Mais urgência na busca pela paz no Sudão do Sul
Mais urgência na busca pela paz no Sudão do Sul
AL-NAMIR, leste de Darfur, Sudão, 17 de agosto de 2017 (ACNUR) – Enquanto a violência cresce no Sudão do Sul, mais homens, mulheres e crianças são forçados a deixar o país para salvar suas vidas. O Alto Comissário da ONU para os Refugiados, Filippo Grandi, fez um apelo às partes em conflito, aos países da região e à comunidade internacional para que criem medidas urgentes pela paz no país.
Filippo Grandi chamou a atenção para a situação do Sudão do Sul durante sua visita ao campo de refugiados de Al-Nimir, ao leste de Darfur, no Sudão, onde se encontrou com refugiados sul-sudaneses e seus anfitriões.
“Minha visita aqui tem um motivo: Assim como em Uganda, Etiópia e em Juba, faço um apelo aos líderes e à oposição do Sudão do Sul, aos Estados da região e à comunidade internacional em geral, para ressaltar a urgência da questão da paz no país” afirmou Filippo Grandi durante sua visita nesta semana.
O apelo é feito no momento em que o conflito e a seca deslocaram aproximadamente 4 milhões de sul-sudaneses, ambos do interior do país e em suas fronteiras, desde que a violência começou em 2013. Os esforços para retomar a paz, até agora, não tiveram sucesso.
“As vítimas desse fracasso, desde então, são civis. Os civis que vemos por aqui. Pessoas que deixaram tudo para trás. Geralmente são mulheres e crianças que, sem seus maridos, embarcam numa vida incerta porque têm muito medo de ficar em casa em suas vilas, afetadas pela guerra”, diz Filippo.
Durante sua visita ao Sudão, o Alto Comissário também ressaltou que o principal papel do país é acolher centenas de milhares de refugiados sul-sudaneses. O campo de Al-Nimir abriga mais de 5 mil refugiados, dentre os quais 90% são mulheres e crianças.
“Quero dizer ao mundo que o Sudão mantém suas portas abertas a qualquer hora, enquanto vários países fecham as suas” diz Filippo, que também pediu mais ajuda para o Sudão. “É comum esquecermos que o Sudão continua a ser um dos principais países de acolhida aos refugiados, não somente para os que vêm do Sudão do Sul, mas também de diversas outras partes do mundo”, diz Filippo.
Filippo Grandi elogiou o modelo de cooperação e a boa convivência entre os refugiados e a comunidade local no Sudão.
“Em todo o mundo, temos testemunhado novas formas de promover meios de vida, novas fontes de energia e outras maneiras de desenvolvimento sustentável para os refugiados e as comunidades que os recebem. Penso que o Sudão representa muito para esse modelo de desenvolvimento”. Durante sua visita ao campo, Filippo conheceu Sadia Mohammed Wali, 42 anos, uma mãe refugiada. Sadia deixou o Sudão do Sul com seus sete filhos, quando o combate teve início em sua cidade natal em junho deste ano.
“Estávamos muito assustados” diz Sadia ao dar detalhes de sua viagem de um mês, quando finalmente encontrou segurança no Sudão. “Para nós, a jornada foi muito difícil. Viemos com nossos filhos e não tínhamos nada para alimentá-los”, diz ela. “Aqueles que levavam um pouco de comida dividiam e nós dávamos às nossas crianças”.
Sadia expressou seu desejo de que suas crianças tenham acesso à educação de qualidade e que ela consiga montar seu próprio negócio, vendendo amendoim assado, bolinhos e doces.
Desde 2013, o Sudão abriga cerca de 416 mil refugiados do Sudão do Sul, incluindo novos 170 mil refugiados que chegaram recentemente em 2017. O Sudão do Sul se tornou o país mais jovem do mundo, quando conseguiu sua independência do Sudão em 2011.
Centenas de milhares de refugiados que ficaram no Sudão e acompanharam a divisão, também precisam de assistência humanitária. Nessa última quarta-feira, Filippo Grandi concluiu sua visita após ter se encontrado com os líderes do Sudão e seus representantes em Cartum.