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Nigerianos fogem de ataques e buscam segurança no Níger

Comunicados à imprensa

Nigerianos fogem de ataques e buscam segurança no Níger

3 Março 2021
A refugiada nigeriana Aisha e sua família estão entre os milhares que fugiram para Maradi, no Níger, para escapar da brutalidade. © ACNUR / Selim Meddeb Hamrouni

Nos primeiros dias de 2021, homens armados atacaram Rabadawa, no norte da Nigéria, para saquear a aldeia e roubar gado.

“Eu estava voltando para casa quando fiquei cara a cara com os bandidos”, afirmou Abdoulaye. “Eles falaram: se você se mover, você está morto! Eu mal me mexi e levei um tiro na perna”.

Abdoulaye caiu no chão, mas de alguma forma conseguiu se abrigar em uma casa e se esconder. Quando os criminosos foram embora, dois moradores do vilarejo tinham sido mortos.

Aisha, a cunhada de Abdoulay estava em casa quando ouviu os tiroteios. Ela estava grávida em um estágio bem avançado.

“Eles estavam disparando em todas as direções e as pessoas fugiram para sobreviver. Todos estavam em pânico”, afirmou. “Eu peguei minha criança e fugimos para a fronteira com o Níger”.

Aisha e suas quatro crianças caminharam 20 quilômetros durante a noite toda até chegarem em Sanguerawa, cidade do outro lado da fronteira na região de Maradi. Este vilarejo, de 3.800 habitantes, está acolhendo mil refugiados nigerianos. Destes, 700 chegaram desde o começo do ano.

“Eles estavam disparando em todas as direções e as pessoas fugiram para sobreviver”

Logo após chegarem em segurança, Aisha deu à luz. Depois de receber tratamento hospitalar para cuidar do tiro na perna, Abdoulaye se uniu à cunhada e cruzou a fronteira até Sanguerawa. Assim como outros refugiados que fugiram de mãos atadas para escapar dos conflitos, eles precisam de água, comida, abrigo e acesso aos serviços de saúde.

O ataque em Rambadawa é apenas um entre os tantos que estão ocorrendo no noroeste da Nigéria. O crescimento da violência está forçando pessoas a se deslocarem para a região de Maradi, no Níger, que agora abriga cerca de 100 mil pessoas, incluindo 77 mil refugiados nigerianos, sendo que 7.660 chegaram desde o começo do ano.

O ACNUR, Agência da ONU para Refugiados, está preocupado com o fato de que a insegurança sem precedentes agora também está se espalhando pela fronteira. As equipes do ACNUR no Níger registraram um pico de violência mortal dentro de Maradi, com mais incidentes graves em janeiro e fevereiro de 2021 do que na segunda metade de 2020. Temendo por suas vidas, 22.153 pessoas se tornaram deslocadas internas.

“O aumento da atividade transfronteiriça por grupos criminosos desde o início do ano é motivo de grande preocupação”, afirmou Alessandra Morelli, representante do ACNUR no Níger. “Estamos adaptando nossa resposta às ondas de deslocamento forçado causadas pela crescente insegurança e estamos fornecendo proteção e o acesso aos serviços básicos como saúde, educação e água”.

“O aumento da atividade transfronteiriça por grupos criminosos desde o início do ano é motivo de grande preocupação”

Para tentar manter civis deslocados à salvo, cerca de 11.320 refugiados foram relocados para cidades fronteiriças em três vilarejos – Dan Dadji Makaou, Garin Kaka e Chadakori, desde outubro de 2019. O ACNUR, as autoridades do Níger e as organizações parceiras estão trabalhando para aumentar a infraestrutura, acesso à água, saúde, saneamento e educação para a população deslocada e a comunidade anfitriã. Vilarejos e cidades destinos estão sob pressão, sobretudo pelas condições e capacidade de acolhimento limitadas.

O deslocamento atual é preocupante. Morelli observou que Maradi fica entre duas regiões com grandes crises de deslocamento, o Sahel e a Bacia do Lago Chade.

Grupos armados em ambas as regiões têm alimentado as crises de deslocamento que mais crescem no mundo. Estima-se que 5,5 milhões de pessoas foram forçadas a deixar suas casas desde que a violência eclodiu em 2009, na bacia do Lago Chade, e em 2021, no Sahel.

Os esforços humanitários para responder às duas emergências estão perigosamente sobrecarregados. O ACNUR faz um apelo para que a comunidade internacional aumente o apoio à região e ajude governos a erradicarem as causas deste deslocamento, além de impulsionar o desenvolvimento estratégico e sustentável.


70 anos, o ACNUR atua na linha de frente de emergências humanitárias ao redor do mundo. Nessas sete décadas, o apoio de pessoas como você foi vital para continuidade do nosso trabalho.

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