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No Equador, uma história de peregrinação em busca da paz

Comunicados à imprensa

No Equador, uma história de peregrinação em busca da paz

No Equador, uma história de peregrinação em busca da pazAtualmente há mais de 3,4 milhões de deslocados internos na Colômbia. Alguns deles decidem cruzar a fronteira com o Equador depois de serem vítimas do deslocamento forçado.
15 Outubro 2010

IBARRA, Equador, 15 de outubro de 2010 (ACNUR) – Juan*, de 52 anos, vive há mais de dois anos em Ibarra, no Equador. Graças à proteção dada pelo governo do Equador, pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) e seus parceiros, Juan recebeu ajuda para sua alimentação, aluguel, habitação e o mais importânte, apoio psicológico que lhe permitiu lidar com os fantasmas que o perseguiam e ter suas noites de sono de volta.

Juan é proveniente da cidade costeira de Antioquia, na Colômbia, onde foi obrigado a cooperar com grupos armados ilegais. Sua peregrinação começou quando os paramilitares determinaram a todos os comerciantes que formassem uma associação com o único propósito de recolher uma taxa – chamada de “vacina”- para financiar suas operações. “Este é bom disfarce para a vacina” menciona Juan.

Este foi apenas o começo. Na mesma região, os paramilitares decidiram instalar quatro postos de vigilância e comunicação para controlar o movimento de pessoas dentro do povoado, sendo que um deles seria instalado na propriedade de Juan. “Se aceitasse isso, seria visto pela guerrilha e pelas autoridades como um colaborador dos paramilitares. Mas eu também não poderia negar-me a fazê-lo, não tinha opções”, afirma. Por razões de segurança, ele decidiu separar-se de seus familiares, que tomaram outro caminho e a quem não voltou a ver desde então.

Faltando dois dias para a instalação dos equipamentos de comunicação em seu depósito, Juan decidiu deixar sua cidade apenas levando uma mala para não levantar suspeitas. Ele mudar-se para Medellín, onde chegou sem recursos e sem lugar onde morar. Juan pôde sobreviver fabricando e vendendo artesanatos por um ano, mas a paz é um luxo para um fugitivo dos paramilitares, que chegaram a Medellín para capturá-lo e levá-lo a seu povoado – onde seria julgado por desobediência. Isso o fez mudar-se para Bucaramanga, onde viveu dois anos.

Armenia foi a terceira cidade colombiana na qual Juan tentou reconstruir sua vida, sempre fabricando e vendendo artesanatos para poder sobreviver.

Depois de ser ameaçado, e cansado de se sentir constantemente perseguido, Juan decidiu denunciar às autoridades locais a formação deste grupo paramilitar. “Explodi de raiva, e quando fiz a denúncia, me dei conta que havia assinado minha sentença de morte”, diz Juan, revivendo aquele sentimento de angústia.

Finalmente Juan decidiu viajar ao Equador, onde, pela primeira vez em muitos anos, não é perseguido. Com um pequeno fundo dado pelo ACNUR, Juan segue fabricando artesanatos que vende no mercado local. Ele atualmente freqüenta um curso de formação profissional para elaborar um plano de negócios e receber um capital para expandir seu negócio de artesanato. “É importante apoiar os refugiados não apenas na geração de renda como também com apoio psicológico, o qual os ajudará no começo a integrar-se nas comunidades onde são acolhidos”, afirma Vito Trani, chefe do escritório do ACNUR em Ibarra.

Apesar da vida no Equador não ser fácil, Juan vive sozinho em um quarto e, ao menos, sente-se em paz. Ele disse que a população equatoriana é boa e que, apesar de ter sido difícil ganhar a confiança das pessoas, se sente bem recebido. “Ja não faço planos para o futuro, vivo o dia a dia. Mesmo separado de minha família, estou vivo. A minha história é apenas mais das centenas de milhares de histórias que vivem meus compatriotas”, diz Juan, com sua vista perdida no horizonte.

*Nome alterado por motivos de segurança.

Francisco Arends e Andrea Durango, Ibarra - Equador