Close sites icon close
Search form

Search for the country site.

Country profile

Country website

Meu conselho para outras crianças como refugiada da Ucrânia

Comunicados à imprensa

Meu conselho para outras crianças como refugiada da Ucrânia

27 May 2022
Daria, de 15 anos, canta uma música tradicional de sua terra natal, a Ucrânia, na acomodação de sua família em Chisinau, Moldávia. © ACNUR/Andrew McConnell

Nas primeiras semanas do conflito na Ucrânia, o mundo de Daria Nastasiuk, de 15 anos, virou de cabeça para baixo quando foi acordada por explosões perto de sua casa em Odesa e sua mãe lhe dizendo freneticamente que eles tinham que fugir.


Com oito pessoas amontoadas no carro da família, eles passaram mais de 24 horas em estradas congestionadas com milhares de outras pessoas fugindo antes de chegarem à fronteira próxima com a Moldávia em segurança.

A guerra na Ucrânia continua provocando efeitos devastadores. Mais de 13 milhões de pessoas deixaram tudo para trás. Doe agora mesmo e ajude-as a reconstuírem suas vidas.

Separada do pai, dos amigos e da vida familiar, Daria vive há um mês com a mãe e o irmão mais novo em um dormitório universitário transformado pelas autoridades em um abrigo para ucranianos na capital da Moldávia, Chisinau. Ela está entre os mais de 460.000 refugiados que cruzaram a fronteira da Ucrânia para a Moldávia desde o início da guerra.

Seu apoio pode garantir que ucranianos forçados a fugir fiquem seguros! Doe agora mesmo.

Aqui, Daria reflete sobre a recente reviravolta em sua vida, seus efeitos psicológicos e que conselhos ela daria a outros adolescentes que nunca tiveram que fugir de casa. Suas palavras foram editadas considerando extensão e clareza.


Antes da guerra, eu tinha muitos amigos. Costumávamos sair, fazer lição de casa juntos, ir à casa um do outro para tomar chá e ouvir música. Nos divertíamos muito. A atmosfera era calma e pacífica. Era tudo perfeito.

Meus maiores problemas naquela época tinham a ver com meus estudos, ou discussões com meus amigos e pais. Percebo agora que não tinha problemas sérios, me preocupava apenas com pequenas coisas.

Mas, quando a guerra começou, havia toque de recolher e todos nós tínhamos que ficar em nossas casas, não podíamos sair. Não tivemos aulas porque todas as escolas fecharam.

Saímos no dia seguinte ao início das explosões. Quando as ouvi pela primeira vez, estava dormindo. Achei que alguém estava tentando me acordar para ir à escola. Em vez disso, minha mãe me acordou e disse para arrumar minhas coisas rapidamente. Comecei a correr pela casa para arrumar tudo e, no dia seguinte, pegamos o carro e partimos.

Levei algumas coisas comigo como shampoo e um travesseiro. Pegamos muita comida porque sabíamos que poderia ser uma longa viagem. Levei um brinquedo comigo – uma pequena girafa de brinquedo.

Eu gostaria de ter pegado mais roupas de verão, algumas joias, mais acessórios. Eu gostaria de ter pegado principalmente meus animais de estimação – meu gato e meu cachorro – porque sinto muita falta deles.

Aqui, na Moldávia, temos muito tempo livre, então sentamos e assistimos às notícias para ver o que está acontecendo em Odesa. Não dá para acreditar no que está acontecendo lá agora.

Quando começamos a estudar online, comecei a me sentir melhor. As aulas ajudam a me distrair, e o dever de casa me mantém ocupada. Como não podemos nos encontrar, às vezes ligamos nossas câmeras só para ver o rosto um do outro. Todos os meus colegas saíram e foram para diferentes países como Alemanha, Romênia, EUA – todos foram em direções diferentes.

Estou em contato com um amigo meu da Ucrânia que fugiu para a Alemanha com sua família. Falamos quase todos os dias. Na maioria das vezes, falamos sobre a guerra, lembramos dos velhos tempos e tentamos apoiar um ao outro. Estamos preocupados com nossos outros amigos e esperamos nos ver o mais rápido possível.

“Nunca imaginei que vivenciaria a guerra”

Eu nunca pensei em pessoas refugiadas antes, porque nunca foi algo que eu imaginei que poderia acontecer conosco. Nunca imaginei que vivenciaria a guerra e me encontraria nessa situação.

Ajude adolescentes como Daria e manterem os seus sonhos vivos. Doe agora mesmo.

Para mim, ser uma pessoa refugiada significa ter problemas para encontrar comida, um lugar para ficar e roupas. Também significa ter problemas psicológicos.

Tenho certeza de que terei más lembranças do que aconteceu, mesmo que não queira lembrar. Vou tentar encontrar coisas para me distrair. A primeira coisa que gostaria de fazer em Odesa é ir para a praia com meus pais e meu irmãozinho. Dar um mergulho e esquecer o que aconteceu.

Meu conselho para as crianças de outros países é que apreciem o tempo que têm agora, o sossego e a paz em que vivem e a alegria de estar junto com sua família e amigos. Não se preocupem com os pequenos problemas da vida – apenas tentem apreciar o que vocês têm agora.

De acordo com o que foi relatado a Charlie Dunmore e Irina Odobescu