Myanmar: Projeto de formação de mulheres gera renda e boa vontade
Myanmar: Projeto de formação de mulheres gera renda e boa vontade
YANGON, Myanmar, 29 de dezembro (ACNUR) – Em um lugar onde empregos são escassos e costumes sociais desencorajam as mulheres a trabalhar fora de casa, a oportunidade de aprender um novo ofício e contribuir para a renda familiar foi recebida com entusiasmo pelas mulheres residentes em Mee-chaung-zay, em uma zona rural do estado de Rakine, no norte de Myanmar.
Azeevahar, 37 anos, uma muçulmana que vive em uma comunidade que também inclui residentes hindus, rakhines e bamars, foi uma das primeiras a se inscrever no curso avançado de costura, que é financiado pelo ACNUR, e espera ser capaz de repassar sua boa sorte para outros.
“Existem muitas meninas e mulheres jovens na vila que estão interessadas em aprender costura porque sabem que isso pode trazer um bom retorno financeiro”, disse. “Eu quero ser capaz de ajudá-las assim como outras me ajudaram”.
O treinamento é oferecido pelos serviços de Comunidade e Família, uma ONG que é apoiada pela agência da ONU para refugiados. O objetivo é capacitar mulheres que já trabalharam como professoras de costura em suas vilas.
Aproximadamente 750 mil muçulmanos vivem nesta região com a população remanescente composta por pessoas da etnia rakhine e um pequeno número de dynets, hindus e outros grupos. A cultura, tradição e idioma dos muçulmanos é diferente do resto da população de Myanmar e de outros grupos étnicos que vivem no norte do estado de Rakhine. O ACNUR começou a trabalhar no local em 1994 para facilitar o retorno de refugiados que moravam no Bangladesh.
O isolamento da região, a escassez de recursos e os meios de transporte precários significam que existem poucas oportunidades para a população local frequentar a escola ou encontrar emprego. A pesca e agricultura são as principais fontes de renda e estas, também, são sazonais.
O marido de Azeevahar trabalha como lavrador em uma vila. Quando não tem trabalho na fazenda, a fonte de renda da família de Azeevahar vem da costura e das aulas de costura. Ela começou a dar aulas há muitos anos, após participar de um programa de treinamento financiado pelo ACNUR. Agora, o treinamento avançado permitirá que ela aprimore suas habilidades.
“Estou feliz por ter a chance de aprender coisas novas e melhorar minhas habilidades”, disse. Ela realizou uma difícil viagem de sua vila até a sede do ACNUR, em Maungdaw, para poder participar do curso. Além de aprender novas competências, as mulheres que frequentam o curso de 13 dias também recebem informações sobre saúde e nutrição, contabilidade básica e manutenção de máquina de costura.
O curso também visa promover a coexistência entre as comunidades regionais de muçulmanos e rakhines. Vinte e cinco mulheres de diferentes religiões e grupos étnicos, provenientes de aldeias de todo o Estado, participam do programa. Trabalhando juntas as mulheres têm a chance de fazer novas amizades e melhorar seus conhecimentos sobre a cultura das demais.
Os cursos patrocinados pelo ACNUR, assim como a iniciativa de costura, são desenvolvidos para promover os direitos e o bem estar das pessoas da região ao mesmo tempo em que encorajam a coexistência entre diferentes comunidades étnicas.
Kyaw Soe Lynn em Yangon, Myanmar