Moradores de Mossul pedem ajuda
Moradores de Mossul pedem ajuda
MOSSUL, Iraque, 03 de fevereiro de 2017 - Quando a noite chegou em Mossul, Saad*, de 45 anos, colocou seu filho ferido nas costas e escalou as ruínas que restaram de uma ponte sobre o rio Tigre, numa tentativa desesperada de alcançar o leste controlado pelo governo.
“Saímos à noite e eu o levei nas costas porque ele não consegue andar”, diz Saad, que carregou Haitham*, de 21 anos, com a ajuda de seus outros filhos. “Nós continuamos nos alternando na tarefa de carregá-lo a cada 30 minutos, porque era um longo caminho”.
Quando Saad fez a travessia há algumas semanas, ainda era possível subir pela quarta ponte do Tigre, que havia sido destruída em um ataque aéreo de coalizão para evitar que os extremistas se abastecessem com mantimentos. Mas como eles escolheram um caminho no meio do resto dos destroços, militantes atiraram neles.
Saad escapou para tentar obter tratamento para Haitham - que foi ferido em uma explosão há dois anos - em uma unidade de estabilização de trauma no leste de Mossul, e depois que extremistas mataram outro de seus filhos. “Algumas crianças faleceram porque a água não era potável”, acrescenta, descrevendo a situação humanitária no oeste de Mossul.
“A comida é muito cara, não há energia, nem água e nem gasolina.”
“Sabíamos que era perigoso, mas tivemos de vir para o leste”, disse. “Minha família ainda está no lado oeste. A comida é muito cara, não há energia, nem água e nem gasolina”.
Saad diz que os extremistas estão executando famílias e não estão deixando ninguém atravessar o rio. Os que ainda tentam escapar estão recorrendo a contrabandistas que cobram 200 dólares para levá-los de barco, mas aqueles que são pegos são executados.
A operação liderada pelo governo para retomar Mossul está agora em seu quarto mês. As forças de segurança iraquianas consolidaram sua posição nos bairros orientais da cidade. Mas na margem ocidental do rio Tigre, centenas de milhares permanecem presos sob o controle da oposição com comida limitada e sem acesso a água potável.
Agências da ONU e parceiros humanitários têm expressado profunda preocupação com o destino dos civis que vivem no lado oeste, onde o esforço para retomar a cidade deve se intensificar nas próximas semanas, bem como em Hawiga, ao sul.