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Não dê visibilidade aos grupos terroristas, pede Guterres

Comunicados à imprensa

Não dê visibilidade aos grupos terroristas, pede Guterres

Não dê visibilidade aos grupos terroristas, pede GuterresO chefe da ACNUR, António Guterres, alertou que a retórica anti-muçulmana, poderia resultar no efeito contrário ao pretendido, fortalecendo aos grupos terroristas.
10 Dezembro 2015

GENEBRA, 10 de dezembro de 2015 (ACNUR) – O chefe da Agência da ONU para Refugiados, António Guterres, alertou que a retórica anti-muçulmana, incluindo a pressão para controles fronteiriços mais rigorosos, poderia resultar no efeito contrário ao pretendido, fortalecendo aos grupos terroristas.

"O que você está dizendo (como esse tipo de ação) é a melhor propaganda possível para as organizações terroristas", disse Guterres. Em meio a aplausos, ele afirmou ao fórum TED Global, realizado em Genebra na última terça-feira: "É como se disséssemos a eles 'vocês estão certo, estamos contra vocês'."

Guterres, que estava respondendo a uma pergunta sobre a declaração candidato presidencial republicano, Donald Trump, defendendo um "bloqueio" da entrada dos muçulmanos nos Estados Unidos, alertou que esta e outras declarações similares seriam ouvidas por "todos os muçulmanos na Europa" e no resto do mundo, e estas mesmas palavras seriam distorcidas por grupos extremistas para ajudar "no recrutamento para ataques terroristas".

O Alto Comissariado da ONU para Refugiados, que deixa o cargo no final de dezembro, depois de 10 anos de liderança na organização, disse que continua com sua "profunda convicção" de que o grande fluxo de refugiados para a Europa neste ano não tem nenhuma relação com os recentes ataques.

Observando os milhares de europeus que foram lutar ao lado de tais grupos na Síria, Guterres sublinhou que grande parte do problema se deu internamente e, em partes, culpou "o fracasso das políticas de integração do passado" que não conseguiram estabelecer vínculos das gerações anteriores com seus novos países de maneira eficaz.

"Prove a estes grupos que eles estão errados, acolhendo e integrando essas pessoas", disse ao pedir mais comprometimento em investimento em políticas futuras que promovam a coesão social.

Mesmo antes dos ataques do mês passado em Paris, muitos países europeus já estavam falando em fechar suas fronteiras aos refugiados - ou estavam realmente fazendo - devido ao grande contingente de pessoas.

No entanto, grande parte da retórica que defende a relação entre refugiados e atos de violência também vem dos Estados Unidos, onde alguns políticos ameaçaram fechar as suas portas aos refugiados sírios. A Câmara dos Deputados norte-americana também votou expressivamente para suspender o programa do presidente Barack Obama para reassentar 10.000 refugiados sírios e intensificar o processo de triagem dos mesmos.

Guterres, que estava participando de um evento TED Global sobre o tema Conjunturas Críticas, disse que durante seu mandato no ACNUR a natureza dos conflitos mudou e o mundo se tornou um lugar mais perigoso e complexo, resultando em mais de 60 milhões de pessoas hoje deslocadas à força por razões de guerra ou perseguição, mais do que em qualquer outro momento desde a Segunda Guerra Mundial.

Guterres disse que muitas pessoas fugiram da Síria este ano, depois de perder a esperança sobre o término do conflito no país.

"Não havia nenhuma luz no fim do túnel", declarou ele, observando que 87% dos sírios na Jordânia e 90% no Líbano viviam abaixo da linha de pobreza e apenas cerca de metade das crianças frequentavam escola, quando ainda fontes de alimentos foram cortados como resultado da falta de fundos.

No entanto, ele disse que a situação tinha se agravado pelo fato da Europa não estar preparada e sim dividida sobre como os receber.

"Essa situação poderia ter sido controlada se a Europa tivesse se unido... é perfeitamente controlável, se gerenciado", disse e repetiu que os países não devem seguir seus caminhos de maneira isolada sobre a questão. "Precisamos de mais Europa, não menos Europa."

Guterres destacou que a maioria dos refugiados ainda foi para outros países no mundo em desenvolvimento e elogiou países africanos, do Oriente Médio e asiáticos, onde, segundo ele, a tendência ainda era de "continuar com as fronteiras abertas."

Por Jonathan Clayton, de Genebra.