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Milhares de pessoas atravessam a fronteira para o Uganda fugindo aos combates no Sudão do Sul

Comunicados à imprensa

Milhares de pessoas atravessam a fronteira para o Uganda fugindo aos combates no Sudão do Sul

Milhares de pessoas atravessam a fronteira para o Uganda fugindo aos combates no Sudão do SulOs combates que eclodiram no Sudão do Sul em meados de dezembro entre as tropas governamentais e as forças da oposição obrigaram mais de 23.500 pessoas a procurar abrigo no vizinho Uganda.
7 Janeiro 2014

KAMPALA, Uganda, 7 de janeiro (ACNUR) – Os combates que eclodiram no Sudão do Sul em meados de dezembro entre as tropas governamentais e as forças da oposição obrigaram mais de 23.500 pessoas a procurar abrigo no vizinho Uganda. “Neste momento, atravessam a fronteira a um ritmo superior a 2.500 pessoas por dia”, disse a porta-voz do ACNUR Melissa Fleming.

Em agradecimento ao governo ugandês por reconhecer como refugiados todos eles, o ACNUR disse estar a trabalhar com os seus parceiros para o fornecimento razoável de água e condições sanitárias adequadas aos centros de trânsito e de acolhimento nos distritos de Arua e Adjumani, na região do Nilo Ocidental, noroeste do Uganda.

Desde segunda-feira, chegaram ao Uganda 23.546 refugiados sul-sudaneses, numa altura em que o escritório do ACNUR no Uganda tenta lidar com o fluxo permanente de refugiados vindos da República Democrática do Congo. “Ainda temos 8 mil novos congoleses chegados a três centros de acolhimento no Uganda ocidental. Portanto, começa a escassear pessoal nosso e mantimentos”, disse Fleming em Genebra, aludindo a informações de colegas em Kampala.

Entretanto, um crescente número de refugiados sul-sudaneses está também em fuga para outros países vizinhos. Já foram registados na Etiópia mais de 5.300 refugiados – embora possam ser mais, já que o acesso a áreas remotas de fronteira é um desafio.

No campo de refugiados de Kakuma, no noroeste do Quénia, onde diariamente chegam mais de 300 sul-sudaneses, o pessoal do ACNUR registou 3.173 novas chegadas até domingo à noite. A situação no Sudão continua pouco clara. Pelo menos, várias centenas, ou mesmo milhares, de sul-sudaneses cruzaram a fronteira. No entanto, com tantos grupos diferentes em atividade na região, incluindo nómadas e rebeldes, é difícil saber exatamente quantos é que são refugiados.

Dentro do Sudão do Sul, o ACNUR está a atuar com uma equipe reduzida a 200 pessoas devido aos combates e à insegurança que se faz sentir em grande parte do país. Mas a agência continua a fornecer os seus serviços aos cerca de 230 mil refugiados distribuídos pelos 10 campos do Sudão do Sul.

 “Também temos vindo a assumir responsabilidades acrescidas com os 57 mil civis que se refugiam nos 10 campos do país. Estamos a desenvolver esforços para proteger sobretudo os mais vulneráveis, mulheres e crianças. Também trouxemos especialistas nas áreas do planeamento e gestão local de acampamentos”, mencionou Fleming.

Na segunda-feira, um voo charter aterrou na capital do Sudão do Sul, Juba, com artigos de primeira necessidade provenientes das reservas armazenadas no ACNUR em Nairobi. Estão incluídos 12.500 cobertores, 2.500 conjuntos de panelas e outro equipamento de cozinha, cerca de 4 mil coberturas de plástico de modo a dar abrigo a 20 mil deslocados dentro e nas imediações da capital.

Em Maban, no nordeste do Sudão do Sul, apenas quatro funcionários internacionais do ACNUR e onze nacionais têm estado a trabalhar com parceiros e refugiados para auxiliar 120 mil refugiados de quatro campos. Asseguram-se ainda que os serviços de saúde continuam disponíveis e que as bombas de água ainda funcionam para os refugiados terem acesso a cuidados de saúde e a água potável.

O ACNUR e o Programa Alimentar Mundial das Nações Unidas distribuíram comida aos refugiados durante 45 dias em vez dos habituais 30 para, assim, poderem alimentar-se se os serviços forem interrompidos. “Estamos também a distribuir sabão nos quatro campos. Dada a perigosidade e a mudança repentina das operações no Sudão do Sul, estamos a prolongar recursos e a trabalhar para colmatar quaisquer falhas no serviço,” disse Fleming.

A agência da ONU para os refugiados está também a preparar o regresso de pessoal a Yida, no estado de Unity, onde se encontram três funcionários e parceiros que continuam a servir 77 mil refugiados nos campos de Yida e Ajuong Thok, perto da fronteira com o Sudão. Este plano está dependente da alocação de mais forças de paz das Nações Unidas.

Atuar no estado de Unity continua perigoso e imprevisível. Na semana passada, roubaram seis pick-up do ACNUR, levando também barris de combustível, peças automóveis suplentes e bombas de água, em Yida.

Apesar do conflito no Sudão do Sul, o ACNUR registou ainda 430 novos refugiados do estado do Kordofan do Sul, Sudão, desde 22 de dezembro.

O governo do Sudão do Sul declarou o estado de emergência nos estados de Unity e Jonglei. Com as forças da oposição a controlar a capital de Jonglei, Bor, um vasto contingente militar governamental deslocou-se para Patiang – perto dos campos de refugiados de Yida e Ajuong Thok.

“Face a tudo isto, estamos bastante preocupados com os efeitos dos combates nos refugiados e na nossa capacidade de os ajudar. Lembramos a todas as partes do conflito que os campos de refugiados devem manter-se civis”, afirmou Fleming.

Obrigado ao Voluntário On-Line Rogério Monteiro pela ajuda prestada com a tradução do inglês deste texto.