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“Meu sonho finalmente se tornou realidade!”

Comunicados à imprensa

“Meu sonho finalmente se tornou realidade!”

19 Outubro 2021
Raba Hakim posa para uma fotografia no exterior do seu albergue na Universidade Internacional dos Estados Unidos - África, em Nairobi, Quênia. © ACNUR/Samuel Otieno

O enorme sorriso no seu rosto diz tudo: 16 de setembro foi o dia mais emocionante da vida de Raba Abdurahim Hakim. Foi quando ela embarcou em um voo para Nairobi, no Quênia, para iniciar uma nova fase.


A estudante sudanesa de 22 anos foi para a Universidade Internacional dos Estados Unidos-África (USIU-África), onde irá cursar bacharelado em Psicologia com uma bolsa da Fundação Mastercard.

"Estou tão feliz que o meu sonho finalmente se tornou realidade", sorriu enquanto abraçava o seu pai, momentos antes de sua partida da modesta casa no campo de refugiados de Tongo, na Etiópia.

O seu apoio garante que jovens refugiados como Raba transformem suas vidas através da educação. Doe mensalmente agora mesmo.

O Programa de Bolsas de Estudo da Fundação Mastercard está aberto a refugiados em vários países do mundo, incluindo a Etiópia, onde jovens refugiadas como Raba e estudantes da comunidade local que são "automotivados e possíveis agentes de mudança com um forte compromisso de melhorar sua comunidade" podem se candidatar.

"Estou pronta para aprender novas habilidades, fazer novos amigos e me preparar para o futuro”

"Estou pronta para aprender novas habilidades, fazer novos amigos e me preparar para um futuro que me permitirá voltar um dia ao Sudão para ajudar o meu povo", disse. Para Raba, a oportunidade é uma viagem educacional desafiadora.

Nascida de pais refugiados na Etiópia, começou na escola no campo de refugiados de Sherkole, onde as aulas eram em inglês. Aos oito anos, a sua família retornou à sua terra natal no estado do Nilo Azul, no Sudão, onde teve que repetir a 1ª série, pois o ensino era em árabe. "Tentei alcançar outros estudantes que conheciam muito bem tanto o árabe como a sua língua materna, o Funj", recordou.

Na época, Raba tinha 10 irmãos e recorda como o seu pai Abdurahim Hakim, um carpinteiro, enfatizava constantemente que "todas as crianças devem estar na escola".

Mas quando o conflito eclodiu no Nilo Azul em 2011, as suas vidas foram mais uma vez interrompidas. "Um avião lançou bombas e matou seis dos nossos vizinhos", lembra.

Toda a família se escondeu no mato por cerca de um mês, sobrevivendo com comida que os seus pais conseguiram obter depois de correr de volta para casa quando o avião deixou temporariamente a área. Embora o fim do Ramadã seja um festival importante para todos os muçulmanos, Raba não se lembra de “nada para comemorar” na época.

Temendo pelas suas vidas, a família caminhou até a Etiópia e chegaram em Kurmuk, onde foram recepcionados pela Agência para Refugiados e Repatriados da Etiópia e pelo ACNUR, Agência da ONU para Refugiados. Alguns dias depois, a família foi transferida para o campo de refugiados de Tongo, onde vivem até hoje.

Raba acredita que a sua vida no campo reforçou a sua determinação em ser bem-sucedida nos seus estudos.

"Acordei muitas vezes às 4 da manhã para fazer o meu dever de casa e depois ia para a escola às 6 da manhã", explicou, acrescentando que ia para a escola depois de cozinhar para os seus nove irmãos mais novos.

A escola secundária que frequentava ficava a cerca de meia hora a pé e, à noite, estudava das 21h às 23h no quarto que dividia com as suas duas irmãs.

O seu pai agora brilha de orgulho. "Raba é uma boa criança, pois não só cuida dos seus irmãos mais novos, mas também os encoraja a irem à escola", disse Abdurahim.

De acordo com o relatório anual de educação do ACNUR, apenas 5% dos refugiados têm acesso ao ensino superior mundialmente, e o número é ainda mais baixo para as meninas refugiadas. O ACNUR pretende aumentar este número para pelo menos 15% até 2030.

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Os professores de Raba e o seu pai a motivaram e ela continuou estudando em casa. No início do ano, estava pronta para os exames finais a nível nacional. Ela foi a única aluna refugiada do campo a fazer os exames.

"Quanto mais eu avançava na escola, menos meninas conhecia na sala de aula"

"Quanto mais avançava na escola, menos meninas conhecia na sala de aula", disse ela, acrescentando que conheceu meninas que desistiram e se casaram com apenas 13 ou 14 anos. "Não é bom. A escola é onde se aprende mais sobre si, sobre a vida em geral e onde a nossa mente cresce", acrescentou.

No seu tempo livre, trabalhou como conselheira no centro de bem-estar feminino do campo, dirigido pelo Comitê Internacional de Salvamento (IRC). Durante as as reuniões, ela falava com outras pessoas sobre a importância de ir à escola.

Em preparação para os seus novos estudos, Raba assistiu a sessões de orientação online durante duas semanas. Agora, começou as suas aulas de inglês em Nairobi e já se alojou com duas colegas de quarto congolesas no seu dormitório.

Muitos na Etiópia se orgulham do seu feito, incluindo Mistre Teklesilassie, a Responsável pelo Programa para Meninas Adolescentes do IRC em Tongo. "Raba é um modelo para outras meninas no acampamento", disse ela. "Temos quatro meninas que irão para as provas finais no próximo ano e foi o sucesso de Raba foi a inspiração".