No Dia Mundial do Refugiado, Brasil atualiza dados sobre população refugiada no país
No Dia Mundial do Refugiado, Brasil atualiza dados sobre população refugiada no país
Estes e outros dados sobre o sistema de proteção internacional de refugiados no Brasil foram atualizados pelo Ministério da Justiça ontem, 20 de junho, data em que é observado o Dia Mundial do Refugiado. A atualização se deu por meio da sétima edição do relatório “Refúgio em Números”, editado pelo Observatório das Migrações Internacionais (OBMigra), e da versão atualizada do Painel Interativo de Decisões sobre Refúgio no Brasil, produzido pelo ACNUR (Agência da ONU para Refugiados) em parceria com o Conare (Comitê Nacional para Refugiados).
O “Refúgio em Números” e o novo painel foram lançados durante o evento virtual “Migração e Refúgio no Brasil”, realizado pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP). Segundo o coordenador-geral do Conare, Bernardo Laferté, o relatório é “um esforço antigo que, ano a ano, tem se consolidado como uma política de transparência ativa de números. Ele apresenta um retrato do refúgio no Brasil e os dados que são vitais para elaboração de políticas públicas efetivas”.
O evento virtual também celebrou os 25 anos da Lei Brasileira de Refúgio (Lei 9.474, de 22 de julho de 1997), que criou o Conare e tem assegurado o funcionamento regular do sistema asilo no país, com a participação da sociedade civil e do ACNUR no comitê. A lei brasileira garante direitos básicos para as pessoas refugiadas e tem sido considerada um modelo, pois assegura o acesso das pessoas refugiadas a direitos e serviços nas mesmas condições dos nacionais, garantindo assim sua proteção.
De acordo com o relatório “Refúgio em Números”, somente no ano passado, 29.107 pessoas solicitaram o reconhecimento da condição de refugiado no Brasil, provenientes de 117 países, sendo a maior parte venezuelanos (78,5%), angolanos (6,7%) e haitianos (2,7%). Além disso, o Conare proferiu 70.933 decisões em 2021, número considerado como o maior volume da década.
Plataforma Interativa
A Plataforma Interativa de Decisões sobre Refúgio no Brasil compila dados referentes a decisões com e sem análise de mérito feitas pelo Estado brasileiro de 1985 (antes mesmo da criação do Conare) a 2021. Pelo painel, é possível constatar que, ao final de 2021, existiam 60.011 pessoas reconhecidas como refugiadas no país.
“Nós parabenizamos o Conare por buscar sempre transparência na divulgação dos dados sobre a população refugiada e o sistema de asilo no Brasil. Reconhecemos que o painel é fruto de um trabalho coletivo, uma materialização da parceria entre ACNUR e o comitê. Vemos esta plataforma como uma ferramenta viva, dinâmica e interativa que conta parte importante da história da proteção internacional de pessoas refugiadas no Brasil, contribuindo para uma maior integração dos dados sobre este tema”, disse o representante do ACNUR no Brasil, Jose Egas.
A ferramenta permite a visualização de dados sobre casos de reconhecimento (deferidos), não reconhecimento (indeferidos), cessação e perda, além de casos de extinção e arquivamento. As informações são dispostas em gráficos e tabelas dinâmicas, possibilitando o cruzamento de dados específicos como faixa etária, gênero, motivos da decisão, status da decisão, nacionalidade, entre outros parâmetros.
25 anos da Lei de Refúgio
O evento virtual “Migração e Refúgio no Brasil” está sendo transmitido pelo canal do OBMigra no Youtube até amanhã (22), com uma série de painéis sobre o tema.
Ainda na segunda-feira, o representante adjunto do ACNUR no Brasil, Federico Martínez, participou como palestrante de uma mesa sobre os 25 anos da Lei 9.474/97. “Os 25 anos da lei encontra o Brasil na ponta como pioneiro na proteção dos refugiados a nível global”, disse Martínez, reforçando que a lei é uma importante peça legislativa e um marco histórico na defesa e proteção dos direitos humanos da população refugiada no país. “Uma lei específica sobre refugiados mostra a manifestação social do Brasil de acolher quem foge de situações de conflito, violência e perseguição, e isso deve ser reconhecido”, concluiu.