assentamentos para deslocados internos localizados em áreas que agora estão sob a influência de grupos rebeldes ou milícias. Esses locais são Mpati (9 mil) Nyange (1.305 pessoas) e Kivuye (2.717 pessoas).

Os deslocados que foram para Mpati descreveram casos de assédio sexual, trabalho forçado e extorsão. Também existem relatos perturbadores de estupros no território de Walikale. 

O ACNUR fez um apelo para que as partes em conflito permitam o acesso de ajuda humanitária para os grupos vulneráveis e respeitem os direitos civis, incluindo o direito a segurança, assitência médica e liberdade de movimento. O ACNUR ressaltou ainda a importância da manutenção do caráter civil dos campos, incitando as autoridades dos territórios a aumentar tanto quanto possível a segurança tanto dentro quanto nos arredores deles.

Enquanto isso, o escritório do ACNUR em Ruanda relatou que, em média, mil pessoas por dia têm cruzado a fronteira para Ruanda pela região de Goma-Gisenyi. Em sua maioria, o grupo é formado por mulheres, crianças e idosos provenientes de Masisi e Walikale. Os recém-chegados estão sendo levados para um centro de trânsito em Ruanda, a 20 quilômetros do Congo, onde recebem assistência humanitária.