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Mulheres refugiadas debatem com brasileiras o enfrentamento à violência de gênero

Comunicados à imprensa

Mulheres refugiadas debatem com brasileiras o enfrentamento à violência de gênero

Mulheres refugiadas debatem com brasileiras o enfrentamento à violência de gêneroEvento no Rio marca participação de refugiadas nos 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência Contra Mulheres.
9 Dezembro 2016

Rio de Janeiro, 09 de dezembro (2016) – No marco da campanha internacional “16 Dias de Ativismo Pelo Fim da Violência Contra as Mulheres”, três mulheres refugiadas que vivem no Rio de Janeiro compartilharam suas histórias de vida com brasileiras e discutiram possíveis soluções para este problema – que segundo as Nações Unidas afeta potencialmente sete entre cada 10 mulheres no mundo.

O debate ocorreu durante o debate “Refugiadas pelo Fim da Violência Contra a Mulher”, promovido pela Cáritas Arquidiocesana do Rio de Janeiro em parceria com o coletivo feminista “Não Me Khalo” e o ACNUR – Agência da ONU para Refugiados. O evento reuniu cerca de 50 pessoas no auditório do Memorial Getúlio Vargas, no Rio, e sensibilizou o público presente sobre as especificidades da mulher refugiada, que sofreram diferentes tipos de violência em seus países de origem.

O debate se iniciou com a apresentação do documentário “A Mulher em Travessia”, inspirado em histórias reais de refugiadas atendidas pela Cáritas Rio. O filme apresenta questões relacionadas ao acolhimento e à integração das mulheres que se encontram em situação de refúgio no Rio de Janeiro, suas vivências e seus pontos de vista sobre o lugar da mulher em seus países de origem. Apesar das diferenças de nacionalidade e das particularidades de cada história, o curta deixa claro que a violência contra a mulher não conhece fronteiras. 

Em seguida, três refugiadas compartilharam relatos fortes com o público: a gambiana Mariama Bah, a congolesa Mireille Muluila e a colombiana Nelly Camacho.

Mireille, que trabalhava no apoio a vítimas de violência sexual em seu país, expôs que a realidade das mulheres no Congo é muito difícil e que milhares são estupradas dentro da própria casa ou por membros de grupos rebeldes. “É uma realidade triste, da qual não me orgulho, porém é necessário falar que muitas congolesas passam por isso e fogem do país para encontrar paz.” 

Nelly, por sua vez, comentou que a violência na Colômbia afeta diretamente a vida da mulher no país. “Vi famílias inteiras desaparecerem completamente, terem todos os seus membros mortos e não queria que meus filhos vissem as coisas que vi nem vivessem as coisas que vivi. Por isso, resolvi sair”. 

Em seguida, Mariama, ainda emocionada com os relatos das companheiras, contou sobre sua experiência como vítima de casamento infantil em seu país.  Segundo ela, suas conterrâneas sofrem violência emocional e são desvalorizadas desde o momento em que nascem. Mariama salientou que as mulheres ficam em segundo plano dentro da própria família, e as oportunidades que surgem são dadas sempre aos filhos homens: “Nós não somos coitadinhas, somos mulheres muito capazes. Só nos falta a oportunidade. Nosso choro não é de fraqueza, mas de indignação.”

A advogada Bruna Leão Rangel, representante do coletivo feminista Não Me Khalo, trouxe a questão da violência de gênero para o contexto brasileiro. “Existe refúgio quando se fala de violência contra a mulher?”, indagou. Bruna deu a perspectiva da mulher brasileira no debate e comentou as principais formas de violências que as brasileiras sofrem em nossa terra.